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7ºCapítulo
Força e ingenuidade
Ao sentir o sol aquecer-lhe a cara, Grace virou-se para o outro lado e sorriu um bocadinho ao ver Quint a dormir. Parecia um anjinho. Deu-lhe um beijo na bochecha e suspirou encostando-se a ele. Hoje a mãe vinha, só tinha passado uma semana desde que estava em Hidra, mas já parecia um ano. Na noite anterior, Grace não disse mais nada apesar das tentativas de Quint de a fazer falar, o pescoço ardia-lhe, mas ela escondeu-o com o cabelo e adormeceu de costas viradas para o loirinho, mas agarrada à sua mão. Não queria dormir sozinha depois do que tinha acontecido, não só com Anastácia, mas com tudo, e estava fora de questão pedir a mais alguém para dormir com ela.
-Já estás acordada? – perguntou Quint que tinha despertado com os movimentos na cama. Grace assentiu de modo a que ele notasse, o que o fez dar-lhe festinhas no seu cabelo loiro. – O que é que aconteceu ontem Grace? Estás assustada? Fala comigo – Grace foi obrigada a olhar para ele, visto que este lhe segurava o rosto com a mão.
-Eu estou bem, só precisava de companhia – disse num tom mais baixo, ela já não se reconhecia a si própria, tinha medo de tudo o que se mexia, até da sua própria sombra. Sabe-se lá se não é um monstro!
Quint não insistiu muito na conversa e deixou que ela se agarrasse a ele, até o rapaz voltar a adormecer e, por já não conseguir fazer o mesmo, Grace levantou-se com muito cuidado e foi até à cozinha onde estavam todos, incluindo Anastácia que estava com melhor aspecto, mas só olhava a comida. Mal a viu, voltou para trás embatendo contra o peito de Rafael. Ele olhou-a de lado e afastou-se, ia ignora-la no preciso momento em que viu o pescoço dela.
-O que é isso? – perguntou ele agarrando-lhe no pulso e Grace já só se viu dentro da casa de banho, com o pescoço destapado, que agora ardia ainda mais pelas mãos de Rafael estarem tão perto. Ela gemeu de dor e fechou os olhos com força.
-Foi a Anastácia – disse abrindo os olhos para o olhar – eu sei que não vais acreditar em mim, ela é a tua namorada, mas – quando deu por si já estava com as mãos a agarrar-lhe a camisola que trazia vestida – ela atacou-me ontem, ela é como os outros do bar, Rafael, acredita – abanou-o ligeiramente. O rapaz estava a olha-la com os olhos um pouco mais abertos que o normal, mas não se mexia.
-Isso é impossível, se a Anastácia fosse um Humanóide eu… - parou para pensar durante uns segundos para depois assentir para si próprio – se ela fosse isso eu conseguia sentir.
- Ela atacou-me, isto prova tudo – apontou para o pescoço – o Quint chegou no preciso momento, por isso é que eu estou viva. – Grace parecia tão apavorada que Rafael até chegou a reconsiderar, mas não conseguiu acreditar, por mais que quisesse não conseguia. Ele estava muitas vezes com ela, andava ali pela fazenda como se nada fosse, só se... não.
-Eu trato-te disso – disse ele agarrando na caixa de primeiros socorros que estava no armário, sentou Grace em cima da sanita e começou a desinfectar a ferida com as folhas de Kate.- Isso já te passa, essas folhas são milagrosas para nós – voltou ao seu tom seco e virou costas para sair, para deixar a rapariga sozinha, mas acabou por não o fazer. – Anda comigo. Queres treinar não é? Então aprende comigo – agarrou-lhe na mão e começou a puxa-la para o campo de treinos, não lhe dando oportunidade de ficar quieta no seu sítio
-Deixa-me Rafael, o meu treinador é o teu irmão e a minha mãe deve estar a chegar.
-Que se lixe a tua mãe – agarrou numa catana para lhas passar para a sua mão. – Isso é uma catana, uma espécie de faca gigante que é mais usada para cortar arvoredo do que para matar, mas chega para te defenderes.
-Eu só sou boa no arco – ripostou.
-Não interessa, tens que te saber defender quando não estás com ele – agarrou noutra catana e começou a ir na direcção dela.
-Tu queres matar-me – disse ela afastando-se à medida que ele se aproximava.
-Ataca-me Grace, não é a fugir que vais aprender. – Grace cerrou o maxilar enquanto o olhava e acabou por respirar fundo, parar de fugir e começar a golpeá-lo.
Rafael estava a perguntar-se a si próprio porque é que a estava a ensinar, ele achava-a fraca, incapaz de suportar tudo isto de uma só vez. Talvez pensasse isso, mas no fundo soubesse que dentro dela há uma guerreira, ela não era uma humana, pelo menos não uma humana normal, talvez fosse por causa disso. Ele não estava a levar aquela luta a sério, estava apenas a tentar ensina-la, mas chegou a um ponto em que Grace estava tão cansada e a suar por todos os lados que chegou a cair no chão completamente esgotada, e ele teve que ir ajuda-la a levantar-se.
-Todos os fortes são levados para o meio da batalha, todos os ingénuos são os primeiros a morrer – Grace estava a olhar para os seus olhos grandes e pretos, estava a tentar tirar algum sentimento que vivesse nele e ao mesmo tempo a tentar perceber o que ela queria dizer com aquilo. – tu és as duas coisas Grace, tenta não ser morta. – mandou a catana que tinha na mão para o monte e começou a subir as escadas, deixando a rapariga sozinha dentro do campo de treinos. Então era assim? Ele ensinava-a uns truques quaisquer em duas horitas e depois dizia que ela era forte, mas ingénua? E que ia acabar morta por isso?
Grace suspirou passando as mãos pelo cabelo e estava quase a recompor-se para subir as escadas quando Kate apareceu.
- A tua mãe chegou, o que é que estás aqui a fazer? Devias estar no teu quarto – disse a senhora preocupada – não me faças chatear com a Marge querida, tu sabes como ela é. – Grace estava tão cansada que apenas assentiu dando um pequeno beijo a avó.
-Diz-lhe só que vou tomar banho – sorriu-lhe um bocadinho e foi até ao seu quarto, tomando um duche rápido para não fazer a mãe esperar. Decidiu vestir apenas uma roupa mais velha e uns chinelos de enfiar no dedo, e assim que desceu todos ficaram de boca aberta.
-Porque é que estás assim vestida? – perguntou Marge indo na direcção da filha para lhe dar um beijo. Grace olhou a mãe depois de retribuir o seu beijo na bochecha e encolheu os ombros.
-Não te irrites com a avó, eu fui atacada logo depois de me teres deixado aqui.- disse ela decidindo não parar antes que fosse interrompida – ela não teve escolha senão contar-me tudo. Quando é que me ias dizer mãe? – perguntou cruzando os braços – sempre fui mais forte que todas as outras em todos os sentidos, mas pensava que era apenas sorte, afinal é uma maldição.
-Cala-te – ela esperava ter ouvido aquilo de Marge, mas esta estava demasiado apática para falar, quem o fez foi Rafael, que estava num canto, encostado à parede a olha-la – não é uma maldição, proteges o Mundo se fizeres alguma coisa, proteges os teus amigos humanos, não é nenhuma maldição, não fales de uma coisa que nunca experimentaste – desencostou-se da parede olhando-a por mais uns segundos à espera de uma reacção, mas como não aconteceu nada, apenas saiu. Quint estava calado a olhar para a mesa, tinha uma expressão triste e desiludida no rosto, talvez se tivessem sentido ofendidos.
-Eu queria proteger-te – foi a vez de Marge falar, ao contrário do que todos pensavam, ela não estava furiosa, estava até triste – uma vez foste atacada – afastou-lhe a camisola na zona do ombro, fazendo Grace afastar-se, mas a sua ferida já não existia – eras muito pequena, não te lembras de nada, mas choraste tanto Grace, tanto. – abanou a cabeça mostrando-lhe uma cicatriz – aí eu percebi que não pertencias a este lugar, merecias ser normal, brincavas tanto com as outras crianças que não eram iguais a ti, eras feliz.
-Fizeste a escolha errada – nem Grace pensou que a sua voz lhe saísse tão dura – graças a ti, já não me conheço. Criaste uma pessoa que nunca existiu – Kate e Marge abriram a boca para falar, mas nada disseram enquanto ela subia as escadas. Precisava de espaço para pôr a cabeça em ordem. Marge decidiu ir embora, nem discutir com a mãe, até lhe agradeceu por tomar conta dela, disse que ia ficar por Hidra, mas que não queria estar na fazenda, isso só ia fazer pior a Grace.
No próximo capitulo:
-O que se passa? – perguntou sentando-se na sua cama. Quint cerrou o maxilar e virou a cara para olhar para a janela – Quint?
-Eu não sou bom o suficiente?(...)
-Leva o teu arco – disse o loiro saindo à pressa do quarto dela. Grace foi buscar o arco que lhe tinham dado e desceu até onde estavam todos.
-Algo que passa no Concelho. – informou Susie que olhava muito atentamente para o telemóvel. - Estão todos escondidos nas caves de segurança e não conseguem sair, estão encurralados e precisam de ajuda.(...)
Dois dias depois
A ferida de Rafael não sarava, pelo cheiro e o aspecto Grace até podia dizer que aquilo estava a ficar podre. É mesmo essa a expressão, podre. Nos dois dias que tinham passado juntos Rafael não se tinha mexido muito, Grace tentava falar com ele, mas ele continuava a mesma pessoa rude e otária para ela.
Não acredito que esteja muita gente por aqui a esta hora, mas não faz mal. Vou postar um capítulo daqui a pouco. Quem ler que comente por favor.
Adoro-vos.
Isto está a coisa mais pequena de sempre, vocês deviam querer matar-me -.-, mas eu compenso no próximo capitulo. Provavelmente só vou postar no sábado, ou ainda na sexta, porque hoje vou para Gouveia e só volto na quinta nao sei a que horas.
6ºCapítulo
Canibalismo?
-O que é que eu faço? – perguntou de joelhos ao lado dele passando a mão pelo seu cabelo, apertando-o mais no seu rabo de cavalo. Ele abriu a boca e olhou para o pedaço de pedra que o cobria. Grace abanou a cabeça, ela não tinha força. – Calma – disse mais a ela própria do que a ele. – Eu consigo – murmurou colocando as mãos por cima da pedra e colocando toda sua força nas suas mãos, mas nada aconteceu.
-Grace – chamou Quint já a começar a entrar em pânico. – Eu não consigo… - Quint não conseguiu terminar o que estava a tentar dizer, não tinha qualquer ar nos pulmões e estava a ficar meio roxo. Até Grace, que às vezes conseguia ser muito lerda, percebia que se ele continuasse ali debaixo mais uns segundos não ia conseguir sobreviver. Ela voltou a tentar afastar tudo aquilo, mas era escusado, não tinha força suficiente para aquilo. O desespero começou a instalar-se no seu peito fazendo-a hiperventilar enquanto agarrava no único braço de Quint que estava fora.
-Aguenta por favor – pediu baixinho encostando a cabeça à dele e quando a voltou a levantar foi para chamar Rafael, mas ele já a tinha tirado tudo de cima do irmão apenas num instante, enquanto Grace nem num segundo tinha conseguido mover aquilo. – Acho que vou vomitar – dito e feito, o pouco que tinha comido, Grace deitou fora, Rafael tinha razão, era demais para ela. Não! Não, não tinha razão, Rafael não gostava de competição, era por isso que a tratava tão mal, ela estava convencida disso.
-Estás bem? – perguntou Quint, Grace assentiu.
-Estou – respondeu Rafael, fazendo com que a rapariga olhasse para eles os dois, Quint não estava a falar com ela, estava a falar para o irmão que estava ligeiramente abatido e com o maxilar cerrado. – Vamos embora agora antes que vos matem – disse ajudando o loiro a levantar-se. Grace correu atrás deles, ainda meio tonta, para fora do edifício e agarrou-se à mota para não cair.
-E agora? Eu não sei andar de mota e ele não está… – apontou para Quint que já tinha recuperado a cor e já estava como novo – pelos vistos está. - ouvi algo cair, fazendo-a olhar para baixo e juntou as sobrancelhas ao ver uma seringa.
-Eu estou bem – disse Quint fazendo uma careta quando tocou no seu braço que estava apenas ligeiramente arranhado. – São só uns arranhões – sorriu fazendo-se de forte e indo para cima da mota, sob o olhar atento de Rafael, ele sabia que por vezes o irmão era demasiado orgulhoso para admitir dor. Grace assentiu e foi para trás dele na mota tentando segurar-se apenas à sua roupa que também não estava muito bem estimada.
Ao voltar para a Fazenda, Grace viu Kate num estado desesperado à porta da entrada.
-Estás parva, Grace? Se a tua mãe sabe não és só tu que estás morta, sou eu também. – ralhou ela fazendo a neta encolher os ombros ainda ligeiramente enjoada. A única coisa que queria saber agora era da mãe, era graças a ela que Grace tinha quase morrido, se a ela soubesse defender-se minimamente estaria tudo bem agora.
-Ela não precisa de saber se não lhe contares. – Kate até susteve a respiração, se Marge soubesse… Ela era a fúria em pessoa, essa fúria não podia ser despertada. Porém a preocupação de Kate desviou para Quint quando ele cambaleou, mas tentou disfarçar continuando a andar e depois para Rafael que estava demasiado pálido.
-O que é que aconteceu no Concelho? – perguntou, Rafael passou por ela e parou abanando a cabeça.
-Está completamente vazio, só há mutantes, vamos rezar para que não estejam mortos – disse num tom seco e um bocado irónico – vou sair daqui – disse com um suspiro dando meia volta e agarrando na sua mota para sair.
Grace tinha preparado um chá para si própria, o que na verdade era um autêntico milagre, mas não se deu ao trabalho de festejar. Estava um caco, precisava de descansar e colocar a cabeça em ordem, em dois dias tinha acontecido demasiadas coisas.
-Olá – ela estremeceu quando viu Anastácia. – Desculpa, não te queria assustar. – disse com um sorriso cansado. Estava pálida e os olhos dela estavam estranhamento esbugalhados.
-Precisas de alguma coisa? – perguntou Grace, ela não percebia como é que a conseguia odiar tanto, porém ela não parecia muito saudável. Anastácia assentiu e olhou em volta.
-Acho que precisava de comer alguma coisa, mas não sei o quê – começou a andar à volta da mesa da cozinha, onde Grace estava, enquanto olhava para a bancada.
-Come uma maçã, não estás com um aspecto muito bom - Grace encolheu os ombros com um sorriso divertido, mas Anastácia não pareceu gostar, porque de um momento para o outro Grace só a sentiu atirar-se para cima dela e algo húmido que ardia no seu pescoço. Ela gritou histéricamente tentando prender-lhe os braços.
-Larga-me – gritou finalmente conseguindo prender os seus braços e para-la. Levantou-se e fez com que a morena se debruçasse sobre a mesa ficando a salivar para esta. - Lá se vem o meu chá - murmurei Grace para si própria.
-Tenho fome – a voz de Anastácia saiu completamente desesperada e irritada, estava a tentar escapar das mãos de Grace, mas estava fraca e tinha sido descoberta, por isso o melhor era não lutar. – Não contes. – pediu de olhos arregalados e por momentos pareceu voltar ao normal.
-Grace? – Quint fez uma careta ao ver Grace agarrar os braços da cunhada – estão bem? – perguntou-lhe fazendo com que ela assentisse e largasse Anastácia afastando-se dela o mais rápido que conseguiu.
-Podes vir para o quarto comigo, por favor? – perguntou baixinho agarrando-se ao seu braço, pela primeira vez desejava ter o seu arco perto dela para acabar por aquela coisa... aquela criatura.. agora percebia porque é que não gostava dela.
Boas férias.
-O que é que eu faço? – perguntou de joelhos ao lado dele passando a mão pelo seu cabelo.
Grace abanou a cabeça, ela não tinha força.
(...)
-Grace – chamou Quint já a começar a entrar em pânico. (...) -Aguenta por favor.
(...)
-Olá – ela estremeceu quando viu Anastácia. (...) -Acho que precisava de comer alguma coisa, mas não sei o quê – começou a andar à volta na cozinha enquanto olhava para a bancada (...) -Larga-me!! – gritou histericamente a rapariga loira
É pouquinho eu sei, mas no sábado vem mais, sim?
5ºCapítulo
Mulher de arco e flecha
-Não, eu só te contei para teres cuidado Grace, eu não vou deixar que te metas nisso. A tua mãe disse que isto não era lugar para ti, ela queria que fosses uma criança normal, que nascesses como uma humana simples e vais continuar assim – disse Kate decidida.
-Desculpa avó, mas não me podes impedir. – Desde quando é que ela continuaria a ser uma humana simples? Tinha quase morrido com veneno daqueles… no seu corpo, tinha sido atacada e agora que sabia de tudo, ou de um bocado do que era a vida real não ia voltar a ser a mesma. Apesar de tudo, ela já não era uma criança.
Quint não lhe tinha conseguido resistir, se é que tentou fazê-lo, disse logo que a podia ensinar a fazer o que quisesse.
Neste momento Grace estava em frente a um saco de boxe, o rapaz, seu treinador tinha-lhe dito que era só dar um murro e pontapear de vez enquanto, até fez uma demonstração que Grace achou deveras sexy. Quint era um rapaz muito... bonito, talvez quisesse passar mais tempo com ele. Para a ensinar claro.
-Concentra-te – pediu Quint. Grace assentiu com uma expressão séria enquanto olhava para o seu “inimigo”, mas assim que lhe lançou um murro deu um grito estridente e agarrou-se à mão gemendo de dor.
-Aiaiai, isto dói – disse quase com as lágrimas nos olhos. Rafael não tinha feito barulho nenhum, mas estava a assistir, neste momento tentava não se rir, mas não conseguiu aguentar.
-A sério que estás a tentar Quint? – sentou-se no sofá do fundo da sala de treinos e abanou a cabeça – é um caso perdido. – Quint olhou para o irmão meio irritado.
-Deixa-a Rafael, ela está a tentar. – Defendeu a rapariga. Grace virou-se para Rafael que agora estava mais sério e enquanto massajava o pulso, esboçou um sorriso cínico.
-E vou conseguir! – disse com um ar superior passando as mãos pelo seu cabelo e prendendo-o ainda melhor à cabeça. – Outra vez. – disse decidida, fingindo que não lhe doía.
Grace tentou fazer o mesmo vezes e vezes sem conta até estar esgotada e faminta. Apesar de todo o seu esforço e boa vontade, não conseguia bater no saco de box sem se magoar. No fim, Quint tinha-lhe dado umas luvas para que tentasse, mas nem assim, ela não tinha muita força, pelo menos não tanta em comparação com Susie, porque em comparação com outras raparigas humanas ela dava cabe delas.
Anastácia e Susie estavam ambas no jardim, tinham-se tornado bastante amigas desde que a primeira tinha chegado a Hidra, mesmo não sendo Susie uma rapariga de grandes amizades. Grace, que já tinha tomado banho e se arranjado para jantar, foi devagarinho ter com elas, olhando as duas. Não gostava especialmente de Anastácia, apesar desta ser querida e simpática para ela, ao contrário de Susie, o que era um pouco contraditório, mas ela tinha as suas manias.
-Alguém te chamou para aqui? – perguntou a rapariga antipática, fazia-a sempre lembrar-se de Rafael.
-Oh deixa-a Susie, ela não tem amigas por aqui! – repreendeu Anastácia. Grace olhou-a e acabou por abanar a cabeça arranjando uma desculpa para sair dali rápido.
-Não, eu só queria perguntar se… alguma de vocês tem… - pensou um bocadinho, mas acabou por encolher os ombros virando costas – esqueçam, eu peço à minha avó. – disse começando a ir para dentro de casa sob o olhar confuso das duas raparigas.
Quint estava a sair de casa e já era de noite, mais tarde o jantar estaria pronto. – Onde é que vais? – perguntou Grace, porém Rafael apareceu descendo as escadas e foi ter com o irmão.
-A nenhum lado que te interesse miúda – disse logo Rafael, interrompendo o que Quint ia dizer.
-Pára de ser antipático, seu estúpido!! – alterou-se Grace agarrando numa jarra da avó e atirando-a com pontaria à cabeça dele. – Estás sempre a ser mal criado comigo e eu não te fiz nada! – gritou-lhe irritada, só se apercebendo depois que ele estava a sangrar. Abriu ligeiramente a boca e aproximou-se dele. – Desculpa.. – pediu. Quint estava com os olhos arregalados e olhava para Kate que estava à porta da sala a olhar para tudo meio perplexa. Grace abriu a boca para pedir desculpa mais uma vez, mas não ia descer tão baixo, a culpa era dele. Se não fosse tão estúpido e respondão nada disto tinha acontecido. Rafael estava com uma mão no olho e tinha a cara toda manchada com o seu sangue de um escarlate muito clarinho.
-Eu vou matar-te – disse com o maxilar contraido, saindo da sua frente para que não fosse já ali. Quint riu-se quando Rafael desapareceu para se ir limpar, e quando Kate desapareceu, ele mordeu o lábio olhando para as suas mãos e depois para Grace.
-Acho que já sei um dos teus talentos.
Hidra ✥Mulher de arco e flecha - Um dia depois
-Atira agora – gritou Quint e assim que Grace fez o que ele pediu, a flexa foi directamente parar ao ponto minúsculo vermelho. O rapaz loiro bateu palmas às gargalhadas, só lhe faltava rebolar no chão. Ele estava completamente entusiasmado e admirado com o jeito que rapariga levava para aquilo. Grace riu-se das suas figura e respirou fundo com um sorriso.Pela primeira vez ela sabia que era boa a fazer alguma coisa. Ela nunca soubera isso, havia momentos em que se punha a pensar e até ficava desapontada com ela própria. A sua mãe e avó eram óptimas em tudo, Mae era óptima a cozinhar, até já tinha ganho um prémio num concurso, as suas amigas eram todas boas em algo desde que variassem entre organizador festas e música, já ela não era boa em nada. Até agora.
-Eu nasci para isto – disse passando a mão pelo seu peito brincando consigo própria no preciso momento em que Rafael voltou com uma cara nada agradável e um corte minúsculo ao lado do olho.
-Despacha-te Quint, há um alarme no Concelho. – Rafael estava só a centrar-se no irmão para não matar Grace, porque estava com uma vontade incontrolável de o fazer desde o dia anterior. Grace sorriu quando viu que ele estava todo amuadinho e agarrou numa das flechas de borracha atirando na direcção dele, mas Rafael apercebeu-se a tempo e agarrou na mesma, não se conseguindo livrar da próxima que se seguiu e lhe acertou na zona do coração. Irritado, atirou a flexa que tinha apanhado na direcção dela, mas ela desviou-se e começou a rir-se.
-Tira essa cara de mongo. – gozou com ele e olhou para Quint com um sorriso – posso ir com vocês? – perguntou, aliás aquilo não era uma pergunta porque se Quint negasse ela ia acabar por ir na mesma.
-Claro que não, mete-te na tua vida de princesa Grace, deixa-nos em paz, limita-te a ficar como és mesmo – desta vez Grace não gostou do que ouviu e subiu as escadas na sua direcção.
-E o que é que eu sou mesmo? – perguntei olhando-o nada bem disposta.
-Uma princesinha no teu mundo fantástico e cor de rosa – disse no mesmo tom mal humorado de sempre. Ela agarrou com mais força no arco e com a mão livre começou a bater-lhe com um dedo.
-Tu não sabes de nada – gritou-lhe e estava pronta a gritar mais com ele, mas Quint agarrou-a pelos ombros e levou-a para fora do campo de treinos, fazendo-a subir as escadas até à sala.
-Tem calma com o Rafael, não lhe dês ouvidos – riu-se – anda desanuviar, eu levo-te lá, mas leva isso – apontou para o arco e para as flechas, ela assentiu e colocou tudo às costas.
-Obrigada loirinho – agarrou-se a ele com um sorriso.
Rafael não gosto da ideia de Quint trazê-la, ainda lhe acontecia alguma coisa e depois o culpado acabava sempre por ser um deles. Ainda para mais ela era neta de Kate e ele não se ia sentir bem com mais nenhum dano que pudesse acontecer naquela cabeça oca.
O concelho ficava no centro de Hidra, Rafael foi sozinho na sua mota enquanto os outros dois foram na de Quint e quando lá chegaram, Grace ficou de boca aberta e de olhos arregalados. Aquilo era grande demais para Hidra, ela nem memória tinha daquele lugar, mas sabia que Hidra não era assim um país tão grande para ter uma cidade daquelas. Os prédios do centro tinham mais de sessenta andares sem exagerar, porém Grace não teve muito tempo para se deixar deslumbrar porque Quint agarrou-a pela mão para que corresse. Com aquilo tudo não tinha percebido que cães raivosos estavam atrás deles, prontos a atacar.
-Acorda Grace – gritou Rafael quando a viu completamente distraída, ele não podia acreditar que aquilo estava a acontecer, até eles tinham conseguido entrar. Estes mutantes eram dos mais fracos, apesar da sua força e de se saberem desviar bem das balas de prata. Prata era uma das coisas que resultava para matar, alguns deles tinham-se tornado alérgicos e morriam rapidamente após serem baleados.
-O que é que eu faço? – perguntou Grace olhando para Quint que abanou a cabeça concentrando-se para atirar uma bala certeira à cabeça, do que Grace pensava ser, um cão.
-Desenrasca-te, é o teu treino. – Grace olhou-o incrédula, mas ele já estava a entrar no edifício principal. Aterrada pelo medo foi atrás dele, ainda tinha procurado por Rafael, mas nunca mais o tinha visto.
Tinha sido má ideia, o edifício principal tinha um hall de entrada gigante que estava destruído e sem reparos possíveis. A rapariga engoliu em seco e passou as mãos pela cara, prendendo depois o seu cabelo num carrapito sem jeito. Era o seu treino, apesar de ela estar aos tremeliques, ela ia conseguir salvar-se a si própria sem ajuda de ninguém. Estava decidida a isso.
-Oh meu deus, isto está cheio deles – murmurou cheia de medo. Alguns dos mutantes eram tão grandes e fortes que só a cabeça deles já tinham deitado paredes ao chão. Grace saltou quando ouviu um estrondo e escondeu-se atrás de uma jarra que era maior que ela. O seu coração estava aos pulos no seu peito, ela só queria ir embora, mas não podia. Um dos seus gritos ecoou pelo antigo hall de entrada, quando se apercebeu que um lobo gigante, preto, de boca aberta, com duas fileiras de dentes brancos a verem-se estavam prestes a vir na sua direcção para a atacar. Mas, num acto de pura coragem –ou desespero –, Grace atirou uma flecha de olhos fechados e caiu no chão devido a um estrondo que fez a sala toda tremer. Quando abriu os olhos, arregalou-os vendo o monstro morto no chão. Ela suspirou e levantou-se ainda toda a tremer. Procurou Quint e Rafael pela sala e ia gritar pelo primeiro, mas não queria despertar mais nenhum dos monstros. Estava pronta para sair dali a correr quando ouviu um gemido.
-Grace... – ela olhou em volta até que viu Quint debaixo do que restava de uma parede.
Estava com os olhos muito abertos e muito pálido, devia ter ficado encurralado quando se ouviu um dos estrondos e agora, para além de não se conseguir mexer, não conseguia respirar.
Será que ele se safa? Isto está grave...
Os comentários de quinta foram pouquinhos, mas eu desculpo na mesma.
Beijinhos e espero que gostem.
4ºCapítulo
A verdade mais louca - Parte II
Com um suspiro cansado Grace acordou, abrindo os olhos, já não estava na sala, estava no seu quarto, se ela soubesse que tinha sido Rafael a trazê-la ainda lhe dava uma coisinha má. Quando acordou para a realidade saltou da cama e desceu as escadas à pressa olhando depois para Quint que estava no sofá a rodopiar uma faca na mão. Ela arregalou os olhos e deu dois passos. Eram todos loucos aqui não eram?
- Porque é que estás com uma faca na mão? – perguntou afastando-se. Quint olhou para a faca despreocupadamente e fez uma careta.
- Ainda não te disseram? A Kate disse que ia contar – encolheu os ombros e foi ter com ela com um sorriso maroto. – Deixa ver – pediu aproximando-se do seu pescoço. Grace ficou estática enquanto ele lhe tentava ver a ferida e mordeu o lábio.
- Onde é que a minha avó está? – perguntei olhando Quint que estava a admirar o corte perfeito e mais do que cirúrgico.
-Está aqui – Kate entrou, como sempre a tempo de ouvir a neta perguntar por ela. – Estás melhor? – Grace assentiu e foi sentar-se esperando uma explicação por tudo.
-Então como é que foi ser atacada por Humanóides? – perguntou Susie entrando na sala com um sorriso cínico e os braços cruzados ao peito. Kate arregalou os olhos e fez um gesto para que Grace se acalmasse.
-Humanóides? O quê? Isso não são robôs? – perguntou levantando-se na direcção da avó. Susie arregalou os olhos e olhou para a senhora que a repreendeu com o olhar, assim que percebeu que tinha feito asneira foi embora na direcção do quintal.
-Tem calma, não, não são robôs. – Kate suspirou – Quer dizer são, mas também se usa para pessoas diferentes… - tentou explicar com alguma dificuldade e sentou-se ao lado de Grace que se tinha sentado de novo.
-Muito diferentes – Quint foi sentar-se no seu lugar e recomeçou a brincar com a faca.
-São aberrações da natureza, que o Homem criou. – continuou Kate algo irritada, isto não estava a correr bem e Grace ia ficar maluca quando soubesse toda a verdade. – Eles alimentam-se de pessoas – disse de uma vez mas num tom calmo e paciente – são monstros que todos nós aqui tentamos combater – explicou ela. Grace estava a olhar para a avó com uma expressão demasiado neutra.
-Puseste bebida no pequeno-almoço? – perguntou depois de algum silêncio – eu lembro-me que o meu pai gostava muito disso.
-Não, estou a falar bastante a sério. A tua mãe vai ficar fula quando souber que te contámos, mas tens que saber de quem descendes. Tu não és uma humana qualquer Grace. – Aquela pequena frase “tu não és uma humana qualquer Grace”, chamou a atenção da mesma. – Tens mais força, mais resistência, tens tudo a duplicar, e ainda serias mais se treinasses como todos os outros – ela juntou as sobrancelhas, aquilo já parecia mais credível, mas agora Humanóides? Que aquela gente se cuidasse por favor.
-Nós caçamos todos os monstros como os humanóides. – Quint falou lançando a faca a um alvo e voltou a olhar para Grace com o seu sorriso deslumbrante. – Vais ter que acreditar em nós beleza, e se isso não aconteceu eu mostro-te o Concelho.
-Concelho? – perguntou confusa.
-Não, calma. Cada coisa a seu tempo – Kate fez questão de manter a calma. – Grace, olha para mim – pediu a avó – tu não podes confiar em mais ninguém, todo este tipo de aberrações andam à solta e se conseguiram passar a muralha é porque estão irritados, esfomeados, mas principalmente, bem treinados. Este tipo que te atacou pensa, mas está contaminado pela fome e pela raiva. Se eles conseguem ser tão bons como nós somos – apontou principalmente para Quint – poderá acontecer muitas mortes.
-Eu…
-Eu disse que ela não ia aguentar, olha só o ar louco dela – apontou Rafael quando entrou abanando a cabeça com um suspiro.
-Aguento sim! – guinchou com um ar mimado só mesmo para irritar Rafael.
-Rafael, ela foi educada de modo diferente, é normal que não esteja preparada. O Concelho fez questão de esconder isto muito bem de todos que estão fora de Hidra. – repreendeu Kate.
-Expliquem-me melhor – pediu Grace respirando fundo, mas depois continuou – existem monstros é isso? – perguntou fazendo a avó assentir. – E nós somos os bons? – olhou em volta – não estamos em nenhum programa de apanhados pois não? – esta última pergunta fez com que Rafael levasse as mãos ao cabelo e à cara enquanto Rafael se ria desalmadamente.
-Não, os monstros por quem foste atacada ontem são os piores de apanhar, têm veneno, são rápidos, têm aspecto humano, apesar de algumas diferenças, e para além disso pensam, ao contrário de ti – Rafael levantou-se quando a porta se abriu, tinha percebido que era Anastácia e queria fugir daquela conversa, que não era de todo agradável.
-Eles eram estranhos, todos… pálidos e…
-São pálidos quando têm fome – explicou Kate com um meio sorriso – a fome deles não é igual à nossa, eles querem a nossa carne, as nossas entranhas, como os zombies da tv – puxei um pouco a sua própria roupa e acabou mesmo por suspirar. – Tens que ter cuidado.
-Porque é que a minha mãe me mandou para aqui? – perguntou Grace irritada. - Eu nunca fui quase morta onde vivia! – reclamou.
-Porque eles até à pouco tempo estavam presos, mas conseguiram liberta-los, os mais ou menos treinados conseguiram passar a fronteira e o Concelho não se deve ter apercebido disto, ninguém agora está em salvo Grace, Hidra é o lugar mais seguro de sempre.
-Eu preciso de apanhar ar – foi a única coisa que Grace disse depois de algum silêncio. Olhou para a porta das traseiras e levantou-se saindo por lá, sendo seguida por Quint que vinha todo sorridente.
-Não precisas de ter medo, sabes? Eu estou aqui para proteger – sorriu a Grace que levantou o olhar e sorriu-lhe ligeiramente.
-A minha mãe sabe disto? – perguntou sem saber se ele sabia a resposta.
-Claro que sabe Grace, eu não sei a história, mas ela desistiu de ser Caçadora. – Grace ficou levemente corada devido à raiva que estava a sentir. Todos sabiam menos ela?
-Queres ensinar-me? – perguntou do nada, colocando-se à frente dele. – Ensina-me, por favor. Eu quero ser uma Caçadora.
Isto foi tudo à pressa, deve estar cheio de erros mas eu prometi que postava hoje, aliás, eu prometi que era ontem mas surgiram imprevistos e tive que postar hoje. Hoje vou sair, vou à festa do baile de finalistas ^^
Comenteeeeeeeeeem que sábado há mais ^^
beijinhoooooos
espero que gostem.............
Mais uma vez o capítulo está divido em duas partes, não sei quando posto a segunda, mas pelo menos até quarta ele sai.
Ainda bem que estão a gostar
Obrigada por tudo.
4ºCapítulo
A verdade mais louca - Parte I
No capítulo anterior:
O que aconteceu a seguir foi muito rápido, Grace não se apercebeu de metade; mas Rafael apareceu, estava ileso, mas o seu braço estava ligeiramente arranhado, apesar de não haver sinais de sangue. Quando percebeu que Grace estava em pânico, sem saber o que fazer, e prestes a ser morta por aqueles dois, correu até eles matando o loiro apenas com uma mão, torcendo-lhe o pescoço. Grace já não via nada à frente, os esforços que fazia para se soltar eram inúteis e estava prestes a deixar-se levar, culpando a mãe por tudo o que estava a acontecer.
-Morre – gritou Rafael saltando para as costas do outro, sufocando-o acabando por ter o mesmo fim que o amigo. A loira estava estática a olhar para o nada e o seu corpo tremia sem que ela conseguisse ter poder sobre ele. Tinha o ombro com um corte que não era muito grande, mas era grave devido ao veneno potente que estes monstros produziam nas suas glândulas salivares.
-Eles estão mortos – disse baixinho quando percebeu que já ninguém a segurava e começou a sentir as pernas bambas, pensando que era do nervosismo, mas na verdade era tudo efeitos secundários do seu corte– Estão mortos – repetia sem parar. Rafael olhou-a e foi ter com ela, os seus olhos azuis estavam vidrados. Como é que poderia leva-la na mota?
-Anda – agarrou-lhe num braço e quando ela não se mexeu rodeou os seus ombros, mas ela recusou-se a sair dali. – Grace – olhou-a juntando as sobrancelhas e colocou-se à frente dela agarrando-a ao colo. A rapariga rapidamente se agarrou instintivamente ao corpo quente - aliás, que fervia - de Rafael. Ele fez uma ligeiramente careta, mas não falou nem tentou fazê-lo enquanto andava até à fazenda de Kate. Rafael andou durante uma hora, sem parar, a fazenda ainda ficava longe da cidade apesar do seu passo rápido e urgente devido ao ferimento da rapariga.
Quando ele a deitou no sofá, Grace começou a ficar mais pálida e com os olhos esbranquiçados, Rafael teve que gritar pela ajuda de Kate, porque não ia conseguir cuidar dela.
-O que é que se passa? – Kate entrou de robe na sala – O que é que aconteceu? – perguntou a Rafael quando começou a adivinhar.
-Conseguiram entrar na cidade – respondeu ele obedientemente. Kate suspirou preocupada e foi ter com a neta, ia ser difícil para ela perceber tudo isto. – Grace, tem calma, vais ficar bem. Trás as ervas – pediu ela a Rafael. Ele assentiu e foi até à cozinha, onde havia um armário destinado às ervas de Kate, ela era uma curandeira e na verdade, tudo o que ela fazia resultava. Enquanto crescia, uma das tarefas que a senhora incutia a Rafael era que ele reconhecesse as ervas que ela queria em ocasiões diferentes e agora, se ele não tivesse aprendido isso, Grace podia estar morta. Agarrou numas folhas de uma das árvores mais abundantes da floresta atrás da fazenda e correu para a sala passando-as à avó adotiva com um uma jarra de água. O ferimento era grave, mas havia piores, o seu caso não era extremo como muitos que já tinha visto.
-Vai-te embora agora Rafael, eu trato da minha neta. – Rafael fez uma pequena careta, mas não hesitou. Afastou-se da sala e subiu para o quarto. Estava a morrer de fome, mas também estava cansado, ir para a sua cama ia ser tão bom quanto uma gota de água no deserto. Anastácia estava no corredor, tinha dormido na fazenda porque não tinha estado tempo nenhum com Rafael, parou quando o viu e sorriu.
-O que é que aconteceu? – perguntou passando as mãos pelo seu peito até abraçar o seu pescoço e deu-lhe um pequeno beijo com um sorriso. Rafael abanou a cabeça para que ela esquecesse aquilo. Anastácia tinha aparecido na sua vida há pouco mais de um mês, não podia dizer que a amava, ele nunca sentia nada disso, mas era amigo dela e se podia ter noites e dias divertidos podia ser com ela.
-Esquece, não tens que ficar preocupada desnecessariamente.
-Mas eu quero saber – insistiu fazendo Rafael revirar os olhos.
-Eles conseguiram passar pela muralha, tanto interesse para quê Anastácia? Isto não pertence ao teu mundo – ele ficava sempre irritado quando ela insistia, por vezes ela exagerava, queria comportar-se como eles enquanto era apenas mais uma humana. Anastácia mordeu o lábio sorrindo levemente.
-Não te preocupes tenho a certeza que consegues cuidar disso – saltou para cima dele rindo-se baixinho, porém o rapaz pousou-a no chão abanando a cabeça e entrando no quarto.
-Eu ia sendo violada! – guinchou em plenos pulmões olhando para os lados. Grace estava aos berros no meio da sala, tinha sido curada pela avó e pelos vistos ainda não se tinha apercebido da realidade. Todos os que estavam em casa ainda dormiam, mas ela nem se reparou nesse pormenor. – Oh meu deus – levantou-se passando a mão pelo cabelo, o seu corpo ainda doía a cada passo, e tinha um ardor no ombro que estava tapado com uma ligadura fina e esverdeada – eles iam violar-me e matar-me – mais uma vez, invadida pelos gritos, Kate acordou e teve que descer as escadas, desta vez num passo mais lento. Se ela estava a gritar daquela maneira, era porque já estava quase bem. Sorriu ao vê-la em pé e colocou a mão no ombro bom, porém Grace arregalou os olhos e começou a chorar. – O que é que aconteceu avó? – perguntou confusa. Kate abraçou-a passando as mãos pelas costas da neta.
-Não se passou nada de grave, depois vamos falar, tenta descansar mais um pouco.
-Não, não, não – engoliu em seco e foi-se sentar respirando fundo algumas vezes para se acalmar, depois do pai ter morrido ataques de pânico não lhe faltavam e ela não queria entrar num agora. Queria perceber primeiro o que se tinha passado na realidade. – O Rafael – disse baixinho levando as mãos à boca – oh meu deus ele matou-os – nesse preciso momento Rafael apareceu na sala. Estava com um ar ensonado, com o cabelo ligeiramente despenteado e apenas de boxers. Ela apontou para ele enquanto tremelicava não ligando ao seu aspecto tremendamente sexy. – Vão descobrir-te Rafael.
Kate estava a olhar a neta e pela primeira vez ela não sabia bem o que fazer para a acalmar, apenas se sentou ao seu lado e abanou a cabeça preparando-se para falar calmamente.
-Uh, estou cheio de medo – abriu um pouco aqueles olhos pretos assustadores juntamente com um sorriso irónico, Grace em pânico, enfiou-se dentro das mantas que estavam no sofá.
-Cala-te Rafael – ralhou Kate e ele encolheu os ombros indo buscar um copo de água à cozinha. – Vais acalmar-te Grace e só quando isso acontecer é que te vamos contar a verdade – sorriu a velhinha beijando-lhe a testa. Grace fechou a boca para evitar um soluço e assentiu com a cabeça olhando para o chão. – Vou fazer-te um chá e vais dormir que nem um anjo. – Ela abriu a boca para reclamar e dizer que não conseguia dormir, mas queria mesmo saber o que tinha acontecido, por isso apenas se deitou à espera do chá.
Desculpem, está um bocado atrasado comparando com as horas que eu disse, mas eu percebi que o capitulo ainda não estava acabado e tive que o acabar num instantinho.
Hoje há capitulo por volta das seis ou das oito e vou ler tudo o que tenho a ler, prometo
beijinhos.
Foi horrível, não consegui acabar aquela porcaria -.-, há piores testes, sem dúvida, mas ele era grande, envolvia muito calculo e tinha muitos promenores. Se o nosso era assim, nem quero ver o do 12º ano, mas enfim eu safo-me. Sinceramente pensei que fosse pior, mas mesmo assim grande parte das pessoas estavam a chorar quando sairam das salas. Nem vale a pena pensar nisso. Já está feito é o que interessa.
Olá :)
omg será que é esta que eu vou conseguir seguir do...
devo dizer que com o frio que estou consigo imagin...
Gostei imenso! Aliás adorei!Devo dizer que fiquei ...
ahahahahhahahaAHAHAHHAAHHAHAHAHAHAHAH ele é tão se...