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Teenagers 1 - O meu nome é Gavin IV

Segunda-feira, 17.06.13

 

O meu nome é Gavin

                    

                    IV.  Não preciso de ajuda.


                -Pai – Marie quebrou o silêncio que existia. Eu estava a olhar para a comida, sem saber muito bem como a comer, apetecia-me devorar aquilo tudo com a mão, mas eu tinha educação. Eu era educado e sabia que isso era nojento para eles, porque para mim era delicioso.
                -Sim filha – Albert olhou a filha com um sorriso que me fez lembrar a minha avó. Ela era mais que minha mãe.
                -Não é verdade que dizes bem do Gavin? – perguntou-lhe com um sorriso maroto e com as bochechas muito coradas. Albert engasgou-se fazendo-me rir enquanto agarrava nos talheres, copiando o que Marie fazia.
                -Sim é, Marie – ele olhou-me já mais recomposto e agarrou no seu copo de vinho. Eu tinha água e que boa água! Não era suja nem turva, era tão transparente que dava vontade de beber logo, mas mais uma vez eu contive-me.
Apesar deste momento, eu fiquei calado o resto do jantar, desistindo de usar faca, comendo apenas com o garfo, não dava jeito nenhum e eles tinham que me dar um desconto. Não comia numa mesa assim há dez anos. Assim que acabámos eu fiquei a olhá-los.
                -É melhor ir embora – disse empurrando a cadeira para trás. Não queria ser mal agradecido, mas não estava ali a fazer nada.
                -Não, não, de maneira nenhuma – começaram todos a levantar-se depois de mim.
                -Podes ficar, eu mostro-te o jardim. – Marie sorriu-me e eu não consegui evitar fazê-lo também. Era raro que mostrasse um sincero, mas hoje estava a fazê-lo vezes demais. Não que isso fosse mau, era uma qualidade que ela tinha.
                -Está bem – assenti voltando a colocar a cadeira no lugar. Ela apontou para a saída e fui a seu lado até ao jardim sentindo o meu estômago contorcer-se. Eles eram tão ricos. Alguns com tanto e tantos com nenhum. O jardim era gigante, fazia-me lembrar o meu, mas ainda maior.
                -O que foi? – perguntou enquanto me olhava, fazendo-me baixar o olhar na sua direcção. Abanei a cabeça para que ela esquecesse, não me apetecia falar. – Eu já te conheço – disse ela – só não te reconheci porque o meu pai não é muito bom a fazer descrições – riu-se agarrando-se ao meu braço. Arregalei um bocadinho os olhos por não estar à espera que ela o fizesse. Estava a ser tudo estranho demais, todos me pareciam querer ajudar e eu não podia confiar em ninguém, já não conseguia. Já tinha acontecido tanta coisa na minha vida que me era impossível fazê-lo.
                -O que é que querem de mim Marie? – perguntou num tom calmo, deixando que ela fosse agarrada ao meu braço. Eu gostava dela, não podia negar, mas era algo apenas de aparência, eu nem a conhecia. Ela sorriu levemente, percebendo que eu já tinha topado tudo.
                -Queremos ajudar-te. – juntei as sobrancelhas mal a ouvi e parei junto à piscina que lá havia, afastando-me até que ela me largasse.
                -Ajudar-me porquê? Eu não preciso de ajuda nem de nada. – ela olhou-me com uma expressão aborrecida, como se me pedisse para dizer a verdade, enquanto tirava do seu bolso uma caixa rectangular, de onde tirou um cigarro. – Dás-me um? – perguntei.
                -Não sei, não precisas de ajuda nem de nada – disse tentando esconder um sorriso. Eu ri-me tirando-lhe um cigarro da caixa e estiquei-me até ao seu, para o acender.
                -Eu só quero ter as minhas coisas com o meu esforço. – expliquei-me – Foi o que me ensinaram. – ela sentou-se num muro, fazendo-me ficar à sua frente para caso os seus pais aparecessem. Sabia que isto era só um ato de menina rebelde e que se os pais a apanhassem ela ficaria de castigo. Era bastante óbvio.
                -Eu sei, mas toda a gente chega a um ponto que precisa de ajuda – levantou-se para ficar maior e me olhar – eu preciso de ajuda e acredita, eu sou bastante orgulhosa. Se não aceitares a nossa oferta, que é mesmo de bom coração. – abanou a cabeça mandando o seu cigarro quase inteiro para o chão. – Vais chegar aos dezoito anos, roubar, apanhar um polícia que não te conhece e aí vais mesmo preso. Tens tido sorte com o meu pai e com o Miller.
 
Fiquei a olha-la muito atentamente, ela estava a ser sincera, mas eu nunca conseguia confiar totalmente nas pessoas. Quando me começavam com isto das ofertas tudo parecia uma chacha, quem é que me quereria ajudar? Havia pessoas em estados piores, porque é que me queriam ajudar a  mim? Por eu sei bonito e ter todo o meu futuro pela frente? Haviam velhos a morrer nas valetas, eu pelo menos tinha saúde!

                -Qual é a vossa oferta? – perguntei ignorando todo discurso que existia na minha cabeça. Ela abriu um sorriso encantador e apontou para a casa fazendo-me perceber – não, se for um emprego eu aceito mas…
                -Sim! – interrompeu-me tirando o meu cigarro da mão para o colocar no chão – Vais viver aqui e procurar um emprego, tal como todos os adolescentes. Tu impões as regras, mas nós damos-te a casa. – agarrou-se à minha camisola – Vá lá Gavin, aproveita a generosidade do meu pai e a sorte que tiveste por te apaixonares por mim e me seguires todos os dias aos meus treinos

 


 

Ainda vai haver mais uma parte dia 19.

Espero que gostem

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