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Hidra 7 - Força e ingenuidade

Sexta-feira, 29.03.13

7ºCapítulo

Força e ingenuidade


                Ao sentir o sol aquecer-lhe a cara, Grace virou-se para o outro lado e sorriu um bocadinho ao ver Quint a dormir. Parecia um anjinho. Deu-lhe um beijo na bochecha e suspirou encostando-se a ele. Hoje a mãe vinha, só tinha passado uma semana desde que estava em Hidra, mas já parecia um ano. Na noite anterior, Grace não disse mais nada apesar das tentativas de Quint de a fazer falar, o pescoço ardia-lhe, mas ela escondeu-o com o cabelo e adormeceu de costas viradas para o loirinho, mas agarrada à sua mão. Não queria dormir sozinha depois do que tinha acontecido, não só com Anastácia, mas com tudo, e estava fora de questão pedir a mais alguém para dormir com ela.
                -Já estás acordada? – perguntou Quint que tinha despertado com os movimentos na cama. Grace assentiu de modo a que ele notasse, o que o fez dar-lhe festinhas no seu cabelo loiro. – O que é que aconteceu ontem Grace? Estás assustada? Fala comigo – Grace foi obrigada a olhar para ele, visto que este lhe segurava o rosto com a mão.
                -Eu estou bem, só precisava de companhia – disse num tom mais baixo, ela já não se reconhecia a si própria, tinha medo de tudo o que se mexia, até da sua própria sombra. Sabe-se lá se não é um monstro!
Quint não insistiu muito na conversa e deixou que ela se agarrasse a ele, até o rapaz voltar a adormecer e, por já não conseguir fazer o mesmo, Grace levantou-se com muito cuidado e foi até à cozinha onde estavam todos, incluindo Anastácia que estava com melhor aspecto, mas só olhava a comida. Mal a viu, voltou para trás embatendo contra o peito de Rafael. Ele olhou-a de lado e afastou-se, ia ignora-la no preciso momento em que viu o pescoço dela.
                -O que é isso? – perguntou ele agarrando-lhe no pulso e Grace já só se viu dentro da casa de banho, com o pescoço destapado, que agora ardia ainda mais pelas mãos de Rafael estarem tão perto. Ela gemeu de dor e fechou os olhos com força.
                -Foi a Anastácia – disse abrindo os olhos para o olhar – eu sei que não vais acreditar em mim, ela é a tua namorada, mas – quando deu por si já estava com as mãos a agarrar-lhe a camisola que trazia vestida – ela atacou-me ontem, ela é como os outros do bar, Rafael, acredita – abanou-o ligeiramente. O rapaz estava a olha-la com os olhos um pouco mais abertos que o normal, mas não se mexia.
                -Isso é impossível, se a Anastácia fosse um Humanóide eu… - parou para pensar durante uns segundos para depois assentir para si próprio – se ela fosse isso eu conseguia sentir.
                - Ela atacou-me, isto prova tudo – apontou para o pescoço – o Quint chegou no preciso momento, por isso é que eu estou viva. – Grace parecia tão apavorada que Rafael até chegou a reconsiderar, mas não conseguiu acreditar, por mais que quisesse não conseguia. Ele estava muitas vezes com ela, andava ali pela fazenda como se nada fosse, só se... não.
                -Eu trato-te disso – disse ele agarrando na caixa de primeiros socorros que estava no armário, sentou Grace em cima da sanita e começou a desinfectar a ferida com as folhas de Kate.- Isso já te passa, essas folhas são milagrosas para nós – voltou ao seu tom seco e virou costas para sair, para deixar a rapariga sozinha, mas acabou por não o fazer. – Anda comigo. Queres treinar não é? Então aprende comigo – agarrou-lhe na mão e começou a puxa-la para o campo de treinos, não lhe dando oportunidade de ficar quieta no seu sítio
                -Deixa-me Rafael, o meu treinador é o teu irmão e a minha mãe deve estar a chegar.
                -Que se lixe a tua mãe – agarrou numa catana para lhas passar para a sua mão. – Isso é uma catana, uma espécie de faca gigante que é mais usada para cortar arvoredo do que para matar, mas chega para te defenderes.
                -Eu só sou boa no arco – ripostou.
                -Não interessa, tens que te saber defender quando não estás com ele – agarrou  noutra catana e começou a ir na direcção dela.
                -Tu queres matar-me – disse ela afastando-se à medida que ele se aproximava.
                -Ataca-me Grace, não é a fugir que vais aprender. – Grace cerrou o maxilar enquanto o olhava e acabou por respirar fundo, parar de fugir e começar a golpeá-lo.
Rafael estava a perguntar-se a si próprio porque é que a estava a ensinar, ele achava-a fraca, incapaz de suportar tudo isto de uma só vez. Talvez pensasse isso, mas no fundo soubesse que dentro dela há uma guerreira, ela não era uma humana, pelo menos não uma humana normal, talvez fosse por causa disso. Ele não estava a levar aquela luta a sério, estava apenas a tentar ensina-la, mas chegou a um ponto em que Grace estava tão cansada e a suar por todos os lados que chegou a cair no chão completamente esgotada, e ele teve que ir ajuda-la a levantar-se. 
                -Todos os fortes são levados para o meio da batalha, todos os ingénuos são os primeiros a morrer – Grace estava a olhar para os seus olhos grandes e pretos, estava a tentar tirar algum sentimento que vivesse nele e ao mesmo tempo a tentar perceber o que ela queria dizer com aquilo. – tu és as duas coisas Grace, tenta não ser morta. – mandou a catana que tinha na mão para o monte e começou a subir as escadas, deixando a rapariga sozinha dentro do campo de treinos. Então era assim? Ele ensinava-a uns truques quaisquer em duas horitas e depois dizia que ela era forte, mas ingénua? E que ia acabar morta por isso?
Grace suspirou passando as mãos pelo cabelo e estava quase a recompor-se para subir as escadas quando Kate apareceu.
                - A tua mãe chegou, o que é que estás aqui a fazer? Devias estar no teu quarto – disse a senhora preocupada – não me faças chatear com a Marge querida, tu sabes como ela é. – Grace estava tão cansada que apenas assentiu dando um pequeno beijo a avó.
                -Diz-lhe só que vou tomar banho – sorriu-lhe um bocadinho e foi até ao seu quarto, tomando um duche rápido para não fazer a mãe esperar. Decidiu vestir apenas uma roupa mais velha e uns chinelos de enfiar no dedo, e assim que desceu todos ficaram de boca aberta.
                -Porque é que estás assim vestida? – perguntou Marge indo na direcção da filha para lhe dar um beijo. Grace olhou a mãe depois de retribuir o seu beijo na bochecha e encolheu os ombros.
                -Não te irrites com a avó, eu fui atacada logo depois de me teres deixado aqui.- disse ela decidindo não parar antes que fosse interrompida – ela não teve escolha senão contar-me tudo. Quando é que me ias dizer mãe? – perguntou cruzando os braços – sempre fui mais forte que todas as outras em todos os sentidos, mas pensava que era apenas sorte, afinal é uma maldição.
                 -Cala-te – ela esperava ter ouvido aquilo de Marge, mas esta estava demasiado apática para falar, quem o fez foi Rafael, que estava num canto, encostado à parede a olha-la – não é uma maldição, proteges o Mundo se fizeres alguma coisa, proteges os teus amigos humanos, não é nenhuma maldição, não fales de uma coisa que nunca experimentaste – desencostou-se da parede olhando-a por mais uns segundos à espera de uma reacção, mas como não aconteceu nada, apenas saiu. Quint estava calado a olhar para a mesa, tinha uma expressão triste e desiludida no rosto, talvez se tivessem sentido ofendidos.
                -Eu queria proteger-te – foi a vez de Marge falar, ao contrário do que todos pensavam, ela não estava furiosa, estava até triste – uma vez foste atacada – afastou-lhe a camisola na zona do ombro, fazendo Grace afastar-se, mas a sua ferida já não existia – eras muito pequena, não te lembras de nada, mas choraste tanto Grace, tanto. – abanou a cabeça mostrando-lhe uma cicatriz – aí eu percebi que não pertencias a este lugar, merecias ser normal, brincavas tanto com as outras crianças que não eram iguais a ti, eras feliz.
                -Fizeste a escolha errada – nem Grace pensou que a sua voz lhe saísse tão dura – graças a ti, já não me conheço. Criaste uma pessoa que nunca existiu – Kate e Marge abriram a boca para falar, mas nada disseram enquanto ela subia as escadas. Precisava de espaço para pôr a cabeça em ordem. Marge decidiu ir embora, nem discutir com a mãe, até lhe agradeceu por tomar conta dela, disse que ia ficar por Hidra, mas que não queria estar na fazenda, isso só ia fazer pior a Grace.

 

  No próximo capitulo:

 

                 -O que se passa? – perguntou sentando-se na sua cama. Quint cerrou o maxilar e virou a cara para olhar para a janela – Quint?
                -Eu não sou bom o suficiente? 

(...)

 

                -Leva o teu arco – disse o loiro saindo à pressa do quarto dela. Grace foi buscar o arco que lhe tinham dado e desceu até onde estavam todos.
                -Algo que passa no Concelho. – informou Susie que olhava muito atentamente para o telemóvel. - Estão todos escondidos nas caves de segurança e não conseguem sair, estão encurralados e precisam de ajuda.

 (...)

Dois dias depois

 

A ferida de Rafael não sarava, pelo cheiro e o aspecto Grace até podia dizer que aquilo estava a ficar podre. É mesmo essa a expressão, podre. Nos dois dias que tinham passado juntos Rafael não se tinha mexido muito, Grace tentava falar com ele, mas ele continuava a mesma pessoa rude e otária para ela.  

 

 

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Soon

Sexta-feira, 29.03.13

              Não acredito que esteja muita gente por aqui a esta hora, mas não faz mal. Vou postar um capítulo daqui a pouco. Quem ler que comente por favor.

 

Adoro-vos.

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