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Hidra 17 - Rafael

Sábado, 08.06.13

Desculpem a demora

Isto está a coisa mais lamechas de sempre, para não falar que o tamanho também é bastante reduzido, mas é para acabar a Hidra.

 

 17ºCapítulo

Rafael

Olhou para o corpo de Anastácia e engoliu em seco, estava a ficar podre, ela já não estava pálida, estava verde e preta, um completo nojo.
-Porque é que estás aqui? – perguntou Rafael entrando dentro da sala de treinos. Tinham-na levado para lá. Kate queria fazer pesquisas e nada melhor do que com ela, porém nem sequer estava a preservar o corpo.
-Estava só a olhar – disse num tom baixo virando-se devagarinho para Rafael. Estava apenas com uns calções, devia querer treinar. – Gostaste mesmo dela? – perguntou desviando os olhos dos seus abdominais para a sua cara. Rafael olhou para a ex-namorada morta e abanou a cabeça.
-Não, ela era divertida – tinha que admitir – mas não era mais nada. Agora só a odeio – abanou a cabeça com uma expressão enojada.
-Como me odeias a mim? – perguntou Grace não conseguindo controlar-se. Rafael juntou as sobrancelhas aproximando-se da rapariga e, abanando a cabeça tocou-lhe na bochecha com a mão.
-Eu não te odeio – disse no tom mais calmo e sereno que alguma vez ele poderia ter. Era a primeira vez que alguém o via assim, principalmente ela. Ele era sempre o rapaz do tipo irritante, resmungão e cínico. – Muito pelo contrário – disse mais baixo quando se aproximou dos seus lábios para a baixar. Também era a primeira vez que Grace sentia cócegas na barriga, as chamadas borboletas. Ela já sabia há algum tempo que estava irremediavelmente apaixonada por ele, mas era impossível, agora tinha acabado de se tornar menos impossível, mas não totalmente.
Grace separou os seus lábios dos de Rafael com um suspiro, não queria que aquilo continuasse, queria continuar a beija-lo e nunca mais parar. Era viciante e para além disso, demasiado bom. Rafael devia ser eleito como o melhor beijador de sempre. A rapariga riu-se com o seu pensamento.
-O que foi? – perguntou Rafael com um meio sorriso. Ela abanou a cabeça enquanto mordia o lábio.
-Estou só a pensar em como é que vamos contar isto à minha mãe. – mais uma vez, percebendo o que tinha acabado de dizer, Grace arregalou os olhos. E se não tivesse significado nada para ele? Podia ter sido só um beijo, mas… ele tinha-se declarado antes, ou não? Ao olhar para Rafael viu-o a rir-se e a assentir.
-Acho que a tua mãe vai explodir, ou então torturar-me até ter certeza que não te vou fazer mal – disse ele. Grace abriu um sorriso agarrando-se ao pescoço do rapaz.
-Isso quer dizer que queres mesmo contar à minha mãe? – perguntou – Quer dizer, o que é que vamos contar à minha mãe? – de sobrancelha levantada, Rafael fez uma ligeira careta.
-Preciso de me ajoelhar e agarrar na tua mão para te pedir em namoro? – perguntou. O coração de Grace, que já estavam a saltar no seu peito, parecia neste momento uma bomba prestes a explodir.
-Não, assim está perfeito. – disse com um sorriso aproximando de novo os seus lábios nos dele. Se fosse por ela aquilo ia ser para sempre. Rafael afastou-se delicadamente passando as pontas dos dedos pelas suas bochechas, descendo até pelo seu pescoço com um meio sorriso enquanto olhava para a sua pele.
-Não existe mais a Terra – murmurou. Grace reconhecia aquelas palavras, mas não se recordava de onde. – existes tu – encostou a testa à sua – e eu.

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Hidra 16 - Quint

Sábado, 01.06.13

Então é assim, eu não me consegui decidir, vocês gostam todas muito do Rafael e da Grace, mas eu não consigo não pensar no pobre do Quint sozinho, por isso, fiz dois finais, este é o final com o Quint


 16ºCapítulo

Quint Stempsen

Tal como Quint tinha dito, tinha acabado tudo e, felizmente para ele, Grace não tinha decidido ir embora. Ela quis treinar, aprender a defender-se, não para caçar, mas sim para sobreviver. – A tua mãe disse-me que eras boa com o arco porque…
-Quando tinha quatro anos tive o meu primeiro arco – interrompeu Grace virando-se para Quint com um sorriso. – Era assim – fez o tamanho com as mãos – pequenino.
O rapaz sorriu tocando na bochecha sorridente de Grace e aproximou-se da mesma, até a beijar, mas ela ao perceber-se virou a cara deixando que os seus lábios se juntassem ao de Quint. Agarrou-se ao pescoço saltando para o seu colo e enfiou as mãos pelo seu cabelo, apertando-o enquanto o beijava. Era isto que ela queria, Quint era o verdadeiro rapaz para ela, desde sempre, desde que se tinham conhecido. Ela percebia isso sempre que o beijava. Estava a perceber agora.
-Meninos, mesa – gritava Kate do cimo do campo de treinos, mas eles não ligaram. Quint afastou os seus lábios dos dela, mas aproximou os mesmos até ao seu pescoço.
-Quint – murmurou a rapariga – o jantar está pronto – passou as mãos pelo seu cabelo com um suspiro – anda lá.
Meio contrariado, Quint colocou Grace no chão, mas sorriu. Ele estava completamente apaixonado, nunca tinha sentido algo do género e estava agora mais feliz que nunca.
-Queres sair comigo? – perguntou ele – à noite. Eu prometo que te levo para um lugar  decente. – riu-se agarrando na mão da rapariga começando a andar até às escadas que os levavam até à sala. Antes de conseguir responder, Grace olhou para a mesa cheia e sorriu. Depois da sentença de Frank, Marge tinha conhecido um homem, era o seu advogado, ele estava cá hoje. Parecia uma pessoa de confiança e Marge desconfiada como era teve que ter a certeza de que era mesmo, demorou semanas a leva-lo lá a casa, e agora, finalmente ela tinha-o levado. Pareciam os dois radiantes.
-Sim – Grace virou-se para Quint agarrando-lhe no pescoço e beijou-o. Sim, ela ainda se perguntava por Rafael, o que sentia por ele quando ele estava por perto. O problema era que, ele agora não estava por perto. Fazia dois meses no dia anterior que ele se tinha mudado para uma vila perto da fronteira, tinha conhecido uma rapariga como ele. Sinceramente, ele sempre tinha gostado de relações picantes, e neste momento Grace estava demasiado mudada para ter uma desse tipo, queria uma relação estável por uns anos, depois logo se via.
O jantar foi passado entre risadas que há muito tempo que não se ouviam, era tudo diferente agora, os humanóides estavam controlados e fechados na sua pequena prisão, estava tudo perfeito.
-Estás pronta? – perguntou Quint a Grace que assentiu ainda na casa de banho.
-Estou – disse enquanto se calçava endireitando-se quando o rapaz apareceu à sua frente com o cabelo todo arranjado e todo formal, ela fez uma careta olhando para a fatiota do loiro.
-Porque é que estás tão arranjadinho? – perguntou-lhe agarrando-lhe na gravata, ele fez um sorriso misterioso e encolheu os ombros beijando-lhe a testa. Semicerrando-lhe os olhos Grace riu-se e agarrou-lhe na mão. – E onde é que mais vais levar?
-Já vais perceber tudo. –
disse ele com o mesmo sorriso.  Com um suspiro, Grace assentiu, ela detestava segredos ou surpresas, ficava demasiado ansioso e irrequieta para isso. Estava a dirigir-se à porta quando Quint a puxou para o lado contrário, fazendo-a levantar uma sobrancelha. – É por aqui – disse levantando-a até à porta das traseiras. Grace desconfiou, pensava que ia a um bar ou a restaurante chique, apesar de ali não haver restaurantes chiques e ela já ter jantado. Agarrando-lhe na mão, Quint colocou-se atrás dela e tapou-lhe os olhos enquanto a fazia andar à sua frente.
 -Quint – riu-se Grace andando à sua frente, tentando espreitar por detrás das mãos do loiro. Ele sorriu afastando a mão quando chegaram à clareira, aquela em que antes só havia corpos mortos, ele a Kate tinham limpado tudo, já nem cheiro havia, estava tudo perfeito, tal como Grace se lembrava de quando era pequena, a única coisa que mudava eram as velas que estavam espalhadas, uma aqui uma ali. Mordeu o lábio enquanto se virava para Quint. – O que é isto? – perguntou baixinho e já só o viu baixar-se.
-Queres casar comigo?

 

Finito.


A resposta dela fica na vossa imaginação ^^ 

O fim com o Rafael vem depois, ainda não sei quando.


Já agora, não está corrigido por isso pode ter erros.

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Hidra 15 - Sangue

Sábado, 25.05.13

 15ºCapítulo

Sangue


Marge olhou-os a todos, preparando a sua faca para que ficasse sempre à mão. Susie fez o mesmo, e Grace agarrou melhor no seu arco, começando a relembrar-se de todos os sítios onde tinha escondido as suas flechas. Assim que a porta do elevador se abriu e todos saíram o corpo da idosa caiu no chão manchado de sangue mais escuro que o normal. Rafael, mandou o elevador para baixo, para que ninguém daquele andar visse o que se tinha sucedido e começou a andar na direcção de um gabinete em específico.
-Rafael – Marge estava parada mais atrás – para onde é que nos estás a levar? – perguntou, mas o meio humanóide, não ligou, apenas abriu a porta do gabinete de Frank.
Estava nu, assim como Anastácia também o estava e para piorar, ele estava em cima dela, que estava em cima da secretária. Os papéis estavam todos espelhados no chão e até o ecrã do computador tinha caído.
-Apanhados em flagrante delito – disse Rafael com um sorriso maldoso nos lábios. Grace que estava um pouco mais atrás a ver aquilo, agarrou-se à barriga enquanto sentia vómitos consecutivos, só não vomitou porque o que tinha no estômago não era nada. A mãe dela, agarrou-lhe nos ombros enquanto olhava para aquela cena. Até agora estava desconfiada de que eles iam atacar Frank sem qualquer prova, Rafael nunca tinha gostado dele, podia ser uma espécie de vingança, mas agora percebia que não era. Ela abanou a cabeça num tom de desaprovação, enquanto Frank parecia atónito e sem saber o que fazer. Estava congelado em cima de Anastácia a olha-los já ela, estava a sorrir e esticou um braço a Rafael, que apenas revirou os olhos.
-Até que ela nem era má de todo – disse Quint assentindo com a cabeça como se aprovasse.
Susie estava um pouco mais pálida que os outros, olhando para a cena com uma expressão desiludida, ela que pensava que tinha encontrado uma amiga a sério, tinha encontrado uma aberração. Apesar de ter alinhado na busca, ela tinha uma esperança de que a amiga se fosse desculpar, mas não, agora já não havia volta a dar. Ela era má, ela queria acabar com tudo.
-Olhem para trás de vocês – Frank tinha descongelado, tapando-se agora com a sua própria roupa. Grace foi a primeira a olhar para trás e arregalou os olhos quando viu humanóides a aparecer por toda a parte.
-Lembraste de eu ter dito que havia pelo menos mais um Grace? – perguntou Quint com um sorriso. Estava divertido? Grace arregalou os olhos, tirando uma flecha de trás das costas, apontado para os humanóides. Ao sentir Rafael atrás de si ela olhou-o pelo canto do olho.
-O que é que eu faço? – perguntou baixinho.
-Tentas sobreviver – disse ele num tom baixo. Grace sabia que aquilo era uma tradução de: “mata”. A rapariga sentiu os seus sentidos ficarem mais alerta quando viu dois humanóides atacar Susie – Cuidado – gritou-lhe atirando duas setas de um modo rápido e genial acertando em cheio nas testas de cada um, que caíram para o lado. Susie ficou um pouco em choque, com a sua wakizashi (espada) a tremer-lhe nas mãos, mas logo lhe conseguiu mostrar um meio sorriso. Ao sentir alguns movimentos atrás de si, que não devia sentir, Grace virou-se para trás e matou mais outro que a estava quase a atacar. Ela não gostava de o fazer, mas sabia que se não os matasse, todos os seus amigos iam morrer.
-Sai – gritou Rafael com todas as suas forças para Grace, que só se apercebeu depois de ter um rapaz de olhos azuis e cabelo preto, com umas bochechas de bebé e um olhar inocente em cima dela pronto para mata-la. Ela não conseguiu, ela olhava para aqueles olhos e definitivamente não conseguia mata-lo.
-Ele não é humano – gritava-lhe Quint que o tirava de cima dela e o executava. Os irmãos agarraram cada um num braço da rapariga e levaram-na para dentro do gabinete de Frank. Este, observava tudo muito atentamente sorrindo de vez enquanto, mas Marge aproximou-se e depois disso Grace não conseguiu ver mais nada porque Rafael agarrou-lhe na cara – acorda. – ela olhou os seus olhos, vendo depois Quint ao lado com uma expressão preocupada. Ela assentiu e endireitou-se apertando o arco nas suas mãos.
-Vão, eu estou bem – Quint assentiu afastando-se e correu até ao lado de Susie quando a ouviu gritar por si. Rafael ainda a ficou a olhar, só quando ela desviou o olhar é que ele deu uns passos para trás, virando-se para Anastácia que estava a arranjar um plano para saltar dos vinte andares que estavam debaixo dos seus pés. Até ela morreria se saltasse.
-Não me vais matar loirinha – disse Anastácia com a cara a ferver apesar de pálida. Pálida e assustadora.
-Já ouvi isto em alguma vez e acabaste desmaiada – sorriu Grace apontando-lhe a ponta afiada da seta à sua testa com um sorriso. – Eu consigo fazê-lo. – garantiu.
-Grace – ouviu Rafael, ela olhou para trás pelo canto do olho e só o viu assentir.
-Rafael! – Anastácia gritou ao perceber que ele dava permissão a Grace para a matar, mas Grace não precisava de nada disso, foi só largar e fazer com que a flecha fosse ao encontro da sua testa. Pela primeira vez não teve pena de matar um humanóide. Deu um passo para trás virando as costas. Anastácia tinha ainda os olhos abertos, uma expressão assustada e uma linha fina de sangue vermelho muito escuro a escorrer-lhe pela testa. Estava presa à parede ainda em pé, parecia uma estátua. Frank tinha parado de lutar com Marge quando o corpo da amante lhe caiu perto dos pés. Apanhando-o distraído, ela encostou uma faca ao pescoço do seu suposto amigo.
-E tu ainda me mentes descaradamente a dizer que a amas – gritou-lhe Marge abanando a cabeça. – Como é que és capaz de trair o teu sangue?
-Da mesma maneira que ele consegue trair o dele –
apontou com o queixo para Rafael. – Eu não menti. – Grace parou para o olhar, mas nem conseguiu fazê-lo por muito tempo, apenas abanou a cabeça virou costas. Marge não o ia matar, talvez o resto da vida dele na prisão fosse um castigo suficiente, senão o pior. Estava a ir para fora do gabinete para matar todos os outros que faltavam, mas já vinha tarde. Estavam todos mortos finalmente. Com um suspiro cansado, Grace encostou-se ao corpo manchado de sangue negro de Quint, mas ela nem se pareceu incomodar.
-Quero sair daqui – disse ela. Quint olhou-a com um meio sorriso.
-Já acabou tudo.

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Hidra 16 - O gabinete

Sábado, 18.05.13

 14ºCapítulo

O gabinete

   

Grace foi sentar-se, olhando para Quint e suspirou – ele não vai desistir – não era uma pergunta, era uma afirmação, ela conhecia suficientemente bem Rafael para saber que ele não ia desistir de uma boa caça, mesmo que ela fosse perigosa. Quint abanou a cabeça, deitando-se de novo na cama, agarrado às almofadas.
-Quando ele vir que está a pôr todos em perigo, pode ser que parece
– Grace fez uma careta e abanou a cabeça.
-Duvido Quint – suspirou passando as pontas dos dedos pelo cabelo loiro do rapaz. Grace estremeceu quando a porta foi aberta, sem que alguém batesse à porta e viu Rafael entrar.
-Depois fala dos outros – resmungou o irmão, mandando-lhe uma almofada à cara. Rafael fez o seu habitual sorriso divertido, mandando-a de volta.
-Ainda bem que já estás bem – disse para Grace, ela assentiu com a cabeça levantando-se. – E não, não vou desistir mesmo.
-Ainda por cima anda a ouvir as conversas atrás da porta – resmungou de novo Quint, enfiando a cabeça na almofada.
-Caso não saibas, eu ouço melhor do que qualquer pessoa nesta casa – disse aproximando-se da janela, onde até à pouco a rapariga tinha estado – a Kate foi tirar os corpos mais a Marge, não me deixaram ir. – encolheu os ombros e encostou a mão à bochecha com um ar aborrecido.
-O que é compreensível – disse Grace levantando-se de novo vendo Rafael encolher os ombros. – Vieste aqui fazer alguma coisa? – perguntou curiosa, porque sabia que ele não ia entrar no seu quarto assim sem mais nem menos e não fosse alguma coisa.
-Eu vinha aqui pedir à Grace para me apoiar na busca, preciso de pessoas, mas já percebi que não queres – Rafael manteve-se estático a olhar pela janela e Grace mordiscou o lábio.
-Está bem – disse ela, fazendo com que todos a olhassem – mas, só até a matares, quando a matares acaba tudo.
-Ou quando tu a matares –
corrigiu Rafael com um sorriso maroto, sob o olhar incrédulo do irmão.
-Vocês são loucos – abanou a cabeça levantando-se e vestiu a sua t-shirt e ele, ao reparar nesse pequeno pormenor olhou os dois.
-Vocês fizeram sexo? – perguntou, sendo muito directo. Grace arregalou os olhos, não porque ser algo de outro mundo, mas por não estar à espera.
-Não, está descansado – Quint revirou os olhos e saiu do quarto. A rapariga cruzou os braços ao peito, mordendo nervosamente o seu lábio inferior enquanto olhava para Rafael. Ele continuava a olhar para Grace, estava à espera da sua resposta.
-Claro que não – disse quando se apercebeu que Rafael não se ia mexer enquanto ela não falasse, ele encolheu os ombros.
-Também não tenho nada à ver com isso – disse num tom descontraído que a fez assentir.
-Quando é que começamos? – perguntou decidida a mudar de conversa. Rafael endireitou-se começando a andar até à porta.
-Veste-te e começamos depois – disse saindo. Grace abriu a boca para lhe perguntar se ele era maluco, mas nem teve tempo. Com um gritinho frustrado foi até ao seu armário abrindo a porta e ficando a olhar para as roupas que lá tinha. Estava alguma coisa errada, não devia haver assim tanta roupa…
- Oh meu deus – saltitou com um sorriso de orelha a orelha, agarrando no seu fato de caçador. – Eu vou ficar tão sexy aqui dentro – fez o seu típico sorriso maroto e rapidamente se vestiu. Pegou no seu arco e nas flexas, escondendo algumas na sua roupa. Estava fascinada, aquela fato era um mistério, ninguém saberia o que é que ela tinha para ali, estava tudo muito bem escondido e camuflado. Ao descer as escadas reparou que estavam todos na sala, bem, todos salvo seja. Estava Susie, Kate, Marge, Rafael e Quint, não eram todos. Os dois últimos arregalaram os olhos ao mesmo todo,  Marge e Kate sorriram orgulhosas enquanto Susie só revirou os olhos, tentando atenuar o seu ar irritado com o meio sorriso.
-Já podemos ir? – perguntou ainda com aquele tom aborrecido.
-Vamos todos? – levantou Grace uma sobrancelha, olhando para Rafael e Quint que encolheram os ombros, ainda a olhar a rapariga. Ela estava fenomenal naquele fato…
-Quando souberam que ias, quiseram ir todos – respondeu Rafael que foi o primeiro a deixar de se babar, olhando para Kate que foi dar um beijo na bochecha de cada um, dando um pequeno abraço a Grace. Ela sorriu-lhe afastando-se com cuidado para não a magoar e foi juntar-se ao grupo. Eram quatro, quatro eram melhores que dois.
-O que é que vamos fazer primeiro? –  perguntou Grace. Estavam os quatro num jipe com um homem que ela não conhecia, iam todos em silêncio até ela o quebrar, fazendo todos suspirar.
-Vamos ao concelho – foi Susie quem a informou – ela está metida com alguém de lá – disse desviando o olhar do dela. Susie sentia-se estúpida e traída, ela era boa naquilo que fazia, por isso não percebia como é que não se tinha apercebido de nada.
-Porque é que dizes isso? – perguntou-lhe tendo como resposta um encolher de ombros.
-A Anastácia dizia que conhecia algumas pessoas de lá – esclareceu Rafael – Agora vamos descobrir. Tentem parecer naturais – Grace olhou pela janela percebendo que tinham chegado e sentiu-se arrepiar, assim como Rafael, que não disse mais nada. Aquele lugar de novo não, já tinha sido mau de mais o que tinham lá passado, ainda devia estar tudo destruído e os outros mortos e... Grace simplesmente não queria lá entrar.
-Anda Grace – foi Marge que falou, passando as mãos pelas costas da filha, tinha estado todo o tempo a observa-la e conseguiu perceber que ela não queria ir. – Já não há lá nada, a não ser impostores. E agora somos mais, vêm mais a caminho. Vamos ganhar.
-Vamos lutar contra os poderosos, mãe. É impossível. –
Não era preciso andar naquelas andanças há muito tempo para saber que as pessoas do concelho eram poderosas.
-Eu sou do concelho – disse Grace – e tu és minha filha, também fazes parte dele. Nós somos poderosas. E eles também – apontou para quem já ia lá à frente. – Agora agarra no teu arco e vamos. – levantou-se saindo do jipe e começando a andar em direcção à entrada. Tentar parecer normal, tinha sido o que Rafael tinha pedido, mas para Grace era impossível, ela estava nervosa, tinha a sensação que alguma coisa ia correr mal.
Assim que entraram, Grace viu aquilo de uma maneira totalmente diferente, não era mais aquele velho edifício às moscas. Estava como novo, como se tivesse sido reconstruido em poucos dias e bem… talvez tenha sido mesmo. Grace deu uma corridinha até se meter entre os irmãos, para saber do que eles falavam.
 -Por onde temos que procurar? – perguntou Grace quando eles se calaram.
-Não temos que procurar, eu sem bem quem é. – disse Rafael, colocando uma mão no bolso, onde Grace conseguiu ver uma faca reluzir.
-Quem é? – perguntou curiosa e ele apenas a olhou, não lhe respondendo.
-Vamos para o quinto andar – disse Quint a uma senhora já de idade que parecia Kate, que estava a entrar no elevador ao mesmo tempo que eles.
-O que é que vamos fazer para o quinto andar? – Perguntou a mãe de Grace ficando ligeiramente mais pálida. Quint mordeu a parte de dentro da bochecha e mandou o elevador fechar as portas.
-Porque é que ninguém responde às nossas perguntas? – Resmungou Grace, esquecendo-se por completo daquela senhora simpática e, quando Rafael a lembrou com um simples olhar, ela olhou para trás, mesmo a tempo de ver a senhora ficar mais pálida.
-Cuidado – gritou Quint, mas foi Rafael que agiu, partindo o pescoço à Humanóide. Com um grito Grace agarrou-se ao irmão loiro, fechando os olhos com força. – Isto está cheio deles – murmurou Quint – estejam preparados. 



Isto está mesmo quase quase a acabar

espero que gostem e desculpem pela demora.

Este capitulo não é dos melhores, eu sei.

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Hidra 13 - Anastácia em sarilhos

Sábado, 11.05.13

 

13ºCapítulo

Anastácia em sarilhos

 

 

 

Frank abanou a cabeça com um suspiro e agarrou na mão de Grace fazendo-a sair do bar onde estavam fazendo-a andar num passo apressado. – A tua mãe não te avisou para não saíres sozinha? – olhou para trás e viu os lábios de Grace começarem a ficar roxos – A sério Grace? Bebeste o que te deram?  - Grace não conseguiu ouvir nada, estava todo muito torto e às cores. Sorria que nem uma parvinha e encostou-se ao peito de Frank, abraçando-o.
-Tive saudades tuas sabias? – perguntou-lhe com um sorriso desengonçado até adormecer. Frank suspirou agarrando-a quando ela estava a cair e pegou nela  ao colo continuando a andar. Felizmente aquele sumo só funcionava apenas como droga e ela não tinha bebido tudo, só um gole, por isso ia ficar bem. – És mesmo uma casmurra – disse-lhe baixinho apesar da rapariga estar a dormir.
-Frank – olhou para trás quando ouviu Marge e virou-se para que ela visse a filha. Abrindo a boca, correu até ele segurando nela – O que é que aconteceu? – perguntou com a face pálida. Frank sempre vira em Marge uma boa mãe, tudo o que ela fazia por Grace era para a proteger e só ele até agora tinha visto como ela ficava quando lhe acontecia alguma coisa.
-É louca como tu e decidiu beber sumo daquele bar cheio de humanóides. Temos que desinfestar esta cidade rápido. Se eu não a tivesse seguido assim que a vi, ela podia estar morta. –
explicava Frank como se não fosse nada de anormal.
-Oh meu deus, ela não bebeu muito pois não? – perguntou passando as pontas dos dedos pelas bochechas pálidas da filha. Frank abanou na cabeça para a descansar e voltou a segurar em Grace.
-Eu levo-a para a Fazenda, não te preocupes – Marge abanou a cabeça durante algum tempo.
-Nem penses Frank, não quero que estejas perto dela outra vez, eu não me esqueço do que aconteceu convosco, eu só te pedi para te aproximares dela e tu foste logo enfiar-te na cama, não foi? Ela é minha filha – começou a elevar o tom de voz e Frank suspirou.
-Eu apaixonei-me – murmurou, fazendo Marge endireitar-se e olhar para a sua bebé.
-Tu sabes que não podes e eu sei que se tentares consegues seguir em frente mais rápido do que te apaixonaste– levantou o olhar para o rapaz – eu acho que ela gosta de outra pessoa – Frank mordeu a parte de dentro da bochecha cheio de ciúmes do que Marge tinha acabado de dizer, mas tentou mostrar-se despreocupado
-Se calhar tens razão – encolheu os ombros virando costas – mesmo assim, vou leva-la a casa. E assim fez, enquanto Marge foi encurralar o bar que tinham drogado a filha, Frank levou a mesma até à Fazenda, abrindo a porta. Até há cinco anos ele morava naquela casa mas foi forçado a ir para o Concelho quando o encontraram e descobriram as suas capacidades.
Kate veio até à sala e arregalou os olhos levando as mãos à boca correndo até eles os dois.
-Ela está bem, só vai acordar com uma grande dor de cabeça – sorriu-lhe indo coloca-la no sofá.
-Ela só nos arranja problemas – lamentou-se Kate indo dar um beijinho na bochecha de Frank. Ia perguntar-lhe como é que ele estava, mas nem teve tempo, Rafael desceu as escadas e assim que o viu, ficou logo em modo ataque e, também nesse preciso momento Anastácia entrou na sala, parando assim que viu Frank.
-Hey – disse ela meio atrapalhada – quem és tu? – perguntou aproximando-se de todos. Kate virou-se para Anastácia e apontou para a rua.
-Toda a gente sabe o que és, ou sais agora ou vou ter que tomar medidas drásticas – Kate era uma mulher muito boa e paciente, mas neste momento tinha uma expressão zangada e autoritária. Anastácia olhou para Rafael com os olhos muito abertos e com a boca entreaberta, como se estivesse espantada com o que estava a acontecer. – Vai. – quase que lhe gritou e, percebendo que já não havia hipóteses, cruzou os braços ao peito e apontou com o queixo para o suposto namorado.
-Não me vais defender? – perguntou-lhe, apesar dele estar mais interessado na presença de Frank, abanou a cabeça fazendo-a sorrir – Oh por favor Rafael, vais dizer-me que nunca te apercebeste do que eu era? – irritado com todas as suas forças, ele olhou-a.
-Tanto não me apercebi que estou capaz de te matar agora mesmo – disse entredentes. Ela deu uma gargalhada ainda com os braços cruzados.
-Matavas um dos teus? Ainda por cima tão próxima como já fui? – Rafael revirou os olhos, como se ela não soubesse que ele sempre tinha morto humanóides
-Eu vivo com os meus e tu nunca me foste próxima a sério – aproximou-se dela com uma expressão séria – queres morrer agora ou preferes que eu te cace? – perguntou-lhe com um sorriso torto. Rafael não podia negar, ele divertia-se com isto da caça. Ela cerrou o maxilar e afastou-se dele, trocando olhares com Frank, saindo irritada da fazenda.
-Finalmente – suspirou Kate, esgotada, mas ficou logo alerta assim que Rafael voltou a olhar para Frank.- O que é que se passa com vocês?
-Queres morder? –
Frank fez aquele sorriso que sempre lhe fazia e ele tentou, mas não conseguiu, atirando-se para cima do caçador e mandando-o ao chão, esteve mesmo para o morder e poder mata-lo, mas alguma da sua racionalidade permitiu que ele mudasse de ideias a tempo, esmurrando-lhe a cara até a deixar toda negra.
-Um dia eu vou-te matar – ameaçou-o. Kate, que estava desesperada a tentar afasta-los, agarrou num braço de Rafael, olhando-o com uma expressão zangada. – Eu sei, eu vou para o meu quarto – virou costas, olhando uma última vez para Grace.

Quando Grace acordou não conseguiu abrir logo os olhos, estavam pesados e a sua cabeça latejava, nem queria imaginar quando os abrisse. Suspirou agarrando-se à almofada, só depois percebendo que era demasiado quente para ser uma almofada e sorriu. – O que é que estás a fazer no meu quarto, Quint? – perguntou baixinho – Ainda por cima… – passou as mãos pelo seu tronco, sentindo a sua pele e os seus abdominais definidos – ainda por cima nu  - fez uma careta abrindo os olhos devagarinho. Quint riu-se dando-lhe uma festinha no cabelo loiro, tapando-lhe os olhos de novo.
-Ontem à noite não te queixaste – gozou, fazendo Grace abrir mesmo os olhos de vez, arregalando-os. Ele fez um sorriso trocista e ela suspirou de alívio, deixando a sua cabeça cair nas almofadas de novo, sentia-se cansada e ainda agora tinha acordado.
-Estúpido – queixou-se agarrando-se ao braço dele.
-Estou a brincar, não conseguia dormir por isso vem para aqui – ela voltou a abrir os olhos com um meio sorriso – e já consegui – continuou.
-Como é que estão? – perguntou lembrando-se de que tinha deixado Quint e Rafael a conversarem, ele encolheu os ombros.
-Bem, acho eu. –ela sorriu, dando-lhe um beijinho no ombro, para depois se afastar.
-Eu não vou embora – disse passando as mãos pelos seus cabelos despenteados – mas não vou ter nada com nenhum dos dois – ela tinha que admitir que se sentia bastante atraída por Rafael mas depois Quint e todo o seu amor eram tão… tão bons que ela também se derretia e ficava toda confusa. Por momentos, ele pareceu um pouco desiludido, mas depois assentiu com um sorriso verdadeiro no rosto
- Não faz mal, desde que sejas minha amiga – Grace sorriu beijando-lhe a bochecha e assentiu, saindo depois da cama indo até à janela.
-Meu deus, eu tenho que ter cuidado com quem me meto – passou as mãos pela cabeça que latejava e Quint riu-se enquanto assentia.
- Ainda bem que bebeste pouco daquilo, ouvi dizer que dá uma moca das más – ela riu-se apesar de não ter piada e abanou a cabeça.
-A Anastácia já nos veio chatear? – perguntou virando-se para Quint, vendo a sua expressão ficar gradualmente mais séria.
-O Rafael está decidido a ir procura-la e mata-la, ele deixou-a fugir para jogarem uma espécie de jogo – encolheu os ombros, até aqui não parecia nada mal, todos faziam alguma coisa daquele género, era divertido e uma forma de passar o tempo – o pior é que o que a Anastácia está a fazer não é só ela, deve haver mais, pelo menos mais um. 


não corrigida, pode ser que poste na quarta

beijinhos ✥


Obrigada pelos tópicos que deram no post anterior, vão dar jeito

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Com quem?

Quinta-feira, 02.05.13

Pretendo fazer um visual novo, mas como de certeza que se conseguir fazer alguma coisa não o vou acabar hoje comecem a votar aqui neste post.

 

Com quem é que pretendem que a Grace fique? 

 

Rafael
Quint
Frank

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Hidra 12 - Olá desconhecido

Quarta-feira, 01.05.13

12ºCapítulo

Olá desconhecido

-O que é que estão a fazer? – perguntou Grace assim que entrou no quarto de Rafael. A bengala de Quint estava caída, com uma coisa pontiaguda na ponta. Grace correu até aos dois irmãos para os tentar separar e olhou-os aflita por não ter força o suficiente para o fazer. – mas o que é que se passa com vocês? – gritou-lhes – parem com isso – olhou para Quint – ele não fez nada Quint, durante esta semana esteve sempre comigo ou aqui fechado, alguns daqueles corpos nem uma semana têm – Quint deixou de aplicar força no pescoço do irmão e de maxilar cerrado saiu de cima dele. Rafael não se mexeu, ficando a olha-lo enquanto ele se ia embora.
-Ele ia matar-me – murmurou Rafael de olhos fixos na parede, já que o irmão tinha fugido da sua vista. Grace colocou-se de joelhos para o ajudar a sentar e olhou-o.
-Ele está irritado – encolheu os ombros
-E ia matar-me – gritou ainda em choque. Grace arregalou os olhos, nunca na vida tinha visto Rafael tão incrédulo e assustado. Devia ser uma coisa que se via na vida, mas era normal, Quint tinha sido demasiado agressivo desta vez.
-Tem calma Rafael – murmurou Grace tocando-lhe na bochecha – ele não ia conseguir matar-te, és irmão dele, apesar de tudo. – engoliu em seco endireitando-se quando se lembrou de Anastácia. – Já agora, a tua namorada não é humana – disse ela com um suspiro como se fosse uma coisa simples, já se devia ter habituado – acho melhor teres cuidado, foi ela que fez aquilo. – levantou-se olhando-o durante uns segundos, mas acabou por virar costas e ir até ao quarto de Quint. Isto agora era sempre assim, uns minutos com o Rafael, outros com o Quint.
-Deixa-me – mandou Quint assim que a porta se abriu, mas Grace entrou e fechou a porta atrás de si, indo ter com ele e abraçando-o – tens que ter mais calma está bem? Ele é teu irmão, não é teu inimigo – Grace levantou a cabeça para olhar os seus olhos – e não é tudo sobre ele. Também há coisas sobre ti -  sorriu-lhe, fazendo com que ele não conseguisse não fazer o mesmo. – Mas... assim que se descobrir o que se anda a passar, eu vou embora.  – Quint engoliu em seco enquanto a olhava e abanou a cabeça.
-Não vás – murmurou passando as pontas dos dedos pelas suas bochechas e ela negou.
-Tenho que ir Quint, eu não pertenço aqui, a minha mãe tem razão.
-Pertences sim –
ouviu-se a voz de Rafael à porta do quarto. Tinha uma marca de sangue no pescoço, provocado pela bengala de Quint, que se começou a sentir arrependido por ser tão impulsivo e dramático. – Pertences mais do que alguns de nós. – baixou o olhar.
-Meninos – Kate interrompeu Grace que ia falar – O que é que aconteceu? – perguntou com uma expressão autoritária, e as mãos na cintura. Marge entrou no quarto ficando a olhar os três. – Porque é que a Anastácia está a sangrar da cabeça e tu estás assim do pescoço? – perguntou preocupada enquanto examinava Rafael, que abanou a cabeça e a afastou. Como ninguém disse nada Grace respirou fundo e começou.
-Eu e o Quint estávamos a dar uma volta pela floresta – apontou para a janela e viu a sua avó a ficar mais irritada, mas ela ia rapidamente esquecer isso quando soubesse o que tinha acontecido – e encontrámos corpos de humanos mortos. Já estão lá há algum tempo, alguns em decomposição, outros são recentes. – tal como previra, Kate tinha os olhos azuis muito abertos e a mão no peito, olhando de relance para Rafael, que cerrou o maxilar. – Não o culpem, ele esteve ferido e quase a morrer, não fez nada de certeza – defendeu-o. Kate suspirou e sentou-se na cama de Quint, passando as mãos pela cara. Grace ainda pensou em dizer quem achava que era, mas deixou-se calada, não a podia culpar assim, ninguém parecia notar o que ela era.
-Seja quem for, temos que ir limpar aquilo e informar o concelho – foi a vez de Marge falar, sempre calma e racional, Grace queria ser como ela, mas não conseguia.
-Sim.. vamos, quanto mais depressa melhor – balbuciou a dona da fazenda, saindo atrás da filha. Respirando fundo, Grace levou as mãos à cara e fechou os olhos.
-Agora nós – disse levantando-se e olhando para os dois, que estavam de pé a olhar para o chão – vocês os dois vão fazer as pazes ou eu chateio-me mesmo muito a sério. – os dois olharam-na e Rafael deu um passo na direcção do irmão, que deu um passo para trás, recebendo um olhar reprovador da rapariga. Com um suspiro, lá se aproximou estendendo uma mão na direcção dele, que fez o mesmo. Grace sorriu indo abraçar os dois e depois lá se afastou, fazendo uns gestos com as mãos – agora vão ficar os dois aqui, a descansar que eu vou dar uma volta – encolheu os ombros. Não queria estar mais com eles, sentia que estava a afasta-los e isso não podia acontecer, não havia nada como ter um irmão. Grace era filha única, mas bem que adoraria ter um irmão, mais novo ou mais velho, não fazia diferença, apenas sabia que se tivesse não o largaria por nada. Ela fez tal o que tinha dito, saiu da fazenda, indo passear a pé pela aldeia. Assim que chegou a civilizações, algum tempo depois, porque a Fazenda ainda ficava longe, entrou num café, olhando em volta meio desconfiada quando viu que todos estavam a olha-la. –Quero… qualquer coisa – encolheu os ombros, sentando-se num banco ao balcão. O barman, tinha um aspecto alcoólico e nojento, mas serviu-lhe um sumo. Grace revirou os olhos, será que todos sabiam que ela era menor? Com um suspiro começou a bebê-lo e assim que olhou para trás viu um homem ainda mais nojento aproximar-se, mas nem sequer se chegou a sentar, porque apareceu vindo do nada, um rapaz que partiu o pescoço ao velho. Grace arregalou os olhos e saltou do banco para ir embora, mas o rapaz não a deixou.
-O que é que estás aqui a fazer? Hidra está infestada de humanóides, devias estar em casa – mas Grace não prestou atenção a nada.
-Frank – murmurou sentindo a sua cabeça a andar a roda. Pelo que ela conseguia ver, tinha aquela roupa estranha de caçador e o seu cabelo castanho chocolate estava desalinhado de um modo diferente – És mesmo tu?


No primeiro capitulo:

-Estavas cheio de saudades – disse Frank, o mais recente namorado de Grace. Tinha uns olhos verdes escuros brilhantes e um cabelo castanho chocolate bem arranjado com algumas ondulações. 

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Hidra 11 - Corpos

Domingo, 28.04.13

11ºCapítulo

Corpos

 

Grace arregalou os olhos quando ouviu a voz de Rafael de novo e debruçou-se sem ele. Não tinha medo de uma pessoa que a tinha salvo mais que duas vezes. – Também ficas horrível quando dores. Babas-te e isso tudo.  – estava visto que ele estava mais que bom, já podia começar a correr e a mandar piadinhas pelos cantos.
-Estúpido – resmungou Grace, cruzando os braços, tentando esconder um sorriso.
-Tu é que começaste. – Pela primeira foi visto surgir um sorriso sincero e muito branco na boca de Rafael, fazendo as suas bochechas ficarem salientes e os seus olhos brilhantes. Grace ficou a olha-lo embasbacada, se ela já tinha reparado que ele era bonito, então agora, não sabia o que ele era. – O que é que foi? – perguntou. Grace revirou os olhos, a sua beleza irresistível não durava muito.
-Estava só a olhar para ti – resmungou e desta vez foi ela que o apanhou distraído a olha-la, mas estava mais sombrio desta vez, parecia estar a recordar-se de tudo o que tinha acontecido.- O que é que foi? – perguntou no mesmo tom dele, mas ao contrário dela, Rafael deu-lhe uma resposta, horrorizado.
-Eu tentei matar a tua mãe – Grace baixou o olhar e encolheu os ombros devagarinho.
-Não penses nisso, agora, está tudo bem, mais ninguém sabe. – ela agarrou nos lençóis que lhe tapavam o peito e devagar, destapou-o até olhar para onde devia estar a ferida, mas tudo o que havia era uma cicatriz. – já estás bem – olhou-o sem conseguir deixar de tocar, ela disse a si própria que era só para garantir que era verdade, mas ela bem que queria ter sentido aquilo à mais tempo.
-Devidamente tratado eu curo-me rápido. – esclareceu-a exercendo força nos braços para se sentar e recostar nas almofadas, enquanto olhava para Grace. Todo o seu ser a desejava, era impressionante em como não era apenas a vontade e o instinto que ele tinha de a matar, era mais alguma coisa. Já estavam demasiado perto quando a porta se abriu. Grace saltou e deu um guincho, meio assustada com o barulho que a porta provocou ao abrir. Rafael também estremeceu, mas quando viu que era apenas o irmão, descansou.
-Não se assustem por minha causa – a voz de Quint soou agressiva e algo cínica, fazendo a loira levantar-se e olha-lo. Quint estava com uma bengala ao lado da sua perna, o que fez com que Grace sentisse um aperto no peito.  – É, nem todos podem ser monstros que se conseguem curar assim – estalou os dedos enquanto olhava para Rafael, que engoliu em seco. Grace tinha-lhe dito que mais ninguém sabia, mas… Não, o Quint não podia saber. – Oh por favor Rafael, eu não sou burro, eu vivo há dezassete anos contigo, eu sei muito bem quem és. E se não soubesse, agora tinha a certeza. – já a começar a ficar irritada com o tom que Quint estava a usar contra o irmão, Grace olhou para Rafael, desviando rapidamente o olhar, foi na direcção do loiro e empurrou-o com cuidado para fora do quarto ficando a olha-lo com uma expressão severa. O rapaz arrepiou-se, ela era bonita de todas as maneiras, mesmo assim, continuou com aquela cara de quem queria matar tudo e todos.
-Não sejas estúpido com o teu irmão, ele adora-te e preocupa-se contigo – ralhou-lhe Grace.
-É tudo à cerca dele não é? – perguntou com as lágrimas a quererem escapar dos seus olhos azuis – é sempre tudo sobre ele! -  cerrou o maxilar, respirando fundo, mas isso pouco adiantou – eu estou farto disto – gritou, fazendo a rapariga estremecer e, sentindo-se arrepender e foi baixando-se enquanto soluçava, deixando-se cair para o lado da perna boa.
-Quint – murmurou sentando-se ao seu lado, esticando os braços até o abraçar. Apesar de toda a hesitação, ele agarrou-se a ela.
-Porque é que eu não posso ter nada do que quero? – Perguntou-lhe ao ouvido enquanto tentava acalmar-se, ela suspirou, apertando o abraço e fechou os olhos, passando as mãos pelas suas costas.
-Vamos sair daqui – murmurou Grace – ainda alguém aparece e te vê neste estado. – Apesar de não parecer tão durão como Rafael, Grace sabia que Quint não queria que ninguém o visse assim. Ajudou-o a levantar-se, dando-lhe de novo a bengala. Ele olhou-a com alguma repulsa e Grace não conseguiu imaginar o que ele sentia. Talvez raiva, era o que parecia. – Anda, quero levar-te a um sítio – sorriu um bocadinho e deu-lhe a mão vazia, ele olhou-a durante uns segundos e quando desceram as escadas ele foi mais lento, mas ela foi ao seu passo. Ao passar pela sala, agarrou nas suas flechas e no seu arco, já não conseguia andar sem eles, podia acontecer alguma coisa e isso era o que menos queria, o que tinha passado no Concelho já tinha sido demasiado para uma vida inteira. Saíram pelas traseiras e Grace sorriu, não se lembrava de ir para lá há muito tempo, só esperava que estivesse tudo igual.
-A Kate não gosta…
-Queres ir comigo ou não?
– Grace parou à sua frente e Quint sorriu um bocado apontando com a cabeça para que continuassem a andar. Assim fizeram, mas Grace, quando viu o seu cantinho todo destruído, parou. Ela costumava ir para ali quando era miúda, mas agora… agora era só terra e… corpos. Quint olhou-a confuso, percebendo que Grace estava como ela – O que é que aconteceu? – Perguntou chorosa. Quint colocou-se à sua frente, limpando-lhe as lágrimas e fechando-lhe os olhos.
-Não olhes – murmurou, olhando para trás para os corpos já em decomposição, lançavam um mau cheiro impossível. Quase que apostava em que tinha feito isto. Grace também tinha uma suspeita, mas não disse. – Vamos voltar para a Fazenda – disse num tom calmo. A rapariga assentiu, tentando controlar o choro e virou costas àquele terror começando a andar pelo caminho já conhecido.  Ao entrar de novo na sala, Quint deu-lhe um beijo na testa e voltou a subir até ao andar de cima, Grace ficou estática na sala, enquanto Anastácia comia morangos com uma cara enojada.

-Foste tu não foste? – Quint entrou de rompante no quarto do irmão, coxeando até chegar à sua cama. Rafael sentou-se, olhando-o um pouco confuso e afastou-se dele, parecia que era capaz de mata-lo, ele conseguia ver um olhar de raiva no irmão que nunca tinha visto. – Admite – gritou até ficar vermelho.
-Fui eu que fiz o quê? – perguntou engolindo em seco. Quint agarrou na bengala e esticou-a até ao irmã, pressionou um botão, fazendo uma lâmina afiada aparecer. Rafael olhou para a lâmina apontada para o seu pescoço – O que é que estás a fazer? – gritou-lhe sentindo a bengala encostar-se ao seu pescoço.
-Quando não se tem nada para fazer – encolheu os ombros e fez com que o irmão se encostasse à parede. – Foste tu que mataste aquelas pessoas todas e as deixaste lá a apodrecer.
-Eu não fiz nada
– rugiu-lhe Rafael de maxilar cerrado. Os seus olhos castanhos estavam meio cerrados, ele já estava a começar a perder a paciência e isso era mau para o lado de Quint.

-Foste tu não foste? – Grace cruzou os braços ao peito enquanto olhava para a namoradinha de Rafael. Meu deus, como ela não a suportava! Anastácia levantou uma sobrancelha e sentou-se, mandando o morango que tentava comer à lareira.
-Estas coisas sabem mesmo mal, não sei como é que a conseguem comer – ia tirar mais um morango da taça, mas Grace deu um pontapé à mesa que se virou, fazendo Anastácia levantar-se meio irritada – o que é que tu queres?
-Quero que admitas que foste tu que fizeste aquilo na floresta atrás de casa. Há pessoas mortas lá. –
Anastácia riu-se e cruzou os braços ao peito, enquanto se aproximava. Grace na defensiva, tirou uma flecha da mala e levou ao arco, apontando a mesma em direcção à cabeça.
-Oh por favor Grace, vais matar-me é? – perguntou ela. Grace sabia que não conseguia, ela parecia demasiado humana e… e era a mulher com quem Rafael estava. – Admite lá que isto é tudo por causa dele. – provocou-a. Grace olhou em volta, não havia ninguém em casa, apenas eles os quatro, o resto estavam a treinar ou a investir mais coisas sobre o concelho.
-Isto é por causa de ti – cerrou o maxilar – não devias sequer estar em casa da minha avó.
-Mas estou, e há mais tempo que tu querida. Não imaginas as coisas maravilhosas que se
encontram por aqui – sorriu-lhe cinicamente –  Como é que vai ser agora? Vais tentar destruir o meu namoro com o Rafael, ou vais cair nos braços ali do player coxo? – Grace já não estava a aguentar ouvi-la. Podia não a conseguir matar, mas…  Quando deu por si, a flecha que devia estar no arco, estava agora na coxa dela. Grace estava furiosa, e quando ela ficava furiosa, ela era pior que a mãe.
-Cabra – gritou-lhe Anastácia que começou a empalidecer. Se Grace não soubesse o que ela era, estava agora a acudi-la por estar tão pálida, mas nem se mexeu, vendo a rapariga descair sobre a perna e tirar a flecha da sua perna, mandando-a na direcção da loira. Ela afastou-se, de olhos arregalados quando ela se levantou e quando tentou tirar outra flecha, Anastácia foi mais rápida, sorrindo enquanto olhava para a mala onde tudo o que ela tinha estava – Mas o que será que consegues fazer com um arco vazio? – perguntou com um tom cínico e um olhar provocador. Grace cerrou o maxilar e tentou muito, mas mesmo muito, mas assim que a outra soltou uma gargalhada, ela lançou-lhe o arco à cara fazendo-a cair para o lado assim que lhe embateu na cabeça.
-Muita coisa – resmungou ela agarrando nas suas coisas. O seu corpo gelou quando se ouviu um barulho e de seguida gritos, eram os de Quint e Rafael. 

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Hidra 10 - Amor...

Sexta-feira, 26.04.13

10ºCapítulo

Amor...


- Como é que eles escaparam? – perguntou Grace, quebrando o silêncio que estava no jipe. Havia um médico, Darson, que cuidava da ferida de Rafael, Grace nem conseguia ver, nem sabia como é que ele ainda estava vivo.
-Alguém atacou o Forte há cerca de dois meses, no início não era nada demais, apenas umas casas destruídas, mas nada de muitas mortes, mas quando se habituaram… há duas semanas – quando Grace tinha vindo para a Fazenda – houve uma guerra feia, foi por isso que vieste para cá, mas mais uma vez  alguém do concelho anda a conspirar contra Hidra, Hidra e não só. – Grace estava a olhar para mãe, sem perceber muito. – Sempre houve alguns que conseguiram escapar, humanóides, é difícil apanha-los. – apontou com o queixo para Rafael. – O teu pai foi morto por um deles. – Cerrou o maxilar. Marge ainda jurava vingança. Sabia que ia encontrar o maldito humanóide mais tarde ou mais cedo, porque eles voltavam sempre. Grace olhou para Rafael e pela primeira vez sentiu algum medo.
 -Tu viste? – perguntou baixinho à mãe.
-Não, mas as marcas eram inconfundíveis.
Grace olhou pela janela, vendo a Fazenda ao longe, não podiam levar Rafael para o hospital, por isso Kate ia cuidar dele. Assim que o jipe parou, ela saltou para fora e atirou-se para os braços da avó. – Como é que ele está? – perguntou Kate ao ouvido da neta, que abanou a cabeça, engolindo em seco.
-Tens que o curar, ele não está muito bem – limpou as lágrimas que tinham caído e virou-se para trás, vendo o médico carregar Rafael ao colo, entrando na Fazenda. Kate passou as mãos pela testa e assentiu. – Avó… - ela virou-se para a neta – Mais alguém sabe o que ele é? – Kate hesitou ao perceber que ela já sabia da verdade, nem devia estar admirada, era normal que Marge lhe contasse tudo de uma vez para a assustar.
 -Não, se alguém souber... Esta fazenda está perdida – Kate iria conseguir maneja-los, mas só depois da guerra que iria acontecer. – Ele é boa pessoa Grace, não tenhas medo dele.
-Ele não é uma pessoa Kate –
Marge apareceu atrás dela, com um olhar severo. – E tu precisas de descansar – Grace abanou a cabeça e afastou-se.
 -Primeiro quero saber do Quint.
-Susie encontrou-o, estava capturado num esconderijo de Humanóides, felizmente está tudo bem, apenas… ele não acordou e vai ser um choque.
– Grace semicerrou os olhos não percebendo o grande choque, a avó, continuou – Ele não foi bem tratado, eu e os médicos pensamos que a perna dele pode… pode não voltar ao que era antes. – Grace levou a mão à boca em choque. Em choque e com medo. Quint desesperava por não conseguir fazer as coisas que o irmão fazia, por não ser tão forte e tão ágil quanto ele, se realmente a sua perna tivesse ficado tão maltratada… ele iria querer morrer. – Vamos manter-nos calmas – Marge, encolheu os ombros, insensível a tudo o que se passava, enquanto a filha assentiu e se afastou um pouco da avó, entrando dentro da casa. Encolheu-se quando viu Susie a dormir num sofá e Anastácia no outro, pareciam as duas ferradas, mas esta última apenas fingia, assim que sentiu Grace sorriu-lhe. Engolindo em seco afastou-se da sala e começou a correr para o andar de cima, queria ver como estaria Rafael, mas assim que ela ia abrir a porta do seu quarto, ela apareceu-lhe à frente, impedindo a passagem.
-Conseguiram safar-se. – disse com um sorriso cínico.
-Como é que ele não percebe o que tu és? – perguntou Grace irritada – como é que consegues passar por humana? – Anastácia encolheu os ombros e cruzou os braços ficando a olha-la com aquele sorriso à mete nojo.
-Eu não sou totalmente humanóide. Eu sou como ele, mas ele é demasiado tapadinho para perceber que algo não bate certo. – aproximou-se de Grace a retirou-lhe uma mecha de cabelo da cara, colocando-lha atrás da orelha – além disso, ele gosta de raparigas que o satisfaçam… tu sabes como é – afastou-se com um risinho e virou-se de costas para a rapariga, fazendo uma cara sofrida e abrindo a boca – Rafael – gritou atirando-se para a cama num puro dramatismo falso. – Oh meu deus, o que é que te fizeram?
Grace ficou à porta, olhando para Rafael que continuava estava imóvel, Anastácia estava a fazer um escândalo enquanto o médico tentava tira-la dali para que pudesse fazer o seu trabalho.
-Vai descansar Grace
– Kate apareceu ao seu lado, olhando para a Anastácia – voltas daqui a pouco, quando ela não estiver. – Grace assentiu, afastando-se e obrigou-se a sorrir um pouco à avó, cruzando os braços ao peito como se se estivesse a abraçar a si própria. Não queria estar sozinha no seu quarto e não podia estar no quarto de Rafael, por isso, assim que passou pelo quarto de Quint, abriu a porta devagarinho, espreitando para ver o que ele estava a fazer, mas tal como Kate tinha dito, ele dormia. Parecia um anjinho loiro, o seu cabelo estava todo desarrumado e a cair-lhe sobre a testa. Grace deitou-se com cuidado ao seu lado e tocou-lhe no cabelo com um suspiro, queria estar com ele quando acordasse, queria ver a sua reacção e conseguir acalma-lo. Assim que se ia deitar e fechar os olhos, houve um movimento no colchão e tinha sido ele.
-Grace – chamou-a fazendo-a olha-lo. Estava com os olhos um pouco abertos e ainda meio grogue por causa dos medicamentos. – Estás viva – sorriu enquanto esticava uma mão na direcção da bochecha de Grace.
-Tu também – Grace tocou na bochecha dele, tal como ele lhe fazia e beijou-lhe a testa abraçando-lhe o tronco – eu pensava que nos tinhas traído, mas depois vi o teu corpo no chão e… fiquei confusa. – Quint sorriu um bocadinho e abanou a cabeça.
-Foi um holograma, não fui eu – Grace olhou-o e assentiu, sentindo tudo encaixar-se aos poucos.
-Detesto tecnologia – murmurou a rapariga. Quint deu uma gargalhada rouca e deu uma festinha no cabelo loiro de Grace – Como é que te sentes? – Perguntou com um sorrisinho.
-É injusto, eu nunca vou poder ser como ele. Por mais porcarias que tome, por mais que queira, nunca vou conseguir. – o rapaz tinha as lágrimas a caírem-lhe pelos olhos aos pares, mas esforçou-se para sorrir à rapariga, que tinha as sobrancelhas juntas de preocupação – nunca vou conseguir ter a tua atenção como ele tem, pois não?
Grace engoliu em seco, levantando a cabeça e endireitando-se na cama de Quint, não sabia o que responder, não o queria deixar mal, mas também não lhe queria dar esperanças de nada.
-Ele é diferente Quint, ele não é como tu, mas ambos são bons à sua maneira, tu és bom em coisas que ele não é, e ele é bom em coisas que tu não és… - Grace ia terminar com uma bela frase filosófica, mas Quint interrompeu-a.
-Eu amo-te Grace. Foi tipo um clique… Assim que te salvei de caíres no meio da chão com a carne… – deu uma risada e abanou a cabeça baixando de seguida o olhar. Grace estava em choque e apenas se encostou ao seu peito, com um suspiro cansado. Para o magoar não valia a pena mais nada, ele já tinha sofrido demasiado. Assim como todos os outros.

-Grace – Kate chamou a neta ainda algumas vezes, mas só ao fim do quinto chamamento é que ela se mexeu. – Grace acorda, já dormiste demais, estávamos a ficar preocupados. – Grace abriu os olhos e ficou a olhar para a avó sentindo uma dor de barriga assim que despertou – trouxe-te o pequeno almoço – ela bocejou e suspirou.
-Tenho sono avó – queixou-se, porém ainda tinha fome, por isso, sentou-se esticando-se até uma torrada.
-Dormiste durante dois dias querida, acho que chega – Kate sorriu e sentou-se ao seu lado e foi aí que Grace deu por falta de Quint. – Ele está no campo de treinos. – disse a avó quando percebeu. Quint estava a descarregar, não falava com ninguém, limitava-se a dar murros no saco de boxe e a praticar com as espadas, nem sequer se preocupava em ficar melhor da perna.
-E o Rafael? – Grace suspirou e encolheu os ombros.
-Ainda não acordou, mas não vai acordar com… fome, podes ir vê-lo, a Anastácia saiu. Foi ter com os pais. – disse à neta, que logo assentiu e, depois de comer todo o pequeno almoço que a avó lhe fizera, se levantou e foi a correr para o quarto de Rafael. Abriu a porta devagar e espreitou, vendo que ele dormia, com os lençóis até ao peito. Depois de fechar a porta atrás de si, foi sentar-se com calma na cama, ficando a olha-lo.
-Quando é que pensas acordar? – perguntou-lhe – Já estou a ficar aborrecida só de olhar para essa cara a dormir, ficas feio – encolheu os ombros olhando para as suas mãos e riu-se por estar a dizer aquelas coisas.
-Óptimo, somos dois.


não reli, pode conter erros

não devo ter tempo para postar amanhã outro novo.. mas vou tentar

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Hidra 9 - Mortes e revelações

Sábado, 20.04.13

9ºCapítulo

Mortes e revelações

 

 


 

Rafael já não estava pálido, estava roxo. Grace estava assustada, às vezes, quando se aproximava dele, apesar dos seus pedidos para que ficasse longe, dava-lhe algumas caricias. Ela não queria que ele morresse, não sem o odiar mesmo de verdade. Ele era um casmurro e teimoso e estúpido e irónico, mas para ser assim tinha que ter razões, Grace só queria perceber para o poder julgar de verdade. Neste momento, estava a dar-lhe festinhas com as pontas dos dedos pelo seu cabelo molhado por causa do suor, ele não parava de suar, se ao menos houvesse água para acalmar a febre... Mas não havia, e água era uma das coisas que ela mais desejava agora. Nenhum deles sobreviveria ali mais um dia sem água, sem comida. Grace estava fraca e não estava ferida, então ele... talvez só sobrevivesse mais algumas horas. Por vezes media-lhe a pulsação e conseguia perceber que estava demasiado irregular, assim como a sua respiração.
                -Não podes morrer e deixar-me aqui sozinha – murmurou aterrada. Outra coisa que Grace não sabia, era que ele podia sobreviver, mas estava a esforçar-se demasiado, estava a gastar todas as suas energias para se debater contra aquilo que sentia a todas as horas do dia, mas agora ainda mais.
                -Grace – Rafael tinha acordado, fazendo com que ela o olhasse atentamente e afastasse as mãos dele, antes que a mandasse afastar-se. Ficou um tempo sem falar, apenas a olha-la e a tentar arranjar ar para ter força. – ata a minha corda à tua flecha. – a sua voz estava rouca e os seus dentes cerrados, devia estar em grandes sofrimento, Grace nem conseguia olhar para a ferida dele, ali até cheirava mal, como ela já tinha pensado, estava a apodrecer. – Rápido – gritou em grande desespero, a rapariga assentiu engolindo em seco e procurou pela corda, vendo que estava à volta da cintura de Rafael, protegida pelo fato de caçador. Assim que a conseguiu tirar, levantou-se e foi buscar uma das suas flechas tentando arranjar uma maneira de atar a corda nela sem que ela caísse. Rafael tinha os olhos vidrados nela, parecia que ia morrer a qualquer momento, essa ideia fazia com que Grace sentisse os olhos tão molhados que ardiam.
                -Assim? – perguntou ela puxando a corda com força como um teste, para perceber se com ela ia partir ou não. Ela não tinha muita força, mas a força que aplicou nem fez dobrar a flecha, por isso ela ia conseguir. Só precisava de se tentar coordenar.
                -Isso – murmurou Rafael e, para surpresa da rapariga, ele estava de pé, torto e desequilibrado, agarrado à barriga com o braço e À parede com outro. Chegou até perto de Grace e tocou-lhe com as pontas dos dedos nas bochechas rosadas, mas assim que percebeu o que ia acontecer, afastou-se, deixando-se cair de novo com um gemido de dor – Lança. – murmurou quase sem voz e de olhos fechados – e não chames ajuda para mim – ele ia morrer ali.
                -O quê? – Grace mandou um grito enquanto o olhava, mas já só viu o olhar de Rafael ficar mais agressivo do que já era. Ela estremeceu com um arrepio, assentindo logo, de uma forma meio assustada. Agarrou no seu arco, lançando a flecha para o mais alto que conseguiu. Puxou a corda para ver se estava mesmo bem presa e quando garantiu que sim, empuleirou-se na mesma, com a ajuda das pedras, tentando escalar aquele muro sem fim. Sentia-se fraca e mole, mas tinha que conseguir. Apanhou três sustos em que parecia que ia escorregar e voltar para o chão, mas nada aconteceu, ele agarrava-se sempre a tempo. – Eu vou chamar ajuda, não te vou deixar morrer aí. – gritou para Rafael quando já estava quase no topo, olhou para trás, tentando vê-lo e assim que conseguiu engoliu em seco, com uma enorme vontade de ir tentar acorda-lo. Ele estava inconsciente de novo, se calhar até estava morto. Não podia ir, era mais rápido correr para fora dali e gritar por ajuda do que voltar a ir lá para baixo, gritar para que ele acordasse.

Antes de saltar para a liberdade, olhou o recinto, principalmente para a zona em que tinha visto o corpo de Quint pela última vez, esse era outro; tinha medo que ele estivesse morto, eles não podiam morrer os dois... Aliás, nenhum deles podia morrer, eram irmãos. Quando Grace percebeu que não havia perigo, saltou encolhendo-se ao ver o sangue seco de Rafael no chão, juntamente com o corpo do outro monstro que também já estava a deteriorar-se. Grace quase vomitou só com o cheiro, mas não tinha nada para vomitar, o seu estômago era só ácido já há algum tempo.
                Abanou a cabeça para tentar abstrair-se e pensar em alguma coisa para chamar ajuda. Mas como? Ela não podia simplesmente correr até casa da avó, ainda ficava longe, pelo menos a uma hora. Porque é que não havia mais pessoas nas redondezas? Tinham sido todas presas? O que é que se passava? Ela percebia tudo menos aquela cidade, que agora parecia uma cidade fantasma, completamente abandonada. Quando chegou à rua, o cenário era igual aos dos filmes ou das séries que ela via. Havia papéis pelo chão que eram levados pelo vento, folhas de árvores cadas e as próprias árvores da mesma forma. Uma das casas estava destrúida como se tivesse sido demolida. Grace tremia de medo, ela nunca se tinha sentido tão horrorizada como hoje, nem como aqueles dois rapazes, ou aqueles dois humanóides que pareciam rapazes, a tinham atacado, nem quando estava quase a morrer e a alucinar enquanto Rafael a levava até casa da avó para a corar. Estava com mais medo da realidade do que a morte. Aquilo era guerra e agora sim, tudo se encaixava. Tinha sido os humanos com os seus erros que tinham feito isto, então deviam ser eles a acabar, mas não, eles nem sabiam. Alguns não sabiam, porque os responsáveis sabiam sempre.

Com um suspiro sofrido, passou as mãos na cara e deu um salto quando ouviu barulho do lado de dentro. Eram pessoas. Finalmente ouvia-se pessoas. Começou a correr de volta ao hall de entrada, com as pernas ainda bambas, e atrás de si começavam agora a chegar jipes equipados. 
                -Mãe – gritou correndo para os braços de Marge, que estava a chegar do lado oposto do dela. Assim que Kate lhe tinha ligado, desesperada por não ter notícias, Marge colocou-se no comboio mais rápido e mal passara pela fazenda. Quando Grace sentiu os braços reconfortantes da mãe, começou a chorar baba e ranho, mas desta vez era apenas alegria, nunca tinha estado tão feliz por ver a mãe. Por puro milagre, Marge começou a dar beijos na bochecha da filha enquanto sentia que podia começar a chorar a qualquer momento também. Tinha estado tão preocupada, que agora que a tinha encontrado não queria saber de mais nada. – eu disse-te para não te aventurares, não disse? – perguntou, mas nem ligou à resposta da filha, começando a apalpa-la como se assim garantisse que ela estava bem. Marge estava com aquela roupa estranha que ela a tinha visto no outro dia, o uniforme dos caçadores e conseguia ver que, tal como Rafael, trazia a corda por baixo de uma proteção.
                -O Rafael – foi a única coisa que ela disse quando conseguiu parar de chorar. Clariou a voz e agarrou-se aos braços da mãe, começando a abana-la – ele está a morrer mãe, ajuda-nos. – Marge ficou mais pálida, fazendo com que a filha olhasse para trás, para ver se havia alguma coisa atrás dela. – O Quint? Sabes do Quint? - Havia tantas coisas na cabeça dela que ela queria saber que nem as suas perguntas eram coerentes.
                -Anda – murmurou agarrando-lhe na mão. Apesar de não querer exactamente salvar Rafael, ela percebeu que se não o fizesse Grace não ia aguentar, não por gostar dele, mas sim porque ela era fraca, humana, não estava habituada a nada disto. Acima de tudo queria ver a filha bem mas, se Rafael fizesse algo de mal, ela já não ia ser tolerante. 
                -Vais ajuda-lo não vais? – perguntou baixinho, ainda agarrada à mãe, mordendo o lábio para impedir que o seu queixo tremesse.
                -Vou, mas ficas aqui em cima, garante que a corda fica presa – já estavam de novo de volta do grande buraco que havia no chão. Grace conseguia ver o corpo imóvel de Rafael por ela, ele estava quase no centro. Apontou para o corpo, para que a sua mãe percebesse. – Vai ficar tudo bem Grace – agarrou-lhe nas bochechas, fazendo-a olha-la e só se afastou quando Grace assentiu.
Com uma enorme agilidade e destreza, Marge saltou para o chão e caiu de pé, como qualquer gato faria. Em poucos segundos, depois de garantir que Rafael estava vivo, Marge agarrou-o ao colo, colocando o seu corpo em cima do ombro, para conseguir subir de novo. Ele não era muito pesado, apesar da força bruta e dos músculos possantes que tinha. Aquilo tinha sido mais fácil do que Grace pensara que ia ser. A sua mãe era uma verdadeira… heroína, e pensar que ela lhe tinha dito tanta coisa de mal fazia-a sentir-se ainda pior.
                Depois de colocar Rafael no chão, sentou-se ao seu lado, tentando recuperar o fôlego, tinha-se esforçado para ser rápida, queria sair dali o mais rápido que conseguisse, para deixar a filha sã e salva.
                -Há um jipe lá fora… - Marge ia continuar a falar, mas Rafael despertou com uma ânsia violenta, agarrando-se ao corpo da mãe de Grace como se ela fosse algo de surreal e imprescindível para a sua sobrevivência. – Não – gritou Marge assim que se apercebeu que era Rafael, fez pressão com as mãos na sua ferida, fazendo-o ganir de dor e voltar a deitar-se enquanto rebolava e gemia – Eu juro que te mato se te mexer mais. – rugiu-lhe. Grace, que estava a assistir a tudo, não se mexeu. Já tinha percebido que ele não estava normal, ou que simplesmente ele não era normal. Realmente, havia algo que não encaixava em Rafael, a forma como falava às vezes... era no mínimo estranha.
                -O que é… - Rafael debatia-se sobre si mesmo, queria tanto… mas tanto… e depois eram as dores, eram tão fortes que desejava morrer já. Marge agarrou num paninho de ceda começando a limpar a sua mão ensanguentada.
                -Ele é um dos outros Grace, o pai dele era um monstro. A tua querida avó preferiu destabilizar a família para tentar ajudar uma coisa que não pode ser ajudada. Podemos morrer todos por causa dele e ela nem se importa, ainda por cima não o manda embora contigo lá dentro – Marge estava furiosa de novo, Rafael era meio humanóide desde sempre, leva constantemente injecções - daquelas que Quint tomava também, mas para razões diferentes -  para tentar não se reger pela fome que sente no dia a dia no meio daqueles caçadores humanos todos. Kate dá-lhe tudo o que ele precisa, só o quer ver bem, acredita que há possibilidade para todos os outros como ele, porque sim, ele era diferente, mas não era mau. Rafael tinha tudo menos a maldade e a raiva dos humanóides comum, mais parecido era o seu meio irmão, Quint, que fazia de tudo para ser mais forte que ele, queria ser sempre o melhor e sentia um ódio profundo sempre que perdia, tanto por si próprio com pelo adversário.
                -Não o vais matar – disse Grace com as lágrimas nos olhos, não estava a conseguir reagir a nada, era demasiada informação para ela. – Ele salvou-me a vida, mais que uma vez, e agora está assim por minha causa. Nunca me magoou, ele… só está assustado e está fraco, não quer magoar ninguém – Grace tinha as mãos no cabelo de Rafael, que agora estava de novo a dormir, sentia que o percebia, como se as peças perdidas do puzzle fossem agora colocadas e o puzzle terminado. O retrato não era bonito, mas sobrevivia-se. – Vamos leva-lo, ele vai ficar bom. Eu e a avó vamos cuidar dele. Dele do Quint
Marge ao ver a filha de uma maneira tão diferente do habitual, tão forte, tão desesperada, apenas assentiu agarrando no corpo de Rafael, que agora estava de novo inconsciente. 
                -Há um jipe lá fora, todos os outros estão a ser evacuados neste momento – retomou a sua fala de há pouco. Começou a andar num passo apressado, que foi difícil de acompanhar, por parte de Grace. Sentia-se melhor apesar da má notícia, estava a voltar para a fazenda e apesar de tudo, a fazenda era um local seguro. Quanto a Rafael... não tinha medo, quando estava com ele, não sentia aquele nojo e repulsa que tinha sentido por instinto com os outros dois Humanóides. Assim que viu o jipe parado à frente do prédio começou a correr, abrindo a porta para que a mãe deitasse Rafael. – Ele não vai acordar tão cedo, mas fica com ele enquanto tratam dele – Grace ficou admirada com o que ouviu da mãe, nunca pensou ouvi-la pedir aquilo, mas não disse nada. 

 

tan tan tan tan!!!

comentem vá lá, até veio mais cedo e tudo

assim que conseguir vou ler os vossos capitulos ^^ 

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  • Helena Pinto

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