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Hidra 8 - Podre

Sábado, 06.04.13

8ºCapítulo

Podre


 

Ao chegar ao Concelho, Grace reparou que ele estava igual ao dia anterior, talvez os monstros não gostassem muito do sol forte que se fazia notar quase durante todo o dia.
                -Vamos – disse Rafael que ia à frente, seguido do irmão. Grace limitou-se a ir atrás, para que não fizesse nenhuma asneira, na verdade estava a morrer de medo, mas estava a fazer-se de forte. Assim que entraram de novo no prédio de antes ouviu-se um estrondo, parecia uma explosão, mas não demorou muito tempo.
                -O que é que se passa? – perguntou ela num tom baixo
                -Estão a tentar sair e são burros – Rafael abanou a cabeça, enquanto Quint ia ao lado de Grace para o caso de acontecer qualquer coisa. Estavam os dois com a cabeça um pouco inclinada para a frente e com espadas na mão, já que as armas estavam na cintura. Só agora é que ela se apercebia de algo… A sua mãe, no dia em que a tinha mandado para a Fazenda tinha vestido um fato do mesmo tom e do mesmo tecido que os casacos pretos que eles vestiam. Grace parou ao perceber mais outra coisa, isso queria dizer que ela andava a caçar. 
                -Grace – ouvi o nome como um alerta, mas já era tarde, não para ela, mas para Rafael. Um dos monstros estavam a ir na direcção de Grace, que ficou distraída e se deixou ficar para trás, mas Rafael tinha corrido a eles a tempo sendo ele quem tinha sido apanhado pelas garras daquela criatura. Quint também tinha corrido na direcção dela, mas não tinha conseguido ser tão rápido. Apesar de desiludido consigo próprio, não parou e correu até à rapariga que tinha caído com o empurrão de Rafael.
                -Estás bem? – perguntou-lhe Quint fazendo-a olhar nos seus olhos azuis, mas ela desviou-os para Rafael, que ainda estava deitado no chão e não se mexia.
                -E...Estou – disse levantando-se, fazendo com que o rapaz loiro ficasse a olha-la preocupado.
                -Rafael – chamou quando se apercebeu que o irmão estava no chão, correndo até ele e Grace. Ela já o tinha tentado acordar com umas palmadinhas, mas não havia modo. Os dentes do monstro, que já estava morto, não se sabe muito bem como, tinham-lhe perfurado o abdómen. Quint começou a apalpar-lhe os bolsos, mas não estava lá nada. Grace olhou-o apavorada e sem saber o que fazer, o que quer que fossem aqueles monstros, havia mais e só estavam lá eles para ajudar. Ela supunha que ouvissem mais caçadores, mas onde é que estavam eles? – Está aqui – o loiro falava para si próprio, tirando do bolso uma seringa, enfiando no braço de Rafael. – Vamos esperar um bocado, aquilo deve fazer-lhe bem, pelo menos para recuperar a consciência.
                -Está bem – foi a única coisa que ela disse. Estava com demasiado medo que lhe acontecesse alguma coisa, não a ela, mas a Rafael. Apesar da forma dele ser, não lhe queria mal. –Ele… - Grace juntou as sobrancelhas numa expressão preocupada e ao mesmo tempo confusa, abanando a cabeça, ele cada vez estava mais pálido e sangrava mais, aquilo não lhe fazia bem nenhum, estava a mata-lo. – O que é que era aquilo Quint? – perguntou Grace num tom elevado, gritando com ele, mas já só o viu a sorrir.
                -O meu nome não é Quint – ao levantar-se, Grace viu ao longe uma cabeça loira caída. Abri muito os olhos ao perceber que era… Deixou de o ver de repente, porque de um momento para o outro, já ela e Rafael não estavam no chão, mas sim num buraco. Rafael estava em cima dela, mas ela mandou-o para o outro lado
                -O que é que foi isto? – perguntou sem perceber. O que Grace não sabia era que se não se tivesse distraído a correr até Rafael quando o viu desmaiado, teria percebido da troca. Quint deixou de ser Quint nesse momento, um humanóide tinha criado um holograma, bastante real. Em pânico e sem saber como sair dali gritou com todas as suas forças, mas parecia impossível, não valia  pena, iam ali morrer os dois.
Quando começou a sentir que não se aguentava em pé, deixou-se cair no chão, olhando para Rafael que continuava inconsciente. De vez enquanto, ela passava os dedos pelo seu pescoço e ele batia, às vezes os batimentos eram um pouco lentos, mas batia. Ele ainda estava vivo. – Acorda Rafael, tens que nos tirar daqui – murmurou ela, colocando a cabeça dele para o chão, enquanto lhe tirava o cabelo molhado da testa. Ele estava a suar em bica, apesar do frio que ali estava. Grace deixou-se adormecer durante umas horas, sendo acordada por barulhinhos, gemidos de dor. – Rafael? – murmurou olhando logo para baixo, passando a ponta dos dedos pelas suas bochechas sem cor.
                -Onde é que estamos? – perguntei sem forças para se mexer rápido, mas conseguindo arrastar-se, para se encostar à parede, ficando ligeiramente sentado. – Ah, que merda – cerrou o maxilar agarrando-se à barriga e respirou fundo tentando conter-se para não dizer mais asneiras nem gritar.
                -Estamos num buraco, não sei como é que caímos para aqui, mas… estamos num buraco do prédio em que entrámos. – tentou explicar-lhe o melhor que pôde. Ele assentiu, mas passando a mão pela cabeça com um suspiro. – O Quint… eu não sei o que se passou mas… - quando ela voltou a olhar para Rafael, ele já tinha desmaiado novamente. – Rafael... – passou as mãos pelas bochechas e puxou-o para ela.

 

Dois dias depois

 

Estava frio, se Grace saísse do lado de Rafael, que era ou estava extremamente quente, ia começar a congelar, disso ela não tinha dúvidas.
                -Sai daqui – mandou ele tentando afasta-la, mas ela não parecia querer. A ferida de Rafael não sarava, pelo cheiro e o aspecto, Grace até podia dizer que aquilo estava a ficar podre. É mesmo essa a expressão, podre. Nos dois dias que tinham passado juntos Rafael não se tinha mexido muito, Grace tentava falar com ele, mas ele continuava a mesma pessoa rude e otária que costumava ser para ela. Muito sinceramente, ela já nem se importava, só queria sair dali viva.
                -Está frio – disse a bater os dentes uns nos outros – se me separar de ti morro de hipotermia – queixou-se baixinho e de olhos fechados. Rafael suspirou desconfortável e encostou a cabeça à parede olhando para o tecto, onde havia uma abertura, tinha que pensar em fazer alguma coisa, mas nem ele conseguia saltar tanto metro e os arcos de Grace não tinham corda para conseguir escalar a parede, mas… ele tinha a corda. Olhou para o seu cinto, onde tinha todas as armas e abriu a boca para falar, tinha que ser Grace a fazer aquilo, mas antes que pudesse sair algum som da sua boca, Rafael começou a ficar ainda mais pálido do que estava, ao ponto de parecer que as suas orbitas dos olhos iam saltar para fora. Ela mordeu o lábio nervosamente, passando um dedo pela sua bochecha, ele não sobrevivia se a infecção se espalhasse mais…
                -Tenho fome – murmurou dele virando-lhe a cabeça na sua direcção. Ela assentiu, ela também tinha fome. – e com sede – acho que pela primeira vez, ela estava a vê-lo assustado.
                -Eu também tenho – disse de forma desanimada. Ao olhar de novo para ele, viu que estava prestes… Ela tinha que o distrair, tinha que fazer alguma coisa para que ele não se fosse a baixo. – sabes quanto tempo é que o nosso corpo demora a desidratar? Apenas três dias, já passamos três dias aqui, eu quero sair daqui, por favor – talvez aquela não fosse a melhor coisa para o distrair, mas ela não conseguia pensar noutra coisa – Vamos pensar… - a mão de Rafael assustou-a quando agarrou no seu braço fazendo com que ela se aproximasse mais dele.
                -Estou a delirar, não ligues a nada do que eu dizer – disse num tom baixo e rouco ao ouvido dela, fazendo-a arrepiar-se, só restava saber se estava com medo ou com alguma vontade de… de lhe dar mimos.
                -Porque é que estás a delirar? – perguntou não conseguindo deixar de sorrir, estava só a tentar ajuda-lo – sou assim tão boa? – ele olhou os seus olhos e assentiu – Nem tu me resistes – tocou-lhe com as pontas dos dedos nos lábios, o que o fez afastar e abanar a cabeça. A expressão dela modificou-se de novo, estava preocupada e confusa, não sabia o que se estava a passar com ele, definitivamente ela não era esperta. Com um suspiro aproximou-se de novo e devagar. – Porque é que estás a delirar
                -Afasta-te – disse apesar de ser ele quem a estava a agarrar, ela ainda tentou dizê-lo, mas já só sentiu os lábios de Rafael passar pelo seu pescoço, deixando-a totalmente atordoada e arrepiada, aquilo era bom, mas ele estava quase a morrer, como é que podia pensar numa coisa daquelas agora?
                -O que é que estás a fazer Rafael? – perguntou com um suspiro quando começou o começou a sentir já no meio do seu peito, junto ao seu decote. – Rafael? – chamou obrigando-se a acordar. Ele fez o mesmo e levantou a cabeça afastando-se depois dela.
                -Deixa-me em paz – gritou-lhe. 

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Hidra 7 - Força e ingenuidade

Sexta-feira, 29.03.13

7ºCapítulo

Força e ingenuidade


                Ao sentir o sol aquecer-lhe a cara, Grace virou-se para o outro lado e sorriu um bocadinho ao ver Quint a dormir. Parecia um anjinho. Deu-lhe um beijo na bochecha e suspirou encostando-se a ele. Hoje a mãe vinha, só tinha passado uma semana desde que estava em Hidra, mas já parecia um ano. Na noite anterior, Grace não disse mais nada apesar das tentativas de Quint de a fazer falar, o pescoço ardia-lhe, mas ela escondeu-o com o cabelo e adormeceu de costas viradas para o loirinho, mas agarrada à sua mão. Não queria dormir sozinha depois do que tinha acontecido, não só com Anastácia, mas com tudo, e estava fora de questão pedir a mais alguém para dormir com ela.
                -Já estás acordada? – perguntou Quint que tinha despertado com os movimentos na cama. Grace assentiu de modo a que ele notasse, o que o fez dar-lhe festinhas no seu cabelo loiro. – O que é que aconteceu ontem Grace? Estás assustada? Fala comigo – Grace foi obrigada a olhar para ele, visto que este lhe segurava o rosto com a mão.
                -Eu estou bem, só precisava de companhia – disse num tom mais baixo, ela já não se reconhecia a si própria, tinha medo de tudo o que se mexia, até da sua própria sombra. Sabe-se lá se não é um monstro!
Quint não insistiu muito na conversa e deixou que ela se agarrasse a ele, até o rapaz voltar a adormecer e, por já não conseguir fazer o mesmo, Grace levantou-se com muito cuidado e foi até à cozinha onde estavam todos, incluindo Anastácia que estava com melhor aspecto, mas só olhava a comida. Mal a viu, voltou para trás embatendo contra o peito de Rafael. Ele olhou-a de lado e afastou-se, ia ignora-la no preciso momento em que viu o pescoço dela.
                -O que é isso? – perguntou ele agarrando-lhe no pulso e Grace já só se viu dentro da casa de banho, com o pescoço destapado, que agora ardia ainda mais pelas mãos de Rafael estarem tão perto. Ela gemeu de dor e fechou os olhos com força.
                -Foi a Anastácia – disse abrindo os olhos para o olhar – eu sei que não vais acreditar em mim, ela é a tua namorada, mas – quando deu por si já estava com as mãos a agarrar-lhe a camisola que trazia vestida – ela atacou-me ontem, ela é como os outros do bar, Rafael, acredita – abanou-o ligeiramente. O rapaz estava a olha-la com os olhos um pouco mais abertos que o normal, mas não se mexia.
                -Isso é impossível, se a Anastácia fosse um Humanóide eu… - parou para pensar durante uns segundos para depois assentir para si próprio – se ela fosse isso eu conseguia sentir.
                - Ela atacou-me, isto prova tudo – apontou para o pescoço – o Quint chegou no preciso momento, por isso é que eu estou viva. – Grace parecia tão apavorada que Rafael até chegou a reconsiderar, mas não conseguiu acreditar, por mais que quisesse não conseguia. Ele estava muitas vezes com ela, andava ali pela fazenda como se nada fosse, só se... não.
                -Eu trato-te disso – disse ele agarrando na caixa de primeiros socorros que estava no armário, sentou Grace em cima da sanita e começou a desinfectar a ferida com as folhas de Kate.- Isso já te passa, essas folhas são milagrosas para nós – voltou ao seu tom seco e virou costas para sair, para deixar a rapariga sozinha, mas acabou por não o fazer. – Anda comigo. Queres treinar não é? Então aprende comigo – agarrou-lhe na mão e começou a puxa-la para o campo de treinos, não lhe dando oportunidade de ficar quieta no seu sítio
                -Deixa-me Rafael, o meu treinador é o teu irmão e a minha mãe deve estar a chegar.
                -Que se lixe a tua mãe – agarrou numa catana para lhas passar para a sua mão. – Isso é uma catana, uma espécie de faca gigante que é mais usada para cortar arvoredo do que para matar, mas chega para te defenderes.
                -Eu só sou boa no arco – ripostou.
                -Não interessa, tens que te saber defender quando não estás com ele – agarrou  noutra catana e começou a ir na direcção dela.
                -Tu queres matar-me – disse ela afastando-se à medida que ele se aproximava.
                -Ataca-me Grace, não é a fugir que vais aprender. – Grace cerrou o maxilar enquanto o olhava e acabou por respirar fundo, parar de fugir e começar a golpeá-lo.
Rafael estava a perguntar-se a si próprio porque é que a estava a ensinar, ele achava-a fraca, incapaz de suportar tudo isto de uma só vez. Talvez pensasse isso, mas no fundo soubesse que dentro dela há uma guerreira, ela não era uma humana, pelo menos não uma humana normal, talvez fosse por causa disso. Ele não estava a levar aquela luta a sério, estava apenas a tentar ensina-la, mas chegou a um ponto em que Grace estava tão cansada e a suar por todos os lados que chegou a cair no chão completamente esgotada, e ele teve que ir ajuda-la a levantar-se. 
                -Todos os fortes são levados para o meio da batalha, todos os ingénuos são os primeiros a morrer – Grace estava a olhar para os seus olhos grandes e pretos, estava a tentar tirar algum sentimento que vivesse nele e ao mesmo tempo a tentar perceber o que ela queria dizer com aquilo. – tu és as duas coisas Grace, tenta não ser morta. – mandou a catana que tinha na mão para o monte e começou a subir as escadas, deixando a rapariga sozinha dentro do campo de treinos. Então era assim? Ele ensinava-a uns truques quaisquer em duas horitas e depois dizia que ela era forte, mas ingénua? E que ia acabar morta por isso?
Grace suspirou passando as mãos pelo cabelo e estava quase a recompor-se para subir as escadas quando Kate apareceu.
                - A tua mãe chegou, o que é que estás aqui a fazer? Devias estar no teu quarto – disse a senhora preocupada – não me faças chatear com a Marge querida, tu sabes como ela é. – Grace estava tão cansada que apenas assentiu dando um pequeno beijo a avó.
                -Diz-lhe só que vou tomar banho – sorriu-lhe um bocadinho e foi até ao seu quarto, tomando um duche rápido para não fazer a mãe esperar. Decidiu vestir apenas uma roupa mais velha e uns chinelos de enfiar no dedo, e assim que desceu todos ficaram de boca aberta.
                -Porque é que estás assim vestida? – perguntou Marge indo na direcção da filha para lhe dar um beijo. Grace olhou a mãe depois de retribuir o seu beijo na bochecha e encolheu os ombros.
                -Não te irrites com a avó, eu fui atacada logo depois de me teres deixado aqui.- disse ela decidindo não parar antes que fosse interrompida – ela não teve escolha senão contar-me tudo. Quando é que me ias dizer mãe? – perguntou cruzando os braços – sempre fui mais forte que todas as outras em todos os sentidos, mas pensava que era apenas sorte, afinal é uma maldição.
                 -Cala-te – ela esperava ter ouvido aquilo de Marge, mas esta estava demasiado apática para falar, quem o fez foi Rafael, que estava num canto, encostado à parede a olha-la – não é uma maldição, proteges o Mundo se fizeres alguma coisa, proteges os teus amigos humanos, não é nenhuma maldição, não fales de uma coisa que nunca experimentaste – desencostou-se da parede olhando-a por mais uns segundos à espera de uma reacção, mas como não aconteceu nada, apenas saiu. Quint estava calado a olhar para a mesa, tinha uma expressão triste e desiludida no rosto, talvez se tivessem sentido ofendidos.
                -Eu queria proteger-te – foi a vez de Marge falar, ao contrário do que todos pensavam, ela não estava furiosa, estava até triste – uma vez foste atacada – afastou-lhe a camisola na zona do ombro, fazendo Grace afastar-se, mas a sua ferida já não existia – eras muito pequena, não te lembras de nada, mas choraste tanto Grace, tanto. – abanou a cabeça mostrando-lhe uma cicatriz – aí eu percebi que não pertencias a este lugar, merecias ser normal, brincavas tanto com as outras crianças que não eram iguais a ti, eras feliz.
                -Fizeste a escolha errada – nem Grace pensou que a sua voz lhe saísse tão dura – graças a ti, já não me conheço. Criaste uma pessoa que nunca existiu – Kate e Marge abriram a boca para falar, mas nada disseram enquanto ela subia as escadas. Precisava de espaço para pôr a cabeça em ordem. Marge decidiu ir embora, nem discutir com a mãe, até lhe agradeceu por tomar conta dela, disse que ia ficar por Hidra, mas que não queria estar na fazenda, isso só ia fazer pior a Grace.

 

  No próximo capitulo:

 

                 -O que se passa? – perguntou sentando-se na sua cama. Quint cerrou o maxilar e virou a cara para olhar para a janela – Quint?
                -Eu não sou bom o suficiente? 

(...)

 

                -Leva o teu arco – disse o loiro saindo à pressa do quarto dela. Grace foi buscar o arco que lhe tinham dado e desceu até onde estavam todos.
                -Algo que passa no Concelho. – informou Susie que olhava muito atentamente para o telemóvel. - Estão todos escondidos nas caves de segurança e não conseguem sair, estão encurralados e precisam de ajuda.

 (...)

Dois dias depois

 

A ferida de Rafael não sarava, pelo cheiro e o aspecto Grace até podia dizer que aquilo estava a ficar podre. É mesmo essa a expressão, podre. Nos dois dias que tinham passado juntos Rafael não se tinha mexido muito, Grace tentava falar com ele, mas ele continuava a mesma pessoa rude e otária para ela.  

 

 

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Hidra 6 - Canibalismo?

Sábado, 23.03.13

Isto está a coisa mais pequena de sempre, vocês deviam querer matar-me -.-, mas eu compenso no próximo capitulo. Provavelmente só vou postar no sábado, ou ainda na sexta, porque hoje vou para Gouveia e só volto na quinta nao sei a que horas.

 

6ºCapítulo

Canibalismo?


 

 

 

                -O que é que eu faço? – perguntou de joelhos ao lado dele passando a mão pelo seu cabelo, apertando-o mais no seu rabo de cavalo. Ele abriu a boca e olhou para o pedaço de pedra que o cobria. Grace abanou a cabeça, ela não tinha força. – Calma – disse mais a ela própria do que a ele. – Eu consigo – murmurou colocando as mãos por cima da pedra e colocando toda sua força nas suas mãos, mas nada aconteceu.
                -Grace – chamou Quint já a começar a entrar em pânico. – Eu não consigo… - Quint não conseguiu terminar o que estava a tentar dizer, não tinha qualquer ar nos pulmões e estava a ficar meio roxo. Até Grace, que às vezes conseguia ser muito lerda, percebia que se ele continuasse ali debaixo mais uns segundos não ia conseguir sobreviver. Ela voltou a tentar afastar tudo aquilo, mas era escusado, não tinha força suficiente para aquilo. O desespero começou a instalar-se no seu peito fazendo-a hiperventilar enquanto agarrava no único braço de Quint que estava fora.
                -Aguenta por favor – pediu baixinho encostando a cabeça à dele e quando a voltou a levantar foi para chamar Rafael, mas ele já a tinha tirado tudo de cima do irmão apenas num instante, enquanto Grace nem num segundo tinha conseguido mover aquilo. – Acho que vou vomitar – dito e feito, o pouco que tinha comido, Grace deitou fora, Rafael tinha razão, era demais para ela. Não! Não, não tinha razão, Rafael não gostava de competição, era por isso que a tratava tão mal, ela estava convencida disso. 
                -Estás bem? – perguntou Quint, Grace assentiu.
                -Estou – respondeu Rafael, fazendo com que a rapariga olhasse para eles os dois, Quint não estava a falar com ela, estava a falar para o irmão que estava ligeiramente abatido e com o maxilar cerrado. – Vamos embora agora antes que vos matem – disse ajudando o loiro a levantar-se. Grace correu atrás deles, ainda meio tonta, para fora do edifício e agarrou-se à mota para não cair.
                -E agora? Eu não sei andar de mota e ele não está… – apontou para Quint que já tinha recuperado a cor e já estava como novo – pelos vistos está.  - ouvi algo cair, fazendo-a olhar para baixo e juntou as sobrancelhas ao ver uma seringa.
                -Eu estou bem – disse Quint fazendo uma careta quando tocou no seu braço que estava apenas ligeiramente arranhado. – São só uns arranhões – sorriu fazendo-se de forte e indo para cima da mota, sob o olhar atento de Rafael, ele sabia que por vezes o irmão era demasiado orgulhoso para admitir dor. Grace assentiu e foi para trás dele na mota tentando segurar-se apenas à sua roupa que também não estava muito bem estimada.

 

Ao voltar para a Fazenda, Grace viu Kate num estado desesperado à porta da entrada.
                -Estás parva, Grace? Se a tua mãe sabe não és só tu que estás morta, sou eu também. – ralhou ela fazendo a neta encolher os ombros ainda ligeiramente enjoada. A única coisa que queria saber agora era da mãe, era graças a ela que Grace tinha quase morrido, se a ela soubesse defender-se minimamente estaria tudo bem agora.
                -Ela não precisa de saber se não lhe contares. – Kate até susteve a respiração, se Marge soubesse… Ela era a fúria em pessoa, essa fúria não podia ser despertada. Porém a preocupação de Kate desviou para Quint quando ele cambaleou, mas tentou disfarçar continuando a andar e depois para Rafael que estava demasiado pálido.
                -O que é que aconteceu no Concelho? – perguntou, Rafael passou por ela e parou abanando a cabeça.
                -Está completamente vazio, só há mutantes, vamos rezar para que não estejam mortos – disse num tom seco e um bocado irónico – vou sair daqui – disse com um suspiro dando meia volta e agarrando na sua mota para sair.

 

Grace tinha preparado um chá para si própria, o que na verdade era um autêntico milagre, mas não se deu ao trabalho de festejar. Estava um caco, precisava de descansar e colocar a cabeça em ordem, em dois dias tinha acontecido demasiadas coisas. 
                -Olá – ela estremeceu quando viu Anastácia. – Desculpa, não te queria assustar. – disse com um sorriso cansado. Estava pálida e os olhos dela estavam estranhamento esbugalhados.
                -Precisas de alguma coisa? – perguntou Grace, ela não percebia como é que a conseguia odiar tanto, porém ela não parecia muito saudável. Anastácia assentiu e olhou em volta.
                -Acho que precisava de comer alguma coisa, mas não sei o quê –  começou a andar à volta da mesa da cozinha, onde Grace estava, enquanto olhava para a bancada.
               -Come uma maçã, não estás com um aspecto muito bom - Grace encolheu os ombros com um sorriso divertido, mas Anastácia não pareceu gostar, porque de um momento para o outro Grace só a sentiu atirar-se para cima dela e algo húmido que ardia no seu pescoço. Ela gritou histéricamente tentando prender-lhe os braços.
                -Larga-me – gritou finalmente conseguindo prender os seus braços e para-la. Levantou-se e fez com que a morena se debruçasse sobre a mesa ficando a salivar para esta. - Lá se vem o meu chá - murmurei Grace para si própria. 
                -Tenho fome – a voz de Anastácia saiu completamente desesperada e irritada, estava a tentar escapar das mãos de Grace, mas estava fraca e tinha sido descoberta, por isso o melhor era não lutar. – Não contes. – pediu de olhos arregalados e por momentos pareceu voltar ao normal.
                -Grace? – Quint fez uma careta ao ver Grace agarrar os braços da cunhada – estão bem? – perguntou-lhe fazendo com que ela assentisse e largasse Anastácia afastando-se dela o mais rápido que conseguiu.
                -Podes vir para o quarto comigo, por favor? – perguntou baixinho agarrando-se ao seu braço, pela primeira vez desejava ter o seu arco perto dela para acabar por aquela coisa... aquela criatura.. agora percebia porque é que não gostava dela.

 

Boas férias.

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Coming soon

Sexta-feira, 22.03.13

               -O que é que eu faço? – perguntou de joelhos ao lado dele passando a mão pelo seu cabelo.

Grace abanou a cabeça, ela não tinha força.

(...)

                -Grace – chamou Quint já a começar a entrar em pânico. (...) -Aguenta por favor.

(...)

-Olá – ela estremeceu quando viu Anastácia. (...) -Acho que precisava de comer alguma coisa, mas não sei o quê –  começou a andar à volta na cozinha enquanto olhava para a bancada (...) -Larga-me!! – gritou histericamente a rapariga loira 

 

 

 

É pouquinho eu sei, mas no sábado vem mais, sim?

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Hidra 5 - Mulher de arco e flecha

Domingo, 17.03.13

5ºCapítulo

Mulher de arco e flecha


 

 


 

                -Não, eu só te contei para teres cuidado Grace, eu não vou deixar que te metas nisso. A tua mãe disse que isto não era lugar para ti, ela queria que fosses uma criança normal, que nascesses como uma humana simples e vais continuar assim – disse Kate decidida.
                -Desculpa avó, mas não me podes impedir. – Desde quando é que ela continuaria a ser uma humana simples? Tinha quase morrido com veneno daqueles… no seu corpo, tinha sido atacada e agora que sabia de tudo, ou de um bocado do que era a vida real não ia voltar a ser a mesma. Apesar de tudo, ela já não era uma criança.
Quint não lhe tinha conseguido resistir, se é que tentou fazê-lo, disse logo que a podia ensinar a fazer o que quisesse.
                Neste momento Grace estava em frente a um saco de boxe, o rapaz, seu treinador tinha-lhe dito que era só dar um murro e pontapear de vez enquanto, até fez uma demonstração que Grace achou deveras sexy. Quint era um rapaz muito... bonito, talvez quisesse passar mais tempo com ele. Para a ensinar claro.
                -Concentra-te – pediu Quint. Grace assentiu com uma expressão séria enquanto olhava para o seu “inimigo”,  mas assim que lhe lançou um murro deu um grito estridente e agarrou-se à mão gemendo de dor.
                -Aiaiai, isto dói – disse quase com as lágrimas nos olhos. Rafael não tinha feito barulho nenhum, mas estava a assistir, neste momento tentava não se rir, mas não conseguiu aguentar.
                -A sério que estás a tentar Quint? – sentou-se no sofá do fundo da sala de treinos e abanou a cabeça – é um caso perdido. – Quint olhou para o irmão meio irritado.
                -Deixa-a Rafael, ela está a tentar. – Defendeu a rapariga. Grace virou-se para Rafael que agora estava mais sério e enquanto massajava o pulso, esboçou um sorriso cínico.
                -E vou conseguir! – disse com um ar superior passando as mãos pelo seu cabelo e prendendo-o ainda melhor à cabeça. – Outra vez.  – disse decidida, fingindo que não lhe doía.
Grace tentou fazer o mesmo vezes e vezes sem conta até estar esgotada e faminta. Apesar de todo o seu esforço e boa vontade, não conseguia bater no saco de box sem se magoar. No fim, Quint tinha-lhe dado umas luvas para que tentasse, mas nem assim, ela não tinha muita força, pelo menos não tanta em comparação com Susie, porque em comparação com outras raparigas humanas ela dava cabe delas.
 Anastácia e Susie estavam ambas no jardim, tinham-se tornado bastante amigas desde que a primeira tinha chegado a Hidra, mesmo não sendo Susie uma rapariga de grandes amizades. Grace, que já tinha tomado banho e se arranjado para jantar, foi devagarinho ter com elas, olhando as duas. Não gostava especialmente de Anastácia, apesar desta ser querida e simpática para ela, ao contrário de Susie, o que era um pouco contraditório, mas ela tinha as suas manias.
                -Alguém te chamou para aqui? – perguntou a rapariga antipática, fazia-a sempre lembrar-se de Rafael.
                -Oh deixa-a Susie, ela não tem amigas por aqui! – repreendeu Anastácia. Grace olhou-a e acabou por abanar a cabeça arranjando uma desculpa para sair dali rápido.
                -Não, eu só queria perguntar se… alguma de vocês tem… - pensou um bocadinho, mas acabou por encolher os ombros virando costas – esqueçam, eu peço à minha avó. – disse começando a ir para dentro de casa sob o olhar confuso das duas raparigas.
Quint estava a sair de casa e já era de noite, mais tarde o jantar estaria pronto. – Onde é que vais? – perguntou Grace, porém Rafael apareceu descendo as escadas e foi ter com o irmão.

               -A nenhum lado que te interesse miúda – disse logo Rafael, interrompendo o que Quint ia dizer.
                -Pára de ser antipático, seu estúpido!! – alterou-se Grace agarrando numa jarra da avó e atirando-a com pontaria à cabeça dele. – Estás sempre a ser mal criado comigo e eu não te fiz nada! – gritou-lhe irritada, só se apercebendo depois que ele estava a sangrar. Abriu ligeiramente a boca e aproximou-se dele. – Desculpa.. – pediu. Quint estava com os olhos arregalados e olhava para Kate que estava à porta da sala a olhar para tudo meio perplexa. Grace abriu a boca para pedir desculpa mais uma vez, mas não ia descer tão baixo, a culpa era dele. Se não fosse tão estúpido e respondão nada disto tinha acontecido. Rafael estava com uma mão no olho e tinha a cara toda manchada com o seu sangue de um escarlate muito clarinho. 
                -Eu vou matar-te – disse com o maxilar contraido, saindo da sua frente para que não fosse já ali. Quint riu-se quando Rafael desapareceu para se ir limpar, e quando Kate desapareceu, ele mordeu o lábio olhando para as suas mãos e depois para Grace.
                -Acho que já sei um dos teus talentos.

Hidra Mulher de arco e flecha - Um dia depois


                -Atira agora – gritou Quint e assim que Grace fez o que ele pediu, a flexa foi directamente parar ao ponto minúsculo vermelho. O rapaz loiro bateu palmas às gargalhadas, só lhe faltava rebolar no chão. Ele estava completamente entusiasmado e admirado com o jeito que rapariga levava para aquilo. Grace riu-se das suas figura e respirou fundo com um sorriso.Pela primeira vez ela sabia que era boa a fazer alguma coisa. Ela nunca soubera isso, havia momentos em que se punha a pensar e até ficava desapontada com ela própria. A sua mãe e avó eram óptimas em tudo, Mae era óptima a cozinhar, até já tinha ganho um prémio num concurso, as suas amigas eram todas boas em algo desde que variassem entre organizador festas e música, já ela não era boa em nada. Até agora.
                -Eu nasci para isto – disse passando a mão pelo seu peito brincando consigo própria no preciso momento em que Rafael voltou com uma cara nada agradável e um corte minúsculo ao lado do olho.
                -Despacha-te Quint, há um alarme no Concelho. – Rafael estava só a centrar-se no irmão para não matar Grace, porque estava com uma vontade incontrolável de o fazer desde o dia anterior. Grace sorriu quando viu que ele estava todo amuadinho e agarrou numa das flechas de borracha atirando na direcção dele, mas Rafael apercebeu-se a tempo e agarrou na mesma, não se conseguindo livrar da próxima que se seguiu e lhe acertou na zona do coração. Irritado, atirou a flexa que tinha apanhado na direcção dela, mas ela desviou-se e começou a rir-se.
                -Tira essa cara de mongo. – gozou com ele e olhou para Quint com um sorriso – posso ir com vocês? – perguntou, aliás aquilo não era uma pergunta porque se Quint negasse ela ia acabar por ir na mesma.
                -Claro que não, mete-te na tua vida de princesa Grace, deixa-nos em paz, limita-te a ficar como és mesmo – desta vez Grace não gostou do que ouviu e subiu as escadas na sua direcção.
                -E o que é que eu sou mesmo? – perguntei olhando-o nada bem disposta. 
                -Uma princesinha no teu mundo fantástico e cor de rosa – disse no mesmo tom mal humorado de sempre. Ela agarrou com mais força no arco e com a mão livre começou a bater-lhe com um dedo.
                -Tu não sabes de nada – gritou-lhe e estava pronta a gritar mais com ele, mas Quint agarrou-a pelos ombros e levou-a para fora do campo de treinos, fazendo-a subir as escadas até à sala.
                -Tem calma com o Rafael, não lhe dês ouvidos – riu-se – anda desanuviar, eu levo-te lá, mas leva isso – apontou para o arco e para as flechas, ela assentiu e colocou tudo às costas. 
                -Obrigada loirinho – agarrou-se a ele com um sorriso.
Rafael não gosto da ideia de Quint trazê-la, ainda lhe acontecia alguma coisa e depois o culpado acabava sempre por ser um deles. Ainda para mais ela era neta de Kate e ele não se ia sentir bem com mais nenhum dano que pudesse acontecer naquela cabeça oca.
O concelho ficava no centro de Hidra, Rafael foi sozinho na sua mota enquanto os outros dois foram na de Quint e quando lá chegaram, Grace ficou de boca aberta e de olhos arregalados. Aquilo era grande demais para Hidra, ela nem memória tinha daquele lugar, mas sabia que Hidra não era assim um país tão grande para ter uma cidade daquelas. Os prédios do centro tinham mais de sessenta andares sem exagerar, porém Grace não teve muito tempo para se deixar deslumbrar porque Quint agarrou-a pela mão para que corresse. Com aquilo tudo não tinha percebido que cães raivosos estavam atrás deles, prontos a atacar.
                -Acorda Grace – gritou Rafael quando a viu completamente distraída, ele não podia acreditar que aquilo estava a acontecer, até eles tinham conseguido entrar. Estes mutantes eram dos mais fracos, apesar da sua força e de se saberem desviar bem das balas de prata. Prata era uma das coisas que resultava para matar, alguns deles tinham-se tornado alérgicos e morriam rapidamente após serem baleados.
                -O que é que eu faço? – perguntou Grace olhando para Quint que abanou a cabeça concentrando-se para atirar uma bala certeira à cabeça, do que Grace pensava ser, um cão.
                -Desenrasca-te, é o teu treino. – Grace olhou-o incrédula, mas ele já estava a entrar no edifício principal. Aterrada pelo medo foi atrás dele, ainda tinha procurado por Rafael, mas nunca mais o tinha visto.
                Tinha sido má ideia, o edifício principal tinha um hall de entrada gigante que estava destruído e sem reparos possíveis. A rapariga engoliu em seco e passou as mãos pela cara, prendendo depois o seu cabelo num carrapito sem jeito. Era o seu treino, apesar de ela estar aos tremeliques, ela ia conseguir salvar-se a si própria sem ajuda de ninguém. Estava decidida a isso.
                -Oh meu deus, isto está cheio deles – murmurou cheia de medo. Alguns dos mutantes eram tão grandes e fortes que só a cabeça deles já tinham deitado paredes ao chão. Grace saltou quando ouviu um estrondo e escondeu-se atrás de uma jarra que era maior que ela. O seu coração estava aos pulos no seu peito, ela só queria ir embora, mas não podia. Um dos seus gritos ecoou pelo antigo hall de entrada, quando se apercebeu que um lobo gigante, preto, de boca aberta, com duas fileiras de dentes brancos a verem-se estavam prestes a vir na sua direcção para a atacar. Mas, num acto de pura coragem –ou desespero –, Grace atirou uma flecha de olhos fechados e caiu no chão devido a um estrondo que fez a sala toda tremer. Quando abriu os olhos, arregalou-os vendo o monstro morto no chão. Ela suspirou e levantou-se ainda toda a tremer. Procurou Quint e Rafael pela sala e ia gritar pelo primeiro, mas não queria despertar mais nenhum dos monstros. Estava pronta para sair dali a correr quando ouviu um gemido.
                -Grace... – ela olhou em volta até que viu Quint debaixo do que restava de uma parede.

Estava com os olhos muito abertos e muito pálido, devia ter ficado encurralado quando se ouviu um dos estrondos e agora, para além de não se conseguir mexer, não conseguia respirar.

 

Será que ele se safa? Isto está grave...

Os comentários de quinta foram pouquinhos, mas eu desculpo na mesma.

Beijinhos e espero que gostem.

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Hidra 4 - A verdade mais louca II

Quinta-feira, 14.03.13

4ºCapítulo

A verdade mais louca - Parte II

 

 


Com um suspiro cansado Grace acordou, abrindo os olhos, já não estava na sala, estava no seu quarto, se ela soubesse que tinha sido Rafael a trazê-la ainda lhe dava uma coisinha má. Quando acordou para a realidade saltou da cama e desceu as escadas à pressa olhando depois para Quint que estava no sofá a rodopiar uma faca na mão. Ela arregalou os olhos e deu dois passos. Eram todos loucos aqui não eram?
                - Porque é que estás com uma faca na mão? – perguntou afastando-se. Quint olhou para a faca despreocupadamente e fez uma careta.
                - Ainda não te disseram? A Kate disse que ia contar – encolheu os ombros e foi ter com ela com um sorriso maroto. – Deixa ver – pediu aproximando-se do seu pescoço. Grace ficou estática enquanto ele lhe tentava ver a ferida e mordeu o lábio.
                - Onde é que a minha avó está? – perguntei olhando Quint que estava a admirar o corte perfeito e mais do que cirúrgico. 
                -Está aqui – Kate entrou, como sempre a tempo de ouvir a neta perguntar por ela. – Estás melhor? – Grace assentiu e foi sentar-se esperando uma explicação por tudo.
                -Então como é que foi ser atacada por Humanóides? – perguntou Susie entrando na sala com um sorriso cínico e os braços cruzados ao peito.  Kate arregalou os olhos e fez um gesto para que Grace se acalmasse.
                -Humanóides? O quê? Isso não são robôs? – perguntou levantando-se na direcção da avó. Susie arregalou os olhos e olhou para a senhora que a repreendeu com o olhar, assim que percebeu que tinha feito asneira foi embora na direcção do quintal.
                -Tem calma, não, não são robôs. – Kate suspirou – Quer dizer são, mas também se usa para pessoas diferentes… - tentou explicar com alguma dificuldade e sentou-se ao lado de Grace que se tinha sentado de novo.
                -Muito diferentes – Quint foi sentar-se no seu lugar e recomeçou a brincar com a faca.
                -São aberrações da natureza, que o Homem criou. – continuou Kate algo irritada, isto não estava a correr bem e Grace ia ficar maluca quando soubesse toda a verdade. – Eles alimentam-se de pessoas – disse de uma vez mas num tom calmo e paciente – são monstros que todos nós aqui tentamos combater – explicou ela.  Grace estava a olhar para a avó com uma expressão demasiado neutra.
                -Puseste bebida no pequeno-almoço? – perguntou depois de algum silêncio – eu lembro-me que o meu pai gostava muito disso.
                -Não, estou a falar bastante a sério. A tua mãe vai ficar fula quando souber que te contámos, mas tens que saber de quem descendes. Tu não és uma humana qualquer Grace. – Aquela pequena frase “tu não és uma humana qualquer Grace”, chamou a atenção da mesma. – Tens mais força, mais resistência, tens tudo a duplicar, e ainda serias mais se treinasses como todos os outros – ela juntou as sobrancelhas, aquilo já parecia mais credível, mas agora Humanóides? Que aquela gente se cuidasse por favor.
                -Nós caçamos todos os monstros como os humanóides. – Quint falou lançando a faca a um alvo e voltou a olhar para Grace com o seu sorriso deslumbrante. – Vais ter que acreditar em nós beleza, e se isso não aconteceu eu mostro-te o Concelho.
                -Concelho? – perguntou confusa.
                -Não, calma. Cada coisa a seu tempo – Kate fez questão de manter a calma.  – Grace, olha para mim – pediu a avó – tu não podes confiar em mais ninguém, todo este tipo de aberrações andam à solta e se conseguiram passar a muralha é porque estão irritados, esfomeados, mas principalmente, bem treinados. Este tipo que te atacou pensa, mas está contaminado pela fome e pela raiva. Se eles conseguem ser tão bons como nós somos – apontou principalmente para Quint – poderá acontecer muitas mortes.
                -Eu…
                -Eu disse que ela não ia aguentar, olha só o ar louco dela – apontou Rafael quando entrou abanando a cabeça com um suspiro.
                -Aguento sim! – guinchou com um ar mimado só mesmo para irritar Rafael.
                -Rafael, ela foi educada de modo diferente, é normal que não esteja preparada. O Concelho fez questão de esconder isto muito bem de todos que estão fora de Hidra. – repreendeu Kate.
                -Expliquem-me melhor – pediu Grace respirando fundo, mas depois continuou – existem monstros é isso? – perguntou fazendo a avó assentir. – E nós somos os bons? – olhou em volta – não estamos em nenhum programa de apanhados pois não? – esta última pergunta fez com que Rafael levasse as mãos ao cabelo e à cara enquanto Rafael se ria desalmadamente.
                -Não, os monstros por quem foste atacada ontem são os piores de apanhar, têm veneno, são rápidos, têm aspecto humano, apesar de algumas diferenças, e para além disso pensam, ao contrário de ti – Rafael levantou-se quando a porta se abriu, tinha percebido que era Anastácia e queria fugir daquela conversa, que não era de todo agradável.
                -Eles eram estranhos, todos… pálidos e…
                -São pálidos quando têm fome – explicou Kate com um meio sorriso – a fome deles não é igual à nossa, eles querem a nossa carne, as nossas entranhas, como os zombies da tv – puxei um pouco a sua própria roupa e acabou mesmo por suspirar. – Tens que ter cuidado.
                -Porque é que a minha mãe me mandou para aqui? – perguntou Grace irritada. - Eu nunca fui quase morta onde vivia! – reclamou.
                -Porque eles até à pouco tempo estavam presos, mas conseguiram liberta-los, os mais ou menos treinados conseguiram passar a fronteira e o Concelho não se deve ter apercebido disto, ninguém agora está em salvo Grace, Hidra é o lugar mais seguro de sempre.
                -Eu preciso de apanhar ar – foi a única coisa que Grace disse depois de algum silêncio. Olhou para a porta das traseiras e levantou-se saindo por lá, sendo seguida por Quint que vinha todo sorridente.       
                -Não precisas de ter medo, sabes? Eu estou aqui para proteger – sorriu a Grace que levantou o olhar e sorriu-lhe ligeiramente.
                -A minha mãe sabe disto? – perguntou sem saber se ele sabia a resposta.       
                -Claro que sabe Grace, eu não sei a história, mas ela desistiu de ser Caçadora. – Grace ficou levemente corada devido à raiva que estava a sentir. Todos sabiam menos ela?
                -Queres ensinar-me? – perguntou do nada, colocando-se à frente dele. – Ensina-me, por favor. Eu quero ser uma Caçadora.

 

Isto foi tudo à pressa, deve estar cheio de erros mas eu prometi que postava hoje, aliás, eu prometi que era ontem mas surgiram imprevistos e tive que postar hoje. Hoje vou sair, vou à festa do baile de finalistas ^^ 

Comenteeeeeeeeeem que sábado há mais ^^ 

beijinhoooooos

 

espero que gostem.............

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Hidra 4 - A verdade mais louca I

Sábado, 09.03.13

Mais uma vez o capítulo está divido em duas partes, não sei quando posto a segunda, mas pelo menos até quarta ele sai.

Ainda bem que estão a gostar

Obrigada por tudo.

 

4ºCapítulo

A verdade mais louca - Parte I

 


 No capítulo anterior:

          O que aconteceu a seguir foi muito rápido, Grace não se apercebeu de metade; mas Rafael apareceu, estava ileso, mas o seu braço estava ligeiramente arranhado, apesar de não haver sinais de sangue. Quando percebeu que Grace estava em pânico, sem saber o que fazer, e prestes a ser morta por aqueles dois, correu até eles matando o loiro apenas com uma mão, torcendo-lhe o pescoço. Grace já não via nada à frente, os esforços que fazia para se soltar eram inúteis e estava prestes a deixar-se levar, culpando a mãe por tudo o que estava a acontecer.

 


                -Morre – gritou Rafael saltando para as costas do outro, sufocando-o acabando por ter o mesmo fim que o amigo. A loira estava estática a olhar para o nada e o seu corpo tremia sem que ela conseguisse ter poder sobre ele. Tinha o ombro com um corte que não era muito grande, mas era grave devido ao veneno potente que estes monstros produziam nas suas glândulas salivares.
                -Eles estão mortos – disse baixinho quando percebeu que já ninguém a segurava e começou a sentir as pernas bambas, pensando que era do nervosismo, mas na verdade era tudo efeitos secundários do seu corte– Estão mortos – repetia sem parar. Rafael olhou-a e foi ter com ela, os seus olhos azuis estavam vidrados. Como é que poderia leva-la na mota? 
                -Anda – agarrou-lhe num braço e quando ela não se mexeu rodeou os seus ombros, mas ela recusou-se a sair dali. – Grace – olhou-a juntando as sobrancelhas e colocou-se à frente dela agarrando-a ao colo. A rapariga rapidamente se agarrou instintivamente ao corpo quente - aliás, que fervia - de Rafael. Ele fez uma ligeiramente careta, mas não falou nem tentou fazê-lo enquanto andava até à fazenda de Kate. Rafael andou durante uma hora, sem parar, a fazenda ainda ficava longe da cidade apesar do seu passo rápido e urgente devido ao ferimento da rapariga.

Quando ele a deitou no sofá, Grace começou a ficar mais pálida e com os olhos esbranquiçados, Rafael teve que gritar pela ajuda de Kate, porque não ia conseguir cuidar dela.
                -O que é que se passa? – Kate entrou de robe na sala – O que é que aconteceu? – perguntou a Rafael quando começou a adivinhar.
                -Conseguiram entrar na cidade – respondeu ele obedientemente. Kate suspirou preocupada e foi ter com a neta, ia ser difícil para ela perceber tudo isto. – Grace, tem calma, vais ficar bem. Trás as ervas – pediu ela a Rafael. Ele assentiu e foi até à cozinha, onde havia um armário destinado às ervas de Kate, ela era uma curandeira e na verdade, tudo o que ela fazia resultava. Enquanto crescia, uma das tarefas que a senhora incutia a Rafael era que ele reconhecesse as ervas que ela queria em ocasiões diferentes e agora, se ele não tivesse aprendido isso, Grace podia estar morta. Agarrou numas folhas de uma das árvores mais abundantes da floresta atrás da fazenda e correu para a sala passando-as à avó adotiva com um uma jarra de água. O ferimento era grave, mas havia piores, o seu caso não era extremo como muitos que já tinha visto.
                -Vai-te embora agora Rafael, eu trato da minha neta. – Rafael fez uma pequena careta, mas não hesitou. Afastou-se da sala e subiu para o quarto. Estava a morrer de fome, mas também estava cansado, ir para a sua cama ia ser tão bom quanto uma gota de água no deserto. Anastácia estava no corredor, tinha dormido na fazenda porque não tinha estado tempo nenhum com Rafael, parou quando o viu e sorriu. 
                -O que é que aconteceu? – perguntou passando as mãos pelo seu peito até abraçar o seu pescoço e deu-lhe um pequeno beijo com um sorriso. Rafael abanou a cabeça para que ela esquecesse aquilo. Anastácia tinha aparecido na sua vida há pouco mais de um mês, não podia dizer que a amava, ele nunca sentia nada disso, mas era amigo dela e se podia ter noites e dias divertidos podia ser com ela.
                -Esquece, não tens que ficar preocupada desnecessariamente.
                -Mas eu quero saber – insistiu fazendo Rafael revirar os olhos.
                -Eles conseguiram passar pela muralha, tanto interesse para quê Anastácia? Isto não pertence ao teu mundo – ele ficava sempre irritado quando ela insistia, por vezes ela exagerava, queria comportar-se como eles enquanto era apenas mais uma humana. Anastácia mordeu o lábio sorrindo levemente.
                -Não te preocupes tenho a certeza que consegues cuidar disso – saltou para cima dele rindo-se baixinho, porém o rapaz pousou-a no chão abanando a cabeça e entrando no quarto.
  

 


                -Eu ia sendo violada! – guinchou em plenos pulmões olhando para os lados. Grace estava aos berros no meio da sala, tinha sido curada pela avó e pelos vistos ainda não se tinha apercebido da realidade. Todos os que estavam em casa ainda dormiam, mas ela nem se reparou nesse pormenor.  – Oh meu deus – levantou-se passando a mão pelo cabelo, o seu corpo ainda doía a cada passo, e tinha um ardor no ombro que estava tapado com uma ligadura fina e esverdeada – eles iam violar-me e matar-me – mais uma vez, invadida pelos gritos, Kate acordou e teve que descer as escadas, desta vez num passo mais lento. Se ela estava a gritar daquela maneira, era porque já estava quase bem. Sorriu ao vê-la em pé e colocou a mão no ombro bom, porém Grace arregalou os olhos e começou a chorar. – O que é que aconteceu avó? – perguntou confusa. Kate abraçou-a passando as mãos pelas costas da neta.
                -Não se passou nada de grave, depois vamos falar, tenta descansar mais um pouco.
                -Não, não, não – engoliu em seco e foi-se sentar respirando fundo algumas vezes para se acalmar, depois do pai ter morrido ataques de pânico não lhe faltavam e ela não queria entrar num agora. Queria perceber primeiro o que se tinha passado na realidade. – O Rafael – disse baixinho levando as mãos à boca – oh meu deus ele matou-os – nesse preciso momento Rafael apareceu na sala. Estava com um ar ensonado, com o cabelo ligeiramente despenteado e apenas de boxers. Ela apontou para ele enquanto tremelicava não ligando ao seu aspecto tremendamente sexy. – Vão descobrir-te Rafael.
                Kate estava a olhar a neta e pela primeira vez ela não sabia bem o que fazer para a acalmar, apenas se sentou ao seu lado e abanou a cabeça preparando-se para falar calmamente.
                -Uh, estou cheio de medo – abriu um pouco aqueles olhos pretos assustadores juntamente com um sorriso irónico, Grace em pânico, enfiou-se dentro das mantas que estavam no sofá.
                -Cala-te Rafael – ralhou Kate e ele encolheu os ombros indo buscar um copo de água à cozinha. – Vais acalmar-te Grace e só quando isso acontecer é que te vamos contar a verdade – sorriu a velhinha beijando-lhe a testa. Grace fechou a boca para evitar um soluço e assentiu com a cabeça olhando para o chão. – Vou fazer-te um chá e vais dormir que nem um anjo. – Ela abriu a boca para reclamar e dizer que não conseguia dormir, mas queria mesmo saber o que tinha acontecido, por isso apenas se deitou à espera do chá.

 



Desculpem, está um bocado atrasado comparando com as horas que eu disse, mas eu percebi que o capitulo ainda não estava acabado e tive que o acabar num instantinho.

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Hidra 3 - Dois monstros jeitosos

Sábado, 02.03.13

3ºCapítulo

Dois monstros jeitosos

 


 No capítulo anterior:

                -Não é preciso avó, eu vou sozinha. – disse rapidamente a neta que Kate.
                -Não vais a lado nenhum sozinha.




 

                Tanto a neta como a avó olharam surpresas para Rafael.
                 – Eu levo-te, mas não vais assim. – Satisfeita, Kate foi para a cozinha, ao mesmo tempo que Grace olhava para a sua roupa. Não ia assim, porquê? Tinha vestido uns calções de ganga e um top que lhe tapava vagamente as mamas, e usava uns saltos extra altos.
                -Eu vou como quero – disse ela dando meia volta para ir para a sala.
                -Não digas que eu não te avisei – disse Rafael no mesmo tom seco de sempre, fazendo-a revirar os olhos. Foi-se sentar no sofá esperando que ele acabasse de jantar, perguntava-se onde é que todos tinham ido, ninguém estava ali, era certo que não havia televisão, mas onde é que eles queimavam tempo quando estavam em casa? Só Quint é que disse que ia sair. – Anda – disse com um suspiro, fazendo pela segunda vez Grace saltar com o susto.
                -Não precisas de vir se estás assim tão entediado. – Disse ela fazendo com que ele lhe mostrasse o seu ar impaciente, Grace arregalou ligeiramente os olhos e foi atrás dele até à rua, onde estava uma mota altamente sofisticada à porta. Para quem era pobre, ou pelo menos, para quem tinha sido abandonado ele parecia muito rico. Foi ele o primeiro a sentar-se esperando que Grace fizesse o mesmo, com um sorriso divertido. Foi para sua surpresa que ela conseguiu faze-lo com uma graciosidade invejável. Grace sorriu ao perceber que o surpreendera e agarrou-se aos corrimões que havia de lado, não queria tocar-lhe. Não vou tocar-lhe, não vou tocar-lhe. É um antipático nojento, ainda se fosse o loiro, mas não é, por isso.

Hidra dois monstros jeitosos


                Quando Rafael voltou a parar a mota, Grace respirou fundo e abriu os olhos, não tinha cedido à tentação de se agarrar a ele com o medo. Rafael sabia acelerar e o modo como fazia as curvas, faziam com que ela se arrepiasse toda.
                -Vens ou não lentinha? – Resmungou Rafael fazendo-a sair, ainda meio trémula, da mota. Já estavam no bar, Grace não sabia bem onde estava, mas parece ser um daqueles bairros pequenos em que toda a gente vai para aquele bar e se conhece. Entrou um pouco mais à frente do rapaz, que estava visivelmente entediado e foi directamente ao balcão, precisava de descontrair.
                -Quero…
                -Nada de bebidas alcoólicas, ela só tem dezasseis – Grace arregalou os olhos e olhou para o lado vendo Rafael com um sorriso arrogante nos lábios. Abriu a boca escandalizada e deu-lhe um murro no peito.
                -Porra – queixou-se baixinho passando as mãos pelos punhos. – Mas quem és tu para dizeres isso? – perguntou irritada.
                -Rafael – disse ele voltando ao normal, fez um gesto qualquer ao barman e rapidamente lhe foi dado um copo com uma bebida alcoólica que Grace não conhecia. – E estás a viver na fazenda da Kate, por isso estou só a zelar que não vás bêbada, devias agradecer-me – disse com um sorriso sarcástico, fazendo com que Grace ficasse com uma expressão enojada enquanto o olhava. Ele conseguia irrita-la ao ponto de a fazer ficar com os cabelos em pé.
                -Não se faz nada aqui – disse de braços cruzados enquanto olhava em volta, todos estavam sentados a conversar, tal como ela pensara todos se conheciam ali. E não havia nada de Quint, ele devia ter ido a outro. Claro, este antipático queria estragar-lhe a animação toda e tinha-a levado para o pior bar de sempre.
                -Bem-vinda a Hidra – disse Rafael bebendo todo o conteúdo do copo. Grace revirou os olhos e saltou do banco em que estava sentada virando-se para o barman que logo abanou a cabeça. Ela bem que podia esquecer a sua bebida. Irritada, olhou para o seu acompanhante e saiu dali, indo para a rua.
                -Idiota – resmungou baixinho e olhou para o seu telemóvel – A sério? – perguntou batendo com o telemóvel na parede. Ainda não tinha rede, podia esquecer, não só a bebida, mas tudo. Só tinha que rezar para que a sua mãe cumprisse o prometido e fosse mesmo visitá-la no próximo fim-de-semana. Ia implorar para ir embora.  
                -Isso não vai resultar – ouviu-se uma voz que não era a de Rafael, o que fez com que Grace se virasse em direcção daquela voz. Sorriu ligeiramente quando viu dois rapazes bem-parecidos, os dois tinham uns olhos muito escuros, tal como Rafael, mas um era loiro e tinha expressões ainda de criança e o outro era um moreno mais velho, que foi o que falou, enquanto o outro sorria. – Pelo menos não aqui.
                -Estou irritada – disse passando as mãos pelo cabelo, pela primeira vez ela não se estava a sentir bem por estar a ser olhada por dois rapazes, que pareciam gostar do que viam.
                -Porquê? – perguntou o loiro aproximando-se dela – Nós podemos animar-te – Todo o corpo de Grace se retraiu e deu um passo para trás abanando a cabeça.
                -Não é preciso, só estou à espera de uma pessoa para ir para casa – os dois entreolharam-se. Ela queria ir embora dali, não estava a gostar da forma… não estava a gostar de nada, sentia um medo que tinha aparecido do nada, não sabia explicar. À primeira vista eles eram muito bonitos, mas agora que ela estava a olhá-los bem e fixamente, eram muito magros, pálidos e os olhos negros do loiro parecia que iam saltar dos olhos.
                -Nós podemos levar-te a casa – sorriu o moreno - não devias estar sozinha.
                -Eu já disse que estou à espera de uma pessoa – apressou-se a dizer muito segura de si apesar de por dentro estar a tremer.
                -Não te faças de esquisita, não anda por aqui ninguém – Grace olhou para a porta do bar, que estava fechada e reparou que já não se ouvia a música. As suas sobrancelhas juntaram-se numa expressão confusa e preocupada e tentou contornar os dois rapazes para tentar entrar, mas eles colocaram-se à frente dela, não a deixando passar.
                -Saiam da minha frente – disse de dentes cerrados e o loiro sorriu mais uma vez agarrando no pulso de Grace, que quando percebeu que estava presa o olhou. – larga-me – disse bem firme vendo-o continuar com aquele sorriso estúpido – larga-me – guinchou dando-lhe um pontapé certeiro nos abdominais que o mandou contra a porta, e apesar de Grace não achar que tenha sido com muita força, eventualmente a porta partiu-se e mostrou a grande algazarra que havia dentro do bar. Eram lobos, havia lobos dentro do bar!
                -Oh meu deus – deixou escapar baixinho levando a mão à boca. O moreno começou a aproximar-se dela, estava cada vez mais pálido, Grace quando viu a sua expressão insana começou a afastar-se  – Afastem-se de mim – gritou já com as lágrimas nos olhos. Começava a ficar assustada. Mas em que mundo é que ela tinha vindo parar? De onde é que os lobos tinham aparecido? E estes rapazes que a olham como se ela fosse comida?  – Onde é que aquele estúpido se meteu? Que não esteja morto – pediu a si própria passando as mãos pelo cabelo, entretanto já tinha perdido o telemóvel.
                -Aquele estúpido? Quem é aquele estúpido? – Quando dera por ele, o loiro já estava atrás de si a agarrar o seu corpo e a falar atrás da sua orelha. Ela teria gostado daquela tentativa de ser sexy, se aquele toque não a repugnasse, se aquele toque não a fizesse encolher ou arrepiar-se completamente enojada. Apertando as mãos dele, Grace conseguiu livrar-se, correndo, mas entretanto já o moreno fazia o mesmo que o outro, agarrando-a pela cintura.
                O que aconteceu a seguir foi muito rápido, Grace não se apercebeu de metade; mas Rafael apareceu, estava ileso, mas o seu braço estava ligeiramente arranhado, apesar de não haver sinais de sangue. Quando percebeu que Grace estava em pânico, sem saber o que fazer, e prestes a ser morta por aqueles dois, correu até eles matando o loiro apenas com uma mão, torcendo-lhe o pescoço. Grace já não via nada à frente, os esforços que fazia para se soltar eram inúteis e estava prestes a deixar-se levar, culpando a mãe por tudo o que estava a acontecer.

 

Se lerem alguns ainda hoje (e comentarem claro porque senão eu não sei(também aceito nos favoritos ^^)) ponho um excerto do próximo capítulo. (hoje ou amanhã)

Beijinhos e obrigada a todos

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Hidra 2 - Antipatia II

Terça-feira, 26.02.13

Desculpem, respondi aos vossos comentários no meu blog porque a minha net não anda muito boa e sempre que tentou andar um bocadinho mais pelos blogs isto não deixa. Não sei o que se passa, porque não acontece noutro lado.

 

Como eu tinha prometido está aqui a outra parte do capitulo, acho que ainda faltam duas pessoas para ler.

 

Vou ter testes esta semana toda por isso não devo conseguir postar logo no sábado, talvez consiga no domingo.

 

2ºCapítulo

Antipatia - Parte II


Grace não conseguia ver quem era, estava escuro por já ser praticamente de noite e as luzes ainda estavam apagadas. Ela bem procurava por um interruptor mas não o encontrava.
                -Desculpa? Quem és tu? – perguntou ela semicerrando os olhos para conseguir ver.
                -Eu perguntei primeiro – disse a voz.
                -E eu perguntei depois – retomou Grace aproximando-se sem medo, vendo a sombra do rapaz recuar.
                -Já estão a discutir e ainda nem se conhecem? – Kate apareceu na sala ligando a luz e foi aí que Grace viu Rafael, portador de uns olhos negros e uma postura rígida. Parecia que estava sempre alerta, como se alguém o fosse pontapear a qualquer momento.
                -Quem és tu? – voltou Grace a perguntar e ele não respondeu. A rapariga levantou uma sobrancelha quando percebeu que ele tinha sempre a mesma expressão desconfiada no rosto, acabou por se afastar vendo a sua avó colocar umas flores na mesa de centro da sala. Sabendo como era Rafael, Kate virou-se para Grace e passou uma mão pelo seu braço com um sorriso terno.
                -Chama-se Rafael, foi o primeiro rapazinho que eu adoptei, assim com o seu irmão. – disse ela calmamente olhando para o rapaz que ainda estava meio escondido nas sombras da outra divisão, a olha-las da porta. – Esta é a minha neta Rafael, chama-se…
                -Grace – interrompeu ela endireitando-se e empinando o seu nariz enquanto olhava em volta.
                - Hm. – Rafael tentou reprimir uma gargalhada irónica quando a viu fazer aquilo e abanou a cabeça. – Não vou jantar em casa Kate, desculpa – disse fazendo Grace se virou desconfiada para ele. – Há coisas a fazer. – A avó suspirou juntando as sobrancelhas, gostava que todos estivessem na mesma mesa ao mesmo tempo nem que fosse só um dia. Gostava de ter um jantar em família.
                -Mas eu até a Anastácia convidei – lamentou-se.
                -Desculpa – aproximou-se da avó, e consequentemente de Grace, que o olhou de cima a baixo e de baixo a cima. Ele estava vestido com uns calções de treino pretos uma camisola de cava azuis; pelos seus braços eram visíveis dezenas de cicatrizes e feridas, algumas ainda recentes e avermelhas, outras mais velhas e esbranquiçadas. Pelos vistos ele não era só mal-disposto para ela. Quando percebeu que ela o olhava, ele afastou-se da senhora depois de um beijo na testa – Devo chegar cedo, mas se isso não acontecer, vou ao teu quarto quando voltar – prometeu saindo da sala.
                 Grace espreitou pela porta e quando percebeu que ele não estava por ali, olhou a avó com um sorriso curioso nos lábios.
                -Gostaste dele? – Apressou-se Kate a perguntar-lhe com um meio sorriso apenas, continuava muito preocupada ao pensar nas alternativas do que o rapaz podia estar fazer. Rafael e todos os outros eram como netos para ela, eram a sua família afetiva, enquanto a de sangue estava fora e de relações cortadas.
                -Não, parece uma estátua de ouro – Grace fez uma careta e sentou-se sendo seguida pela avó que estava de sobrancelha franzida não percebendo a comparação – Está sempre com a mesma cara e todo rígido, com cara de Deus Grego – mordeu o lábio com um sorriso, ele era giro, não podia negar – e depois tem aquele tom de pele. – Kate riu-se abanando a cabeça.
                -Tu gostaste dele pelo menos fisicamente. – sorriu-lhe e ela abanou os ombros.
                -Ele é giro, mas antipático.
                -Para o conheceres é preciso calma, ele não é fácil – Grace olhou a avó que parecia estar a dar-lhe dicas de como namoriscar.
                -Avó eu não pretendo conhece-lo, tenho o Frank – sorriu feita parva e Kate riu-se enquanto se levantava.
                -Conhecê-lo não é só ir para a cama com ele, Grace; até porque ele tem namorada.
                -Então pronto, ninguém se quer conhecer! – Levantou-se também ela. Kate decidiu esquecer aquele assunto porque não valia a pena e pediu à neta para a ajudar a fazer o jantar. Apesar de ter aceitado, Grace para além de desajeitada, não sabia nada de cozinha.
                 -Desculpe avó, eu posso ir encomendar uma pizza – suspirou olhando a avó que estava a tentar salvar o que restava do peru.
                -Não te preocupes, com prática vais lá querida. – abanou a cabeça – vou falar mais batatas e eles assim não passam fome, vai colocar isso na mesa, mas não deixes cair mais nada – disse apontando para as travessas começando a descascar batatas. A neta olhou para a travessa com a parte do peru que não estava torrada nem esmagada no chão e respirou fundo agarrando nela, indo devagarinho até à sala de jantar. Grace não era descoordenada, até porque para andar em cima de sapatos de salto alto de vinte centímetros é preciso alguma coordenação, mas era demasiado distraída. Isso ainda se evidenciou mais quando tropeçou apenas no tapete fazendo o tabuleiro ir pelos ares enquanto ela ia no sentido oposto. Soltou um grito pensando que ia bater com o rabo no chão e o peru ia ficar ainda mais despedaçado, mas o tempo parece ter parado por instantes. Nada disso aconteceu.
                -Então bonitinha? Acho que devias largar os saltos – disse um rapaz com um sorriso trocista. Grace estava de pé e a travessa com o peru estava intacta em cima da mesa. Abanou a cabeça ainda toda confusa das ideias e passou a mão pelos cabelos vendo o rapaz à espera de uma resposta.
                -Quem és tu bonitinho? – perguntou voltando à realidade, endireitou-se em cima dos seus saltos dando uma chapadinha na cara do rapaz com um sorriso parecido ao dele.
                -Sou um bonitinho que acabou de chegar a casa – o rapaz loiro de olhos azuis fez um sorriso convencido.Mais uma vez, Grace olhou o rapaz de cima a baixo e mordeu o lábio. Era tão giro quanto o outro, mas pelo menos era mais simpático.

                -Chamo-me Grace – estendeu-lhe a mão com um sorriso leve nos lábios.
                -O meu nome é Quint – o rapaz apertou-lhe a mão e olhou-a um pouco desconfiado. Ela não podia ser como eles, era demasiado distraída e trapalhona. Grace sorriu respirando fundo e olhou para a mesa.
                -Grace? Quint? Venham cá ajudar-me – pediu a avó fazendo-os mexerem-se até à cozinha, Kate fez com que os dois colocassem a mesa e saiu da fazenda indo chamar os outros que faltavam para que fossem comer.
                -És a neta da Kate? –  Quint queria a todo o custo pôr conversa com Grace, que assentiu à sua pergunta e endireitou-se na cadeira. Sentia-se agora ainda mais cansada do que já estava.
                -Sou, ela nunca falou de mim? – perguntou juntando as sobrancelhas. Ela não tinha obrigatoriamente que faltar dela, mas era estranho não o fazer, sempre tinham sido muito amigas apesar da distância.
                -Falou da neta, mas não tínhamos nenhuma imagem tua em mente, nunca pensámos que fosse assim... – elogiou Quint com um sorriso deslumbrante enquanto olhava a rapariga, fazendo-a rir.              
                -Assim como? – perguntou fazendo-se de desentendida.
                -Assim – Quint fez gestos apontando para ela, Grace sorriu dando-lhe um beijo na bochecha.
                -Obrigada. – agradeceu pelo elogio e indirectamente também pelo facto de ser a única pessoa ali, para além da sua avó, que  a conseguia olhar olhos nos olhos. Quint sorriu e levantou-se olhando para Kate.
Todos os restantes começaram a entrar na sala, seguidos de Kate. Havia uma rapariga, Susie, que tinha o mesmo ar antipático que Rafael, uma menina,Elena, com os seus dez anos, e mais um rapaz que pouco falou, era o Lucas. Durante o jantar ninguém pareceu gostar muito dela. De início até ficou animada com o facto e existirem raparigas da sua idade, mas elas eram as que gostavam menos, excepto a morena alta, chamava-se Anastácia e pelos vistos era a namorada do antipático. Todos foram saindo da mesa um a um até só sobrar Kate, Grace e Quint.
                -Tenho que ir, vou aproveitar para… - houve silêncio durante uns segundos, o que fez com que Grace olhar para a avó, que sorriu – para ir ao bar. – bar. A palavra fez eco na cabeça da rapariga fazendo-a olhar instintivamente para ele, apesar do cansaço estar instalado no seu corpo, ela precisava de se divertir, conhecer melhor Hidra, e não parecia querer esperar por amanhã.
                -Há algum bar por aqui? – perguntou levantando-se já que todos os outros tinham feito. Pela primeira vez Quint pareceu meio atabalhoado, mas lá acabou por assentir.
                -Sim, mas ao que eu vou não deves gostar. – pela forma como disse aquilo, Grace conseguiu perceber que ele não queria que ela fosse.
                -Hm… - ela assentiu mordendo o lábio e com um suspiro olhou a avó, que continuava sentada a olha-los, Grace fez uma careta e afastou-se de Quint que fez um sorriso travesso e foi-se embora depois de fazer continência. Ficou durante um tempo a olhar para a mesa já vazia, ainda era muito cedo para se deitar, se não havia nada para fazer de dia lá, mais valia dormir. Tinha que fazer alguma coisa de noite.
                -Kat… - Grace deu um salto, seguido de um grito histérico por causa do susto e afastou-se até estar encostada ao que ela julgava ser uma parede, mas era uma parede muito quente. Ao ouvir a avó a rir, ela afastou-se percebendo que era apenas o outro antipático que a olhava de sobrolho levantado, e a parede era o seu peito. 
                -Peço desculpa – disse ela muito rapidamente e estava mesmo para se ir embora quando se ouviu Kate.
                 -Agora que chegaste, vais comer e depois vais levar a Grace a um bar. – Esta última congelou ao ouvi-la e olhou para trás vendo Rafael com a mesma expressão que ela.
                -Mais ninguém pode? – perguntou ele sentando-se com um revirar de olhos.
                -Não é preciso avó, eu vou sozinha, ele tem a Anastácia. – disse rapidamente a neta que Kate.
                -Não vais a lado nenhum sozinha.



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Hidra 2 - Antipatia I

Sábado, 23.02.13

2ºCapítulo

Antipatia - Parte I

 

 


A sua mãe parecia quer tortura-la, Hidra ainda ficava a longe, a sete horas de distância de carro, mas apenas a quatro de comboio. Grace não falou com a mãe durante metade das horas que andaram, estava irritada e achava que não havia motivos para tanto alarme, só lhe apetecia chorar de tanta raiva que tinha. Marge também não abriu a boca para falar, parecia demasiado perdida nos seus pensamentos, pensamentos esses que eram um turbilhão.
                -Porque é que estás a fazer isto? – perguntou Grace já mais calma devido ao cansaço, estavam quase a chegar, isso era notório devido à falta de rede que havia no seu telemóvel. Nem se tinha conseguido despedir do seu namorado como deve de ser e agora é que não ia mesmo. Olhou para a mãe, mas ela não planeava falar – eu já estive com outros rapazes antes do Frank e não apareci grávida. Eu não sou tu – o carro parou com as suas palavras e às bochechas pálidas de Marge viveram um rosa vivo; com isto Grace percebeu que estava metida em grandes sarilhos. Com apenas quinze anos Marge tinha ficado grávida de Grace mas tinha tido sorte, o pai gostava mesmo dela e até há cerca de dois anos tinham ficado juntos até que ele morrera. Tinha sido doloroso para todos, principalmente Grace tinha mudado muito, andava demasiado rebelde dando dores de cabeças e preocupações a todos.
                -Tu não sabes nada Grace e o pouco que sabes é insignificante. Apenas concentra-te no que realmente interessa que é obedecer-me. Não deve ser assim tão difícil. – Sarilhos que não foram assim tão grandes; devia passar-se alguma coisa mesmo grave para a sua mãe estar tão fora de si, ou então estava só mesmo com a mania de que elas eram iguais.
                -O que é me interessa é o Frank e nem isso consigo, nesta terrinha não há rede – resmungou ela apontando para a terra que se via pelos vidros. No fim da guerra a terrinha que se passou a chamar de Hidra, sendo a capital do país com o mesmo nome, foi destruída. Não restou nada, e o que restou de vida humana não ficou por ali. Grace sabia um pouco disso porque tinha estudado história antes do último teste, coisa que raramente fazia, mas era sobre a cidade da sua avó e ela acabou por se interessar. Olhando em volta tudo o que havia era floresta, uma casa ali e outra acolá, mas a Floresta Negra era o que se evidenciava mais. O centro da cidade era um pouco mais movimentado, mas não tanto. Não havia grandes lojas, cinemas, nem placares de cafés numas ruelas. Para Grace era tudo igual, antes quando era mais pequena ainda se divertia a ver a paisagem da floresta, mas agora não passava tudo do mesmo.
                Faltava menos de meia hora para chegar à fazenda de Kate, mãe de Marge e avó de Grace, esta última tentava recordar-se do pouco que ainda se lembrava para tentar distrair-se. Poucas memórias havia da casa, mas do que fazia lá ainda conseguia recordar-se. Fazenda que é fazenda tem que ter cavalos e muitos animais, a fazenda de Kate é uma a sério. Ela lembrava-se de se divertir à brava a correr atrás das galinhas, de aprender a andar num pónei para mais tarde andar de cavalo, e até de brincar no prado que havia no meio da floresta com a mãe. Sim, quando ela e os pais ainda eram uma família decente. Tinha apenas quatro anos nessa altura, nem sequer sonhava com o que poderia vir a acontecer depois. Marge e Kate zangaram-se por algo que ela ainda não conseguiu perceber, mas por alguma razão se sente culpada, a zanga foi tal que Marge e o marido foram viver para fora de Hidra com a menina. Ela era muito apegada à avó pelo que ela sempre a foi visitar, mas à cerca de três anos atrás deixou de ir devido a uma discussão com a filha. Desde então elas não se vêem, Grace não pode esconder que tem saudades dela, mas isso não a faz ficar entusiasmada, sabia que a mãe não ia mudar de ideias e ela ia ficar lá contrariada.
                -Chegámos – pela primeira vez após a meia hora Marge falou e olhou para a casa com alguma notalgia, enquanto abria a porta para sair. – Vou falar com a Kate, não me devo demorar, vem andando com as tuas coisas por favor. – A fazenda era agradável, por fora as heras tinham escalado as paredes com tanta densidade que nem a cor daria para ver. Atrás havia a densa Floresta Negra e por dentro dela havia estábulos espalhados, o quintal com todos os animais e a estimada horta da avó estava mais perto da porta de casa. Grace começava agora a recordar-se de muitas coisas que a fizeram sorrir. Depois de ver pela milésima vez se tinha rede ou não colocou o telemóvel no bolso e foi buscar a sua mala que estava prestes a abarrotar colocando-a no chão e fazendo as rodinhas andarem. Foi num passo calmo, não queria ouvir mais discussões entre aquelas duas.
                -Marge aqui não é lugar para ela, não foi o que disseste? – Kate esforçava-se por falar baixo enquanto ralhava com a filha, Grace ao ouvi-las suspirou por não ter andado suficientemente devagar e por concordar com a avó. A fazenda já tinha há muito tempo deixado de ser lugar para ela.
                -Por favor, nunca te pedi nada Kate – pedinchou Marge – nem quando estava aflita, é a Grace não sou eu. – reforçou a ideia calando-se quando viu a filha entrar. Grace nunca tinha visto a mãe suplicar, mas não ficou muito admirada, depois deste drama todo já a achava louca.
                -A mãe está a fazer um drama porque me encontrou com o Frank na cama – encolheu os ombros enquanto falava e olhou a avó que estava de olhos arregalados, mas logo pareceu esquecer esse assuntou e foi abraçar a neta.
                -Estás tão grande Grace – disse Kate depositando um beijo na testa da neta. Marge olhou-as cruzando os braços com uma pontinha de inveja.
                -Já não tenho treze anos avó.
                -Tens mesmo quantos? – perguntou afastando-se para deixar Grace respirar.
                -Dezasseis – sorriu sentindo uma festinha no queixo – Convence-a avó, eu não preciso de ficar cá, eu tenho tudo lá, eu sei comportar-me – prometeu.
                -Está decidido, ninguém me vai mudar de ideias Grace. – olhou para as horas e foi na direcção da filha dando-lhe um beijo na bochecha. – Tenho que ir, eu venho cá todos os fins-de-semana – avisou especialmente para Kate não ter surpresas e virou costas indo embora. Claro que vem. Ironizou a menta de Grace.
                -Mãe! – chamou Grace tentando ir atrás dela, mas a mão fria de Kate agarrou-lhe o pulso fazendo-a olhar para trás.
                -Deixa Grace, não vais ficar aqui para sempre. – olhou a mala – Vamos arrumar as tuas tralhas. – Grace suspirou passando as mãos pela cara, ia ter saudades de Mae, da sua tia Mae que lhe fazia tudo o que ela pedia e a mimava mais que a mãe.

                Grace deitou.se, estava cansada tanto da viagem como de arrumar o seu quarto novo, ela tinha-o mudado todo para que ficasse com o seu toque pessoal. Uma coisa ninguém podia negar, ela sabia conjugar cores e arranjar espaços, tinha feito tudo sozinha e estava tudo como ela queria.
                -Aqui trabalha-se Grace, eu tenho que ir lá para fora, já me ocupaste bastante tempo -tinha-lhe dito Kate quando a neta lhe tinha pedido ajuda. Antes disso, enquanto estavam a arrumar a roupa Kate contou um pormenor que a neta não sabia da fazenda, por estar há tanto tempo fora.
                -Há mais gente por aqui, não somos só nós – disse fazendo Grace levantar uma sobrancelha, a avó não tinha um marido nem mais filhos, por isso não fazia ideia do que seria. – Há mais cinco pessoas – arregalou os olhos fazendo mentalmente contas, havia então sete pessoas a viver lá agora. – São miúdos da tua idade, foram abandonados pelos pais e eu dei-lhes casa.
                -Desde quando? – perguntou fazendo uma careta.
                -Desde há muito tempo logo após a tua mãe sair desta casa – encolheu ligeiramente os ombros. – Ia fazer bem a mim e à primeira criança, mas depois foram surgindo mais – Kate era um coração de manteiga, não resistia a uns olhinhos bonitos a pedincharem alguma coisa. – Eles devem vir para jantar, vais poder conhece-los – sorriu-lhe – eles são pessoas em condições. – Grace não conseguiu dizer nada, apenas assentiu ficando a pensar naquilo enquanto fazia as suas coisas. Não sabia se queria conhece-los, afinal…
                -Não sejas estúpida Grace, eles foram criados pela tua avó – falou para si própria já deitada na cama passando as mãos pela barriga na zona do estômago que já roncava. Suspirou levantando-se e desceu as escadas até à cozinha, mas não teve oportunidade de lá chegar. Parou assim que viu um vulto e por já ser de noite os seus ossos regelaram por causa do medo.
                -Quem és tu? - ouviu-se uma voz grossa que a sobressaltou.

 

 

 

Então? Estão a gostar?

Eu dividi este capitulo em duas partes (a segunda será postada quando eu achar que todos leram esta, mas no máximo até terça deve estar postado) e não prometo nada mas pode ser que o próximo capitulo já tenha mais acção.

Agora é aquelas partes desinteressantes em que eles se conhecem todos e bla bla, se não estiverem a gostar digam por favor. 

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