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O meu nome é Gavin
II. Pena
Revirei os olhos ao ouvir o som conhecido das algemas e entrei dentro do carro da polícia, eles já me conheciam tão bem que diziam que só apertavam as algemas porque era a lei. Eles sabiam que eu não fazia mal a uma mosca, apesar de parecer. Desde que tinha completado os quinze que todas as pessoas se afastavam de mim na rua, não sei porquê até sou bastante bonitinho quando estou com a minha cara contente! Mas isso é um bocado raro de acontecer.
-Então Gavin, viste o jogo de ontem? – perguntou Miller, o polícia que estava a conduzir. Tinham-se tornado uma espécie de amigos e sempre que me vinham prender até parecia que ficavam felizes, eu chegava à esquadra e ia embora. Era bastante impressionante.
-Não, hoje dormi um bocado longe daqui. – ele olhou-me pelo retrovisor de sobrolho levantado e eu continuei: - tenho encontrado por aí uma rapariga gira e fiquei a espia-la – ri-me fazendo-os rirem-se também.
-Olha lá rapaz, e a tua casa? – perguntou o outro que ia ao lado. Eu encolhi os ombros olhando para as algemas que brilhavam ao sol.
-Não tenho dinheiro para nenhum advogado e ao que parece quem quer que tenha sido, conseguiram roubar-nos tudo, não nos resta nada – tinha recebido esta informação quando tinha sido preso pela primeira vez, sem dinheiro não havia nada a fazer. O polícia ficou a olhar para mim, assentindo depois mais tarde.
-Se quiseres podes ir jantar lá em casa – disse ele. Pena, eu sempre soube que eles tinham pena, mas isto irritava-me.
-Não é preciso, eu passo bem sozinho. – olhei pelos vidros do carro e felizmente ele não insistiu. Assim que chegámos à esquadra vieram abrir a minha porta e agarrar-me no braço, já estava tão habituado que apenas andava ao lado de Miller e do outro que nunca soube o nome, mas que me tinha convidado a jantar e era o que andava comigo há mais tempo. Já lhe dizia boa tarde ou bom dia sempre que passava por ele na rua.
-O rapazinho está aqui – o superior deles olhou-me com algum desprezo, revirando os olhos por me ver ali de novo, devia ser a quinta vez esta semana, duas das vezes no mesmo dia. Eu tinha que fazer alguma coisa para sobreviver. Estava um frio de rachar e era quase natal, eu tinha direito nem que fosse a um cobertor ou não?
-Eu nem sei porque é que nos dignamos a gastar gasóleo para te ir buscar a uma mercearia – com algum esforço, tirei a maçã que trazia no bolso das calças e dei-lhe uma dentada.
-É porque gostam da minha presença e, sinceramente – mostrei a maçã - coisa mais pequena que isto não há. Não sei para que é que é tanto escândalo – encolhi os ombros vendo Miller assentir como se me compreendesse, mas não compreendia, só eu sabia a fome que passava. Mesmo assim, era preferível viver na rua do que naquele “lar”. Recostei-me na cadeira confortavelmente enquanto a acabava e mandei-a para o lixo, ou tentei porque foi parar ao chão. – Posso ir embora? – perguntei e ele assentiu.
- Tens sorte em já te conhecermos. Vê lá se compões a tua vida Gavin.
Apenas assenti e estiquei os braços para que me abrissem as algemas – Vão levar-me de volta ao meu lar doce lar? – perguntei a Miller referindo-me à rua, eles não sabiam que eu tinha fugido do outro lar, acho que ninguém sabia, aquele lar era tão rasca que nem queria gastar dinheiro nas buscas à minha procura. Ainda bem, eu fugiria novamente se me obrigassem, desta vez, para bastante mais longe. – É que ainda fica longe.
O homem de quem eu não sabia o nome olhou-me abanando a cabeça – Não, tu vais jantar a minha casa, deixou de ser um pedido. – fiz uma careta e ele voltou a colocar-me as algemas.
-Isto não é crime? – perguntei virando a cabeça para o superior – se fosse a si despedi-o – resmunguei enquanto ele me puxava, mas só o conseguia ouvir a rir. – Eu não quero jantar em sua casa, tire-me as algemas – resmunguei tentando afasta-las dos meus pulsos.
-Pára com isso, não queremos que tenhas feridas nos pulsos – fez com que eu me sentasse no seu carro, não no da polícia. Porra, ele devia ser rico para ter um carro daqueles, bem equipado, confortável. – E tira essa cara de carneiro mal morto, vais conhecer a minha filha, tens que estar minimamente apresentável – fiz uma careta com o que o homem disse. – O que foi? És gay?
-Não – continuei a olha-lo enquanto abanava a cabeça – porque é que está a fazer isto? O Miller é muito mais simpático e nunca fez nada por mim.
-O Miller não tem onde cair morto e eu tenho muito dinheiro, posso ajudar quem quiser e tu – olhou-me – não me pareces mau rapaz, por isso eu vou ajudar-te, quer queiras quer não.
Ao perceber que não tinha como escapar, apenas suspirei e deixei a minha cabeça encostar-se à cadeira do carro, olhando para a paisagem. Não ia negar, era bom estar num sítio confortável.
Eu sou tão, mas tão sortuda que arranjei uma tendinite no ombro, para não falar de outras coisas.
Recebi respostas muito positivas sobre a primeira parte, obrigada a todos, eu gostava de responder-vos um a um os vossos comentários nos vossos blogs, mas a minha net tem alguma coisa contra o sapo blogs porque encrava sempre que eu ando muito por aqui, por isso, se ainda não repararam, eu respondo-vos no meu próprio blog.
Olá :)
omg será que é esta que eu vou conseguir seguir do...
devo dizer que com o frio que estou consigo imagin...
Gostei imenso! Aliás adorei!Devo dizer que fiquei ...
ahahahahhahahaAHAHAHHAAHHAHAHAHAHAHAH ele é tão se...