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11ºCapítulo
Corpos
Grace arregalou os olhos quando ouviu a voz de Rafael de novo e debruçou-se sem ele. Não tinha medo de uma pessoa que a tinha salvo mais que duas vezes. – Também ficas horrível quando dores. Babas-te e isso tudo. – estava visto que ele estava mais que bom, já podia começar a correr e a mandar piadinhas pelos cantos.
-Estúpido – resmungou Grace, cruzando os braços, tentando esconder um sorriso.
-Tu é que começaste. – Pela primeira foi visto surgir um sorriso sincero e muito branco na boca de Rafael, fazendo as suas bochechas ficarem salientes e os seus olhos brilhantes. Grace ficou a olha-lo embasbacada, se ela já tinha reparado que ele era bonito, então agora, não sabia o que ele era. – O que é que foi? – perguntou. Grace revirou os olhos, a sua beleza irresistível não durava muito.
-Estava só a olhar para ti – resmungou e desta vez foi ela que o apanhou distraído a olha-la, mas estava mais sombrio desta vez, parecia estar a recordar-se de tudo o que tinha acontecido.- O que é que foi? – perguntou no mesmo tom dele, mas ao contrário dela, Rafael deu-lhe uma resposta, horrorizado.
-Eu tentei matar a tua mãe – Grace baixou o olhar e encolheu os ombros devagarinho.
-Não penses nisso, agora, está tudo bem, mais ninguém sabe. – ela agarrou nos lençóis que lhe tapavam o peito e devagar, destapou-o até olhar para onde devia estar a ferida, mas tudo o que havia era uma cicatriz. – já estás bem – olhou-o sem conseguir deixar de tocar, ela disse a si própria que era só para garantir que era verdade, mas ela bem que queria ter sentido aquilo à mais tempo.
-Devidamente tratado eu curo-me rápido. – esclareceu-a exercendo força nos braços para se sentar e recostar nas almofadas, enquanto olhava para Grace. Todo o seu ser a desejava, era impressionante em como não era apenas a vontade e o instinto que ele tinha de a matar, era mais alguma coisa. Já estavam demasiado perto quando a porta se abriu. Grace saltou e deu um guincho, meio assustada com o barulho que a porta provocou ao abrir. Rafael também estremeceu, mas quando viu que era apenas o irmão, descansou.
-Não se assustem por minha causa – a voz de Quint soou agressiva e algo cínica, fazendo a loira levantar-se e olha-lo. Quint estava com uma bengala ao lado da sua perna, o que fez com que Grace sentisse um aperto no peito. – É, nem todos podem ser monstros que se conseguem curar assim – estalou os dedos enquanto olhava para Rafael, que engoliu em seco. Grace tinha-lhe dito que mais ninguém sabia, mas… Não, o Quint não podia saber. – Oh por favor Rafael, eu não sou burro, eu vivo há dezassete anos contigo, eu sei muito bem quem és. E se não soubesse, agora tinha a certeza. – já a começar a ficar irritada com o tom que Quint estava a usar contra o irmão, Grace olhou para Rafael, desviando rapidamente o olhar, foi na direcção do loiro e empurrou-o com cuidado para fora do quarto ficando a olha-lo com uma expressão severa. O rapaz arrepiou-se, ela era bonita de todas as maneiras, mesmo assim, continuou com aquela cara de quem queria matar tudo e todos.
-Não sejas estúpido com o teu irmão, ele adora-te e preocupa-se contigo – ralhou-lhe Grace.
-É tudo à cerca dele não é? – perguntou com as lágrimas a quererem escapar dos seus olhos azuis – é sempre tudo sobre ele! - cerrou o maxilar, respirando fundo, mas isso pouco adiantou – eu estou farto disto – gritou, fazendo a rapariga estremecer e, sentindo-se arrepender e foi baixando-se enquanto soluçava, deixando-se cair para o lado da perna boa.
-Quint – murmurou sentando-se ao seu lado, esticando os braços até o abraçar. Apesar de toda a hesitação, ele agarrou-se a ela.
-Porque é que eu não posso ter nada do que quero? – Perguntou-lhe ao ouvido enquanto tentava acalmar-se, ela suspirou, apertando o abraço e fechou os olhos, passando as mãos pelas suas costas.
-Vamos sair daqui – murmurou Grace – ainda alguém aparece e te vê neste estado. – Apesar de não parecer tão durão como Rafael, Grace sabia que Quint não queria que ninguém o visse assim. Ajudou-o a levantar-se, dando-lhe de novo a bengala. Ele olhou-a com alguma repulsa e Grace não conseguiu imaginar o que ele sentia. Talvez raiva, era o que parecia. – Anda, quero levar-te a um sítio – sorriu um bocadinho e deu-lhe a mão vazia, ele olhou-a durante uns segundos e quando desceram as escadas ele foi mais lento, mas ela foi ao seu passo. Ao passar pela sala, agarrou nas suas flechas e no seu arco, já não conseguia andar sem eles, podia acontecer alguma coisa e isso era o que menos queria, o que tinha passado no Concelho já tinha sido demasiado para uma vida inteira. Saíram pelas traseiras e Grace sorriu, não se lembrava de ir para lá há muito tempo, só esperava que estivesse tudo igual.
-A Kate não gosta…
-Queres ir comigo ou não? – Grace parou à sua frente e Quint sorriu um bocado apontando com a cabeça para que continuassem a andar. Assim fizeram, mas Grace, quando viu o seu cantinho todo destruído, parou. Ela costumava ir para ali quando era miúda, mas agora… agora era só terra e… corpos. Quint olhou-a confuso, percebendo que Grace estava como ela – O que é que aconteceu? – Perguntou chorosa. Quint colocou-se à sua frente, limpando-lhe as lágrimas e fechando-lhe os olhos.
-Não olhes – murmurou, olhando para trás para os corpos já em decomposição, lançavam um mau cheiro impossível. Quase que apostava em que tinha feito isto. Grace também tinha uma suspeita, mas não disse. – Vamos voltar para a Fazenda – disse num tom calmo. A rapariga assentiu, tentando controlar o choro e virou costas àquele terror começando a andar pelo caminho já conhecido. Ao entrar de novo na sala, Quint deu-lhe um beijo na testa e voltou a subir até ao andar de cima, Grace ficou estática na sala, enquanto Anastácia comia morangos com uma cara enojada.
-Foste tu não foste? – Quint entrou de rompante no quarto do irmão, coxeando até chegar à sua cama. Rafael sentou-se, olhando-o um pouco confuso e afastou-se dele, parecia que era capaz de mata-lo, ele conseguia ver um olhar de raiva no irmão que nunca tinha visto. – Admite – gritou até ficar vermelho.
-Fui eu que fiz o quê? – perguntou engolindo em seco. Quint agarrou na bengala e esticou-a até ao irmã, pressionou um botão, fazendo uma lâmina afiada aparecer. Rafael olhou para a lâmina apontada para o seu pescoço – O que é que estás a fazer? – gritou-lhe sentindo a bengala encostar-se ao seu pescoço.
-Quando não se tem nada para fazer – encolheu os ombros e fez com que o irmão se encostasse à parede. – Foste tu que mataste aquelas pessoas todas e as deixaste lá a apodrecer.
-Eu não fiz nada – rugiu-lhe Rafael de maxilar cerrado. Os seus olhos castanhos estavam meio cerrados, ele já estava a começar a perder a paciência e isso era mau para o lado de Quint.
-Foste tu não foste? – Grace cruzou os braços ao peito enquanto olhava para a namoradinha de Rafael. Meu deus, como ela não a suportava! Anastácia levantou uma sobrancelha e sentou-se, mandando o morango que tentava comer à lareira.
-Estas coisas sabem mesmo mal, não sei como é que a conseguem comer – ia tirar mais um morango da taça, mas Grace deu um pontapé à mesa que se virou, fazendo Anastácia levantar-se meio irritada – o que é que tu queres?
-Quero que admitas que foste tu que fizeste aquilo na floresta atrás de casa. Há pessoas mortas lá. – Anastácia riu-se e cruzou os braços ao peito, enquanto se aproximava. Grace na defensiva, tirou uma flecha da mala e levou ao arco, apontando a mesma em direcção à cabeça.
-Oh por favor Grace, vais matar-me é? – perguntou ela. Grace sabia que não conseguia, ela parecia demasiado humana e… e era a mulher com quem Rafael estava. – Admite lá que isto é tudo por causa dele. – provocou-a. Grace olhou em volta, não havia ninguém em casa, apenas eles os quatro, o resto estavam a treinar ou a investir mais coisas sobre o concelho.
-Isto é por causa de ti – cerrou o maxilar – não devias sequer estar em casa da minha avó.
-Mas estou, e há mais tempo que tu querida. Não imaginas as coisas maravilhosas que se encontram por aqui – sorriu-lhe cinicamente – Como é que vai ser agora? Vais tentar destruir o meu namoro com o Rafael, ou vais cair nos braços ali do player coxo? – Grace já não estava a aguentar ouvi-la. Podia não a conseguir matar, mas… Quando deu por si, a flecha que devia estar no arco, estava agora na coxa dela. Grace estava furiosa, e quando ela ficava furiosa, ela era pior que a mãe.
-Cabra – gritou-lhe Anastácia que começou a empalidecer. Se Grace não soubesse o que ela era, estava agora a acudi-la por estar tão pálida, mas nem se mexeu, vendo a rapariga descair sobre a perna e tirar a flecha da sua perna, mandando-a na direcção da loira. Ela afastou-se, de olhos arregalados quando ela se levantou e quando tentou tirar outra flecha, Anastácia foi mais rápida, sorrindo enquanto olhava para a mala onde tudo o que ela tinha estava – Mas o que será que consegues fazer com um arco vazio? – perguntou com um tom cínico e um olhar provocador. Grace cerrou o maxilar e tentou muito, mas mesmo muito, mas assim que a outra soltou uma gargalhada, ela lançou-lhe o arco à cara fazendo-a cair para o lado assim que lhe embateu na cabeça.
-Muita coisa – resmungou ela agarrando nas suas coisas. O seu corpo gelou quando se ouviu um barulho e de seguida gritos, eram os de Quint e Rafael.
Olá :)
omg será que é esta que eu vou conseguir seguir do...
devo dizer que com o frio que estou consigo imagin...
Gostei imenso! Aliás adorei!Devo dizer que fiquei ...
ahahahahhahahaAHAHAHHAAHHAHAHAHAHAHAH ele é tão se...