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What is Love - Part IV

Quarta-feira, 09.10.13

Década de 60

 


-Anne Marie aqui! - Mary estava bastante séria a apontar para o lado dela enquanto a filha mais nova estava a correr pelo mini-mercado. A menina de dez anos foi ter com a mãe com um beicinho e de braços cruzados. - Tens que te comportar para irmos rápido para casa já sabes como anda o teu pai - desde que o pai de Bill tinha morrido, à cinco anos atrás, que Bill tinha entrado numa depressão perigosa, parecia estar agora nos anos dificeis da adolescência, mas não era para mais, o seu pai era so seu ídolo, Mary percebia-o mas isto já se andava a passar à muito tempo. Mary agarrou na boneca que Anne Marie queria, só lhe estava a da-la porque a outra tinha desaparecido, era óbvio que tinha sido o Tony para a gozar, mas agora com dezasseis anos já quase não passava tempo nenhum em casa, andava sempre com a namoradinha nova.

-Chegámos! - gritou Anne Marie quando chegou a casa correndo para o seu quarto para ir brincar com a boneca nova. Mary sorriu mas o seu sorriso começou a desaparecer assim que não se ouviu ninguém. Bill não estava em casa era certo, ela tinha-se tentado apressar ao máximo para chegar antes dele antes que reclamasse, mas a mãe de Mary tinha ido viver lá para casa assim que começou a ter um problema na coluna. De sobrancelhas juntas no cimo da cabeça ela foi pousar as compras na cozinha e foi até à sala onde a sua mãe passava quase todo o dia. Ela ainda não era muito velha, não tão velha quanto a mãe e o pai de Bill quando tinham morrido, mas os problemas que ela tinha não era um simples reumatismo. Era um problema muito mais grave, era um cancro naquela altura inoperavél. A mãe de Mary sabia disso mas tinha-lhe escondido o problema, queria morrer em paz e sabia que a filha ia obriga-la a tratar-se mesmo que fosse morrer. 

-Mãe - Mary tocou-lhe no ombro tenso e abanou-a ligeiramente, mas ela não abriu os olhos - mãe! - abanou-a com mais força e a primeira coisa que fez foi abrir-lhe os olhos para ver se a pupila reagia, mas não o fez. Mary estava orfã dos dois pais aos 38 anos de idade. Um pouco cedo demais, mas inevitável. - Não... - com o queixo a tremer Mary afastou-se do corpo já frio e pálido e abraçou-se a si própria. Ela não era burra, era enfermeira e apesar de já não exercer a profissão sabia muito bem que uma pessoa não morria assim de um momento para o outro quando se alimentava bem, quando o seu coração era forte. Quando se ouviu os passos de Anne Marie ela limpou as lágrimas muito apressadamente e foi até à porta da sala fechando-a e ficando no corredor à espera dela. 

-A avó? - perguntou ela olhando para a porta e depois para a mãe.

-A avó está a descansar, vai para o teu quarto - disse Mary com a voz chorosa, tentando acalmar-se ao máximo para que a filha não a visse naquela situação. Anne Marie era muito esperta e percebeu logo que alguma coisa não estava bem mas apenas assentiu e subiu as escadas com o coração a bater muito rápido. Mary encostou-se á porta e tapou a cara com as mãos enquanto as lágrimas lhe corriam pelas bochechas a baixo. Agora só tinha os filhos e Bill, se mais algum deles a deixassem era o fim dela. 

Ouviu-se uma porta bater mas ela não se preocupar, quer fosse Tony ou Bill eles já eram grandes e adultos o suficiente para perceber. Era Bill que estava a chegar do trabalho e que não vinha nada com boa cara, mas a sua expressão mudou logo quando a viu. Pousou a mala do trabalho no chão e aproximou-se dela sem dizer nada abraçando-a. Ela fez o mesmo chorando ao peito dele e apertou-lhe a camisa húmida nas suas mãos. - Não era só um problema na coluna - falou entre soluços - ela estava muito doente Bill - dizia ela agarrada ao marido.

-Eu sei - disse ele a dar festinhas no cabelo dela. Mary afastou-se e olhou-o indignada com os olhos vermelhos e as bochechas todas humidas.

-O quê? - perguntou ela - como é que tu sabes? O que é que tu sabes? - perguntou ela num tom chateado antes de o ouvir. Ele também ficou logo chateado, andava sensível por causa da depressão, como era de prever.

-Tem lá calma Mary eu sou médico eu sei os sintomas! - disse Bill um pouco mais alto chateado com o olhar reprovador que a mulher lhe mandava.

-Eu não tenho mais calma nenhuma. Tu sabias de tudo e não me disseste nada. Agora já nem me dizes nada, já nem és um pai para a Anne ela só me tem a mim e ao irmão. Passas a vida no teu trabalho e quando não estás no trabalho estás com o cu colado ao cadeirão no escritório. Já nem sequer estamos juntos como antes - Mary falava sem parar, sem dar qualquer tempo para que o marido falasse e ele, triste com as acusações apenas suspirou.

-Tu sabes que eu ando em investigação, estou...

-A descobrir a cura para o alzheimer como se isso fosse possível! - gritou-lhe Mary que de tão irritada estava vermelha. - Enquanto tu estás a investigar a minha mãe está a morrer e tu não me dizes nada - bateu com o pé no chão para não lhe bater a ele. 

-A avó está morta? - perguntou Anne Marie que tinha ouvido parte da discussão entre os dois. Mary ao perceber que a filha tinha ouvido caiu novamente no choro desta vez com os braços a agarrarem o seu próprio corpo para que se reconfortasse a si mesma. 

 

O funeral não tinha tido muita gente, Mary não queria a casa cheia de gente a comer da comida dela para o funeral da mãe, queria estar em paz com os dois filhos. Bill tinha estado presente, para variar, e até tinha tirado umas férias, mas Mary não conseguia esquecer que ele sabia de tudo e tinha deixado que a sua mãe morresse sem fazer nada. 

-Eu quero-te fora da minha vida - murmurou ela num momento de sofrimento agudo e puro. - E fora da vida da Anne - não podia falar do Tony que já tinha 16 e podia escolher racionalmente se se queria dar com o pai ou não. Bill estava sentado ao lado dela para a apoiar quando a ouviu. 

-O quê? - perguntou não porque não tinha ouvido, mas porque não percebia o porquê. Ela abanou a cabeça com lágrimas grossas a caírem. 

-Não estive presente estes últimos cinco anos, eu sei que estás aqui agora, mas daqui a dois dias não vai estar, vai voltar tudo ao mesmo, eu vou passar os dias sozinha com a Anne e assim que ela completar os vinte anos e tu continuares a trabalhar no teu trabalhozinho sobre Alzheimer eu vou estar sozinha - murmurou - completamente sozinha. - Bill estava estupfacto com o que estava a ouvir sair da boca da mulher. Nunca a tinha visto assim parecia que estava a menosprezar o seu trabalho quando ele só estava a tentar ajudar pessoas. 

-Sabes que mais? - perguntou enervado e de cabeça quente porque era óbvio que ele não queria isto, nem ele nem ela. - Eu vou embora, mas não me vou separar de Anne, nunca - levantou-se despois do grito que deu na última palavra e bateu com a porta de casa. Mary engoliu em seco e também as lágrimas e respirou fundo de forma trémula, mas rapidamente voltou ao choro.

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  • Helena Pinto

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