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Stardust - Capitulo I - O idiota

Domingo, 08.12.13

Idiota

 

 

                -Não sei o que vou fazer com ele – disse eu com um suspiro para Rebecca, que me olhava com aquele olhar querido tentando arranjar uma frase que me ajudasse, mas eu sabia que não valia de nada, estava apenas a falar para o boneco. Ela podia ser como uma irmã para mim e  parecia ter os conselhos perfeitos para tudo, mas ela não estava de acordo comigo. Não desta vez. – Eu acho que vou mesmo acabar com ele – passei as mãos pela cara esfregando os olhos. Rebecca suspirou abanando a cabeça – ele vai compreender.
                -Tens a certeza que conheces o meu irmão? – perguntou-me ela logo de uma vez fazendo-me lançar a cabeça para trás.

                -Se eu não sinto aquilo – gesticulei com as mãos junto da minha barriga e voltei a olhar Becca com um suspiro frustrado – ele vai compreender. Eu vou falar com ele e ele vai compreender – sorri de modo a convencer, mas ela apenas se levantou.
                -Vou andando Bea. – Ela não estava chateada, só estava preocupada por ultimamente me ter metido em muitas alhadas e ele ainda ser a única coisa boa que eu tinha. Ele ainda podia continuar a ser a única coisa boa que eu tinha, apenas de outra forma.
                -Por favor não lhe contes –
pedi juntando as duas mãos e levando-as perto do queixo enquanto a olhava.

                -Não! – ela abanou a cabeça com os olhos arregalados – é que não conto mesmo, prefiro que sejas tu a aguentar – disse ela e depois de um beijinho na bochecha saiu do meu quarto e alguns segundos depois já estava na rua. Levantei-me para ir limpar o meu quarto que estava uma confusão, cheio de garrafas, copos e caixas de pizzas. A verdade era que para além do que tínhamos comido hoje, nos últimos dias tinha vindo tudo a acumular, não tinha tido tempo para limpar nada. Depois de já estar tudo num brinco, fui sentar-me no parapeito da minha janela que fazia de sofá e fiquei a olhar para o mar. Era noite cerrada, já devia passar das onze, mas dali conseguia ver a espuma esbranquiçada a roçar na areia e, por vezes, o holofote giratório do farol deixava ver mais do que isso. Eu gostava de viver ali, mas já tinha gostado mais, quando era criança e a casa estava cheia era tudo muito mais divertido.
                Não tinha sono, mas já era tarde e tinha aulas, era o meu último ano e não me podia estar a correr pior. Fui deitar-me depois de vestir uma camisola de alças e uns calções, para dormir confortável, e estava a adormecer quando ouvi um grito que me fez sentar na cama. Olhei em volta apesar de saber que não tinha sido ali, no meu quarto, e agarrei-me à minha almofada com o coração a bater descompassadamente. Todo o meu corpo estremeceu quando o grito se fez de novo ouvir e desta vez parecia uma voz mais normal, mas aflita de igual forma. Tive que ganhar forças para me levantar e fui até à janela espreitando para onde achava que tinha ouvido a voz. Agarrei-me ao parapeito da janela ficando a olhar para o mar e foi quando o holofote do farol apontou para o mar que eu vi alguém a espernear. Levei a mão à boca, completamente em choque e saí de casa, sabendo que já não havia perigo, não ia ser assaltada, nem estava acontecer nenhum homicídio ali, era apenas um idiota qualquer que tinha-se aventurado a ir para o mar a estas horas da noite. Saí pelas traseiras e corri pela praia até sentir os meus pés ficarem molhados, depois, parei. Olhei em volta esperando até a luz apontar para o mar e só aí me atirei à água. Era boa nadadora, tinha ganho várias competições, havia uma caixa cheia de medalhas e taças no sotão, mas nadar no mar durante a noite não era o mesmo que durante o dia, não conseguia ver nada. Os meus ossos estavam a gelar e a cada movimento doíam mais, mas apenas continuei a nadar, não ia deixar ninguém morrer na minha praia. Quando comecei a ouvir os gritos aflitivos cada vez mais perto nadei mais rápido até conseguir alcançar uma mão de alguém. Agarrei-a e puxei-a na minha direcção, era um rapaz, conseguia sentir os músculos rijos dele debaixo das minhas mãos. Perguntava-me como é que uma pessoa tão grande podia estar neste estado. Puxei–o  para cima de modo a que conseguisse respirar. Ele parecia ainda estar em choque, ainda se remexia com as pernas e com os braços, quase me dando com eles na cara.
                -Tem calma – gritava eu tentando voltar a terra, mas com ele daquela maneira ainda me atrasava mais. – Se te continuares a debater vamos os dois morrer aqui – gritei-lhe aos ouvidos e ele deve ter finalmente voltado a si por acalmou, ficando apenas o som da sua respiração aflita e o som das ondas. Estávamos perto. Continuei a nadar, puxando-o com uma mão e sorri ao sentir o meu corpo parar na areia, assim como o dele. Como ele estava consciente apenas me deitei a seu lado, com a respiração acelerada e com a adrenalina ainda a tomar conta do meu corpo. Quando recuperei olhei para o rapaz que tinha resgatado, parecia mais morto do que vivo, mas ia ficar bem.  – Mas o que é que te deu para vires nadar a estas horas da noite? – perguntei, agora sim estava irritada, eu tinha tendência a armar-me em heroína e hoje podia ter morrido juntamente com ele. E o pior é que não percebia, se fosse um grupo de amigos idiotas eu ia perceber, mas ele estava sozinho. – Podias ter morrido – continuei no mesmo tom – e eu podia ter morrido também! – Sentei-me na areia ficando a olhar para o rapaz que estava com o cabelo castanho claro molhado e espalhado pela testa e os lábios inchados e roxos devido ao frio. Não o conseguia ver bem, só quando a luz passava por nós, mas era um momento muito breve. 
                -Então ainda bem que estamos os dois vivos – disse ele ao fim de algum tempo, quando conseguiu parar de tremer e recuperar a voz. Aos poucos ele foi-se levantando enquanto eu continuava na mesma posição, a olha-lo, incrédula.
                -A sério? Nem vais agradecer por te ter salvo a vida? – levantei-me também, com as pernas bambas sem conseguir parar de tremer.
                -Não fiques tão convencida, não és assim tão heroína como pensas – disse ele subindo as rochas do quebra-mar e desaparecendo da minha visão.
                -Otário – resmunguei entredentes e quando arranjei forças levantei-me para voltar para casa – se eu soubesse ficavas ali a afogar-te – gritei-lhe mesmo sabendo que ele já devia estar longe dali.

Entrei em casa suspirando com o quentinho que ela emanava graças ao aquecimento central. Fui o mais rápido que pude até à casa de banho e enfiei-me debaixo de um chuveiro tentando esquecer o que se tinha passado, mas era impossível. Ainda por cima, por causa dele, só ia dormir umas três horas, era dificil para mim adormecer durante a noite. Ia andar a morrer para a vida durante as aulas, já me conhecia o bastante, para saber que ia adormecer. Sim, porque nas aulas não era nada difícil adormecer. Caí exausta na cama e ainda tive algum tempo a pensar no otário do rapaz que tinha salvo, mas lá adormeci e, felizmente, não sonhei com nada.

 

Próximo capitulo:

 

-Bom dia turma – falou o director sem sorrisos. – Tenho a apresentar-vos o vosso mais recente membro, David Black, quero que alguém fique encarregue de lhe mostrar o resto da escola e de o ajudar em qualquer problema. Há alguém que se queira voluntariar? – perguntou o director que parecia com mais pressa do que o normal.  – Muito bem, Beatrice ficas tu com essa missão.

(...)

-Acho que precisas de me mostrar onde é o bar – disse ele com um sorriso perfeito na boca. -Como é que te vou encontrar para fazer o trabalho? – perguntou-me. (...)-Como é que te vou encontrar para fazer o trabalho? (...)

 

Espero que tenham gostado, eu vou tentar postar mais vezes agora que já estou praticamente de férias.

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  • Helena Pinto

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