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O meu nome é Gavin
V. O que é que tens realmente que é teu?
Eu não estava apaixonado por ela, nem a conhecia. Apenas gostava… Abri a boca, hesitando um pouco, mas acabei por fechar os olhos e colocar todo o meu orgulho de lado. Estava na hora de eu ser feliz, para isso precisava de estabilidade e segurança, se eles me queriam dar essa oportunidade era porque eu a merecia não era? A minha avó dizia-me sempre que nós tínhamos tudo o que merecíamos desde que lutássemos arduamente por isso, mas a cereja em cima do bolo era arriscar. Nós tínhamos que arriscar. Eu só queria ser feliz e por mais que lutasse nunca conseguia.
-Gavin – murmurou num tom mais calmo – o que é tu tens verdadeiramente? O que é que tu sabes que tens mesmo, que não vai desaparecer de um o momento para o outro? – fiquei algum tempo a pensar na sua pergunta, mas eu sabia o que era.
-Eu sei que a rua não vai desaparecer de um momento para o outro…
-Mas isso não te vai trazer felicidade. Está a destruir-te – interrompeu-me assim que conseguiu. Olhei-a com um suspiro passando as mãos pelo cabelo. Detestava que tivessem razão e eu não.
-O meu nome. – disse mais baixo – e nem penses dizer-me que o meu nome não me trás felicidade. É a única coisa que eu tenho relacionada com a minha família. Que eu sei que ninguém me vai tirar. – falei entredentes sendo a minha vez de a interromper quando abriu a boca para falar. Ela suspirou apertando-me mais a camisola das mãos, sabia que ela não ia desistir e que se eu não quisesse mesmo aceitar aquela oferta a minha única opção era afastar-me e ir embora de vez. Porém, eu queria-a. Só não sabia se era a oferta ou a rapariga.
-E agora nós estamos a dar-te uma oportunidade – disse ela com um meio sorriso – o meu pai conhece-te há anos, está farto de te ir buscar a uma esquina por roubares comida. Isso é triste, eu não tenho pena, apenas acho triste – levantei as sobrancelhas meio surpreendido, a menina envergonhada tinha desaparecido.
-Achas que eu sou triste? – perguntei com um sorriso travesso. Ela riu-se mais corada, abanando a cabeça.
-Acho que és um rapaz giro e que se nada tivesse acontecido contigo tu ias ser o capitão da equipa de basket da minha escola e eu a capitã das cheerleaders – sorriu – mas eu também não sou muito boa dançarina nem com piruetas, por isso acho que estamos bem um para o outro. E eu pude ver que gostas de hóquei. – Ri-me com todo o seu discurso, eu adorava que ela me fizesse rir e nós ainda nem nos conhecíamos.
-Deixa-me dizer-te que os teus pais te usaram para me convenceres a ficar. – ela encolheu os ombros.
-Não faz mal, eu também te quero cá. – Mordi a parte de dentro do lábio enquanto a olhava, começava a deixar de estar tão confuso, mas continuava com medo. Tens que arriscar na tua vida, se queres ser feliz. Se arriscares mal, tenta de novo. Não podes ter medo.
-Eu aceito com uma condição – disse-lhe vendo-a ficar mais séria. – Tem um encontro comigo – disse com o meu coração todo desnorteado e acelerado no meu peito. Isto é que tinha sido arriscar a dobrar. Ao ouvir a sua gargalhada por momentos pensei que ela estava a gozar com a minha cara mas ela assentiu a cabeça e depois endireitou-se já mais recomposta.
-Eu tenho um encontro contigo. Levas-me onde quiseres. – sorri tocando-lhe na bochecha com as pontas dos dedos.
-Então, para além de me mostrar o resto do jardim tens que me mostrar o meu quarto.
Este é ainda mais pequeno que os anteriores mas não deixa de ser importante.
Então? Gostaram?
O meu nome é Gavin
IV. Não preciso de ajuda.
-Pai – Marie quebrou o silêncio que existia. Eu estava a olhar para a comida, sem saber muito bem como a comer, apetecia-me devorar aquilo tudo com a mão, mas eu tinha educação. Eu era educado e sabia que isso era nojento para eles, porque para mim era delicioso.
-Sim filha – Albert olhou a filha com um sorriso que me fez lembrar a minha avó. Ela era mais que minha mãe.
-Não é verdade que dizes bem do Gavin? – perguntou-lhe com um sorriso maroto e com as bochechas muito coradas. Albert engasgou-se fazendo-me rir enquanto agarrava nos talheres, copiando o que Marie fazia.
-Sim é, Marie – ele olhou-me já mais recomposto e agarrou no seu copo de vinho. Eu tinha água e que boa água! Não era suja nem turva, era tão transparente que dava vontade de beber logo, mas mais uma vez eu contive-me.
Apesar deste momento, eu fiquei calado o resto do jantar, desistindo de usar faca, comendo apenas com o garfo, não dava jeito nenhum e eles tinham que me dar um desconto. Não comia numa mesa assim há dez anos. Assim que acabámos eu fiquei a olhá-los.
-É melhor ir embora – disse empurrando a cadeira para trás. Não queria ser mal agradecido, mas não estava ali a fazer nada.
-Não, não, de maneira nenhuma – começaram todos a levantar-se depois de mim.
-Podes ficar, eu mostro-te o jardim. – Marie sorriu-me e eu não consegui evitar fazê-lo também. Era raro que mostrasse um sincero, mas hoje estava a fazê-lo vezes demais. Não que isso fosse mau, era uma qualidade que ela tinha.
-Está bem – assenti voltando a colocar a cadeira no lugar. Ela apontou para a saída e fui a seu lado até ao jardim sentindo o meu estômago contorcer-se. Eles eram tão ricos. Alguns com tanto e tantos com nenhum. O jardim era gigante, fazia-me lembrar o meu, mas ainda maior.
-O que foi? – perguntou enquanto me olhava, fazendo-me baixar o olhar na sua direcção. Abanei a cabeça para que ela esquecesse, não me apetecia falar. – Eu já te conheço – disse ela – só não te reconheci porque o meu pai não é muito bom a fazer descrições – riu-se agarrando-se ao meu braço. Arregalei um bocadinho os olhos por não estar à espera que ela o fizesse. Estava a ser tudo estranho demais, todos me pareciam querer ajudar e eu não podia confiar em ninguém, já não conseguia. Já tinha acontecido tanta coisa na minha vida que me era impossível fazê-lo.
-O que é que querem de mim Marie? – perguntou num tom calmo, deixando que ela fosse agarrada ao meu braço. Eu gostava dela, não podia negar, mas era algo apenas de aparência, eu nem a conhecia. Ela sorriu levemente, percebendo que eu já tinha topado tudo.
-Queremos ajudar-te. – juntei as sobrancelhas mal a ouvi e parei junto à piscina que lá havia, afastando-me até que ela me largasse.
-Ajudar-me porquê? Eu não preciso de ajuda nem de nada. – ela olhou-me com uma expressão aborrecida, como se me pedisse para dizer a verdade, enquanto tirava do seu bolso uma caixa rectangular, de onde tirou um cigarro. – Dás-me um? – perguntei.
-Não sei, não precisas de ajuda nem de nada – disse tentando esconder um sorriso. Eu ri-me tirando-lhe um cigarro da caixa e estiquei-me até ao seu, para o acender.
-Eu só quero ter as minhas coisas com o meu esforço. – expliquei-me – Foi o que me ensinaram. – ela sentou-se num muro, fazendo-me ficar à sua frente para caso os seus pais aparecessem. Sabia que isto era só um ato de menina rebelde e que se os pais a apanhassem ela ficaria de castigo. Era bastante óbvio.
-Eu sei, mas toda a gente chega a um ponto que precisa de ajuda – levantou-se para ficar maior e me olhar – eu preciso de ajuda e acredita, eu sou bastante orgulhosa. Se não aceitares a nossa oferta, que é mesmo de bom coração. – abanou a cabeça mandando o seu cigarro quase inteiro para o chão. – Vais chegar aos dezoito anos, roubar, apanhar um polícia que não te conhece e aí vais mesmo preso. Tens tido sorte com o meu pai e com o Miller.
Fiquei a olha-la muito atentamente, ela estava a ser sincera, mas eu nunca conseguia confiar totalmente nas pessoas. Quando me começavam com isto das ofertas tudo parecia uma chacha, quem é que me quereria ajudar? Havia pessoas em estados piores, porque é que me queriam ajudar a mim? Por eu sei bonito e ter todo o meu futuro pela frente? Haviam velhos a morrer nas valetas, eu pelo menos tinha saúde!
-Qual é a vossa oferta? – perguntei ignorando todo discurso que existia na minha cabeça. Ela abriu um sorriso encantador e apontou para a casa fazendo-me perceber – não, se for um emprego eu aceito mas…
-Sim! – interrompeu-me tirando o meu cigarro da mão para o colocar no chão – Vais viver aqui e procurar um emprego, tal como todos os adolescentes. Tu impões as regras, mas nós damos-te a casa. – agarrou-se à minha camisola – Vá lá Gavin, aproveita a generosidade do meu pai e a sorte que tiveste por te apaixonares por mim e me seguires todos os dias aos meus treinos
Ainda vai haver mais uma parte dia 19.
Espero que gostem
O meu nome é Gavin
III. Reconhecida
Arregalei os olhos ao ver aquela casa enorme enquanto entrávamos para a garagem, nunca tinha visto uma casa tão grande sem ser a minha, mas isso já tinha sido há muito tempo.
-É mesmo rico – murmurei olhando-o e senti as suas mãos nas algemas, sorrindo levemente quando as desapertou. Já estava habituado mas elas apertavam às vezes.
-O meu pai lutou muito na vida – disse abrindo o carro e eu também saí do mesmo esperando por ele para o seguir.
-Eu também luto muito na minha vida e não tenho uma casa destas, ele tinha era um emprego. – resmunguei enquanto entrava a seu lado e, assim que vi tantos empregados a andar de um lado para o outro comecei a andar mais devagar, olhando para todos os pormenores daquela casa. Não estava numa coisa assim há muito tempo mesmo. Nunca mais tinha entrado numa verdadeira casa depois da morte da minha família, sinceramente, era bom entrar.
-Tu não tens emprego porque não organizas a tua vida, mas não tens culpa, és muito miúdo ainda – olhei-o com uma expressão mais agressiva e ele colocou as mãos ao alto como se se estivesse a defender. – tem calma miúdo, estava só a meter-me contigo – revirei os olhos – põe-te à vontade, eu vou avisar a minha família e o jantar deve estar a ficar pronto – passei as mãos pela minha barriga – tens fome não tens? – olhei para a televisão e encolhi os ombros. – bem me parecia, ficas calado quando tens.
-Está realmente a começar a irritar-me – ele riu-se subindo as escadas para avisar a família sobre mim. Sentei-me no sofá ficando a olhar para a televisão de novo e mordi a parte de dentro da bochecha meio hesitante sobre o que devia ou não fazer mas, acabei por me esticar até ao comando e carregar no botão vermelho onde a podia ligar, pelo menos antes era assim. Sorri levemente quando vi que estava no canal de desporto. Eu adorava hóquei, tinha jogado quando era puto, antes de tudo o que tinha acontecido e no lar, tinham-me dado oportunidade de jogar uma vez por semana, mas quando fugi nunca mais consegui.
-Está ali –virei a cabeça para trás quando ouvi a voz do polícia, ele ainda não me tinha dito o nome.
-Tão bem cuidado – ouvi a sua mulher comentar, enquanto descia as escadas. Levantei-me quando ela chegou ao pé de mim e vi-a sorrir-me. Como eu detestava aquele sorriso, era só pena. Dava-me vontade de vomitar sobre a carpete rica deles.
-Chamo-me Susan – olhei para o homem e ele encolheu os ombros apercebendo-se de que ainda não tinha dito o nome.
-Eu sou o Albert – assenti com a cabeça e a mulher olhou para trás.
-Eu sou a Marie – uma rapariga pouco mais baixa que eu colocou-se à minha frente, com um sorriso tímido e uns olhos azuis tão, mas tão parecidos aos da minha avó, era capaz de ficar a olha-los durante toda a minha vida. Até tinha esquecido a fome. – Eu já te vi antes, no meu treino. – não estava a gozar quando tinha dito que tinha visto uma rapariga bonita e a tinha seguido. Ela jogava hóquei das cinco às sete, como ela foi de carro para casa, não a tinha seguido a partir daí e tinha dormido naquela zona. E… ela era linda. O seu cabelo loiro, os seus lábios, até o seu corpo era perfeito. Sim, isto já durava algum tempo. Ela era feminina e ainda conseguia gostar e jogar bem hóquei, era tipo a coisa mais perfeita de sempre.
-O meu nome é Gavin. – apresentei-me quando saí do meu transe. – Tem uma filha muito bonita – falei para o polícia. Ouvi um risinho da parte de Susan quando a rapariga corou, talvez pela maneira de como eu a olhava, mas assim que olhei para o seu pai ele já não parecia estar tão satisfeito. Era compreensível, era a menina dele, mas em parte a culpa era sua.
-Obrigada – ela agradeceu juntando as mãos à frente do corpo, olhando depois para a empregada, pelo menos era o que parecia, estava ali para nos informar que o jantar estava pronto. Óptimo porque estava cheio de fome. – Anda – olhei para Marie quando me falou e aproximei-me dela. – O meu pai fala muito de ti – comentou enquanto andávamos até à sala de jantar. Ri-me abanando a cabeça.
-Aposto que bem - brinquei, não podia falar bem, sempre que me via era para me prender, nem sabia porque é que estava aqui hoje. Oh espera, pena! Ela percebeu a minha expressão e abriu ligeiramente a boca, aquela boca, se não soubesse que o seu pai era um polícia armado eu beijava-a agora mesmo.
-Por acaso até fala – continuou com um sorriso – ele disse uma vez que eras uma pessoa muito forte – os seus pais estavam à nossa frente, pelo que não deviam estar a ouvir nada do que ela dizia, visto que falava baixinho. – E que te admirava – concluiu fazendo-me levantar uma sobrancelha.
-Isso é mentira, ele não diz nada disso ele mal me fala quando me vai buscar – ela olhou-me com uma expressão mais severa.
-Estás a chamar-me de mentirosa Gavin? – perguntou-me alto o suficiente para Albert se virar para nós, quando já estavam a rodear a mesa gigante que havia na sala de jantar gigante.
-Acalmem-se meninos, não queremos discussões à mesa. – disse especialmente para mim, eu apenas me sentei ficando a olhar para os pratos. Eram tão modernos, já os talheres eram mais clássicos, tinha quase a certeza que eram de prata. Apenas despertei quando senti uma pessoa ao meu lado e o meu prato a ficar cheio da comida mais brilhante e suculenta de toda a minha vida
O próximo capitulo sai domingo
Espero que gostem
O meu nome é Gavin
II. Pena
Revirei os olhos ao ouvir o som conhecido das algemas e entrei dentro do carro da polícia, eles já me conheciam tão bem que diziam que só apertavam as algemas porque era a lei. Eles sabiam que eu não fazia mal a uma mosca, apesar de parecer. Desde que tinha completado os quinze que todas as pessoas se afastavam de mim na rua, não sei porquê até sou bastante bonitinho quando estou com a minha cara contente! Mas isso é um bocado raro de acontecer.
-Então Gavin, viste o jogo de ontem? – perguntou Miller, o polícia que estava a conduzir. Tinham-se tornado uma espécie de amigos e sempre que me vinham prender até parecia que ficavam felizes, eu chegava à esquadra e ia embora. Era bastante impressionante.
-Não, hoje dormi um bocado longe daqui. – ele olhou-me pelo retrovisor de sobrolho levantado e eu continuei: - tenho encontrado por aí uma rapariga gira e fiquei a espia-la – ri-me fazendo-os rirem-se também.
-Olha lá rapaz, e a tua casa? – perguntou o outro que ia ao lado. Eu encolhi os ombros olhando para as algemas que brilhavam ao sol.
-Não tenho dinheiro para nenhum advogado e ao que parece quem quer que tenha sido, conseguiram roubar-nos tudo, não nos resta nada – tinha recebido esta informação quando tinha sido preso pela primeira vez, sem dinheiro não havia nada a fazer. O polícia ficou a olhar para mim, assentindo depois mais tarde.
-Se quiseres podes ir jantar lá em casa – disse ele. Pena, eu sempre soube que eles tinham pena, mas isto irritava-me.
-Não é preciso, eu passo bem sozinho. – olhei pelos vidros do carro e felizmente ele não insistiu. Assim que chegámos à esquadra vieram abrir a minha porta e agarrar-me no braço, já estava tão habituado que apenas andava ao lado de Miller e do outro que nunca soube o nome, mas que me tinha convidado a jantar e era o que andava comigo há mais tempo. Já lhe dizia boa tarde ou bom dia sempre que passava por ele na rua.
-O rapazinho está aqui – o superior deles olhou-me com algum desprezo, revirando os olhos por me ver ali de novo, devia ser a quinta vez esta semana, duas das vezes no mesmo dia. Eu tinha que fazer alguma coisa para sobreviver. Estava um frio de rachar e era quase natal, eu tinha direito nem que fosse a um cobertor ou não?
-Eu nem sei porque é que nos dignamos a gastar gasóleo para te ir buscar a uma mercearia – com algum esforço, tirei a maçã que trazia no bolso das calças e dei-lhe uma dentada.
-É porque gostam da minha presença e, sinceramente – mostrei a maçã - coisa mais pequena que isto não há. Não sei para que é que é tanto escândalo – encolhi os ombros vendo Miller assentir como se me compreendesse, mas não compreendia, só eu sabia a fome que passava. Mesmo assim, era preferível viver na rua do que naquele “lar”. Recostei-me na cadeira confortavelmente enquanto a acabava e mandei-a para o lixo, ou tentei porque foi parar ao chão. – Posso ir embora? – perguntei e ele assentiu.
- Tens sorte em já te conhecermos. Vê lá se compões a tua vida Gavin.
Apenas assenti e estiquei os braços para que me abrissem as algemas – Vão levar-me de volta ao meu lar doce lar? – perguntei a Miller referindo-me à rua, eles não sabiam que eu tinha fugido do outro lar, acho que ninguém sabia, aquele lar era tão rasca que nem queria gastar dinheiro nas buscas à minha procura. Ainda bem, eu fugiria novamente se me obrigassem, desta vez, para bastante mais longe. – É que ainda fica longe.
O homem de quem eu não sabia o nome olhou-me abanando a cabeça – Não, tu vais jantar a minha casa, deixou de ser um pedido. – fiz uma careta e ele voltou a colocar-me as algemas.
-Isto não é crime? – perguntei virando a cabeça para o superior – se fosse a si despedi-o – resmunguei enquanto ele me puxava, mas só o conseguia ouvir a rir. – Eu não quero jantar em sua casa, tire-me as algemas – resmunguei tentando afasta-las dos meus pulsos.
-Pára com isso, não queremos que tenhas feridas nos pulsos – fez com que eu me sentasse no seu carro, não no da polícia. Porra, ele devia ser rico para ter um carro daqueles, bem equipado, confortável. – E tira essa cara de carneiro mal morto, vais conhecer a minha filha, tens que estar minimamente apresentável – fiz uma careta com o que o homem disse. – O que foi? És gay?
-Não – continuei a olha-lo enquanto abanava a cabeça – porque é que está a fazer isto? O Miller é muito mais simpático e nunca fez nada por mim.
-O Miller não tem onde cair morto e eu tenho muito dinheiro, posso ajudar quem quiser e tu – olhou-me – não me pareces mau rapaz, por isso eu vou ajudar-te, quer queiras quer não.
Ao perceber que não tinha como escapar, apenas suspirei e deixei a minha cabeça encostar-se à cadeira do carro, olhando para a paisagem. Não ia negar, era bom estar num sítio confortável.
Eu sou tão, mas tão sortuda que arranjei uma tendinite no ombro, para não falar de outras coisas.
Recebi respostas muito positivas sobre a primeira parte, obrigada a todos, eu gostava de responder-vos um a um os vossos comentários nos vossos blogs, mas a minha net tem alguma coisa contra o sapo blogs porque encrava sempre que eu ando muito por aqui, por isso, se ainda não repararam, eu respondo-vos no meu próprio blog.
O meu nome é Gavin
I. Apenas o início
- Gavin – Rachel gritava por mim com todos os seus pulmões e com toda a sua força, que já não era muita. Ri-me aparecendo-lhe à frente e abracei-lhe a perna com um sorriso traquina. – Gavin! – disse num tom depreciativo que me levou a fazer-lhe olhinhos. Rachel abanou a cabeça com um meio sorriso, ela não conseguia ser má para mim – vem para casa, tens que pedir desculpas à mãe, ela ficou triste contigo. – abanei a cabeça várias vezes, largando a avó e cruzando os braços.
-Não, não. Ela foi má para o pai, tu viste – olhei para ela com os olhos húmidos, fazendo-a parar à minha frente e baixar-se para ficar à minha altura.
-Ela estava só a cuidar de ti Gav – sorriu fazendo-me suspirar e assentir.
-Está bem, eu peço – murmurei, ela era a única pessoa que me conseguia pôr a fazer algo, ainda que contrariado.Eu ia pedir desculpas à minha mãe por ter fugido. Mas, o fatal som de um disparo vindo de uma arma fez-me ressoar pela rua à frente de minha casa. Mais outro. Foram dois e ninguém na rua ouviu porque a minha casa era isolada, não havia mais ninguém, nenhuns vizinhos.
-Fica aqui – quando olhei para a avó ela estava pálida, os seus olhos azuis pareciam ainda mais esbranquiçados e as suas mãos tremiam enquanto passavam pelas minhas bochechas. Apesar de a obedecer, não o fazia sempre, assim que ela começou a correr em direcção à minha casa eu fui atrás. Tinha apenas seis anos quando vi a minha avó ser abatida a tiro. Felizmente consegui esconder-me entre os arbustos do jardim enorme da casa. Tapei a boca para não fazer barulho enquanto chorava e fiquei quase sem respirar até ao homem que tinha a arma na mão desaparecer. Ainda fiquei não sei quando tempo lá escondido, não tenho bem noção de quantas horas, mas foram muitas. A rua estava calma, não passavam carros e não havia os gritos da minha mãe a chamarem por mim. Ela também estava morta, assim como o meu pai. Não havia ninguém comigo. Só me apercebi disso quando os vi pessoalmente, deitados cada um na sua poça de sangue. Eu só chorava, era apenas um bebé, não sabia o que se tinha passado e não sabia como pedir ajuda, só sabia que estava sozinho. Fui sentar-me na calçada do passeio, onde estava a minha avó. A mãe tinha-me dito que se eu me perdesse ou acontecesse alguma coisa má comigo eu devia ir ter com os polícias, eles eram bons e iam tratar bem de mim, era o que ela dizia. Eu já os tinha visto passar no carro todos os dias à mesma hora da noite, só tinha que esperar como estava a fazer. Olhei para o relógio da minha avó e tirei-o do seu pulso, olhando-o e guardando-o no bolso das calças, dando depois festinhas no seu cabelo branco e grisalho. Senti o meu queixo tremer quando os polícias apareceram, à mesma hora.
A assistente social levou-me para uma casa onde havia outras crianças, eu não tinha mais família por isso só podia ir para lá. Aos doze fugi. Não aguentava lá nem mais um dia, aquilo a que chamavam com tanto carinho “lar” eu chamava merda. Porque era mesmo isso, aquela casa era uma pocilga, não havia condições nenhumas e não, não estava a ser picuinhas como me chamavam, eu podia ter nascido rico e habituado a confortos, mas já não era mais isso. Já não era ninguém desde aquele dia.
Então? como é que esta esta primeira parte?
Eu sei que é muito pequena mas na terça feira já há mais outra parte.
Eu já vos tinha falado do meu próximo "projecto", ainda não se pode chamar isso, mas não me lembrava de outra palavra. Não é só uma história, são várias, sobre adolescentes random, eu já referi que tanto pode haver sobrenatural como não e, é na parte do "não sobrenatural" que eu preciso da vossa ajuda
Visto que as histórias vão falar principalmente de adolescentes, eu quero pedirvos que me digam tópicos sobre problemas na adolescência, como por exemplo:
Não repetiam estas duas acima.
Amanhã há capítulo.
Update:
*vocês são mesmo fixes*
continueeeeeeeeemmm, quantos mais se lembrarem mais eu escrevo
Olá :)
omg será que é esta que eu vou conseguir seguir do...
devo dizer que com o frio que estou consigo imagin...
Gostei imenso! Aliás adorei!Devo dizer que fiquei ...
ahahahahhahahaAHAHAHHAAHHAHAHAHAHAHAH ele é tão se...