Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]



Mais sobre mim

foto do autor


Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

calendário

Novembro 2012

D S T Q Q S S
123
45678910
11121314151617
18192021222324
252627282930


Pesquisar

 


The one - 3

Quarta-feira, 14.11.12


The one - 3 
" Sorri, és uma espécie procurada"

Becky -esquerda- e Marie - direita-



Mason estava ao meu lado a agarrar-me a mão com os olhos vermelhos, Jack estava do meu outro lado, apenas a olhar para as suas mãos enquanto Marie chorava mais do que eu, andando de um lado para o outro. O pai dela era detective, também estava lá, mas não veio falar connosco apenas ligou à mulher e fechou-se com outros no quarto da minha mãe.

-Estás bem? - perguntou Mason. Mordi o lábio para não responder mal e apenas assenti com a cabeça.

Já tinha falado com os detectives, a morte do meu pai já estava a ser investigada porque tinha sido estranha demais, pelo menos sendo ele quem é. Apesar disso, Garrison James, o pai de Marie James e de Mason James era muito amigo dele e ele próprio tinha dito à minha mãe que não ia descansar enquanto não soubesse o que se tinha realmente passado.

Não me deixavam entrar no quarto para estar com ela. Eu também não sabia se queria mesmo, estava demasiado chateada com tudo. Já tinha perdido o meu pai, os meus avós, porque é que agora tinha que ficar sozinha? Eu nem irmão mais velho tinha para cuidar de mim e sentia-me cada vez mais necessitada em relação a isso. Apesar de ter amigos, que agora me apoiavam, era como se não estivesse. Só esperava não estar a ser ingrata com eles, não queria mesmo magoa-los e perde-los também.

Limpei a cara novamente e cerrei o maxilar para parar de chorar, olhei Marie que agora estava sentada à minha frente, em cima da minha mesa de centro inclinada para mim. Se ela parecia uma lástima, eu não queria sequer imaginar como é que eu estava. Já tinha ido horrível para o bar para encontrar Jack e agora que ele estava mesmo ao meu lado estava cada vez pior. Que bela imagem com que ele ficava de mim.

-A minha mãe está a vir, vais ficar connosco, não quero que fiques aqui, ainda por cima com esta gente toda não vais conseguir descansar. - Abanei a cabeça porque queria ficar. - Não discutas comigo Becca, está decidido por  mim e pela minha mãe, aliás por todos – disse com um tom persistente seguido de um suspiro. Eu decidi que não queria discutir com ela, eu era casmurra, mas ela também e agora não me sentia em condições para ser também.
Jackson levantou-se e Marie olhou-o levantando-se depois também.

-É melhor eu ir embora, falamos amanhã. - deu-lhe um beijinho leve nos lábios, fazendo-me desviar o olhar, e um na minha testa. - Não estás sozinha Becky  - sorriu-me. Eu assenti e vi-o a ir embora. Ele percebia-me. Eu sabia que sim. Ele sempre tinha sido um menino da mamã, mas infelizmente ela tinha morrido cedo demais, ainda não sabia porquê e ele também não falava do assunto, mas ela tinha ficado muito doente quase de um momento para o outro, ou então talvez tenha sido a minha mentalidade de criança que não sabia ainda diferenciar o tempo. Enfim, ele era órfão de mãe e praticamente de pai, porque esse só lhe dava comida e dinheiro, mais nada. Ele só tinha doze anos, talvez a situação dele tenha disso pior que a minha. Não sei. Nessa altura eu ainda falava com ele, éramos super amigos, mas depois decidi-me afastar visto que decidiu deixar de ser querido para ser um parvo que andava atrás de todos os rabos de saias que lhe apareciam à frente. As hormonas fazem disto. Talvez eu sempre tenha gostado dele, não sei bem, era demasiado criança para distinguir se havia amor ou não.

Entretanto a mãe de Mason e Marie chegou, levantei-me recebendo um abraço dela. Anne estava tal e qual a filha. O cabelo loiro dela estava todo desengaçado e os olhos castanhos como de Marie deitavam lágrimas a todos os segundos. Sentia-me estranha, não conseguia estar como elas, quando tinha sido com o meu pai, só chorava e soluçava pelos cantos, mas agora não. Acho que estava a sentir-me mais irritada e injustiçada do que outra coisa.
No caminho fomos todos calados e ainda bem, não queria falar. Em casa, deram-me roupa mais confortável, mas não mais quente que a minha, um chá e um comprimido para eu dormir. Marie deitou-se na sua cama com um suspiro e deu-me uma almofada para eu me deitar ao seu lado, assim o fiz encostando-me a ela. Ela estava tão cansada que nem teve tempo de dizer nada, mas eu não consegui dormir, nem mesmo com o efeito dos compridos ou quando fechei os olhos.


Sem eu reparar passaram-se dois dias, o fim-de-semana tinha acabado e tinha que passar por uma nova e tortuosa semana. Não queria, mas tinha que ser precisava de passar este ano a todo o custo e ele já ia a meio. No início do primeiro período tinha morrido o meu pai e as minhas notas tinham descido a pique, agora estavam mais ou menos ao mesmo nível que o ano passado, mas tinha medo que acontecesse o mesmo.

-Estás acordada Becca? -  ouvi Marie quando acordou sentindo a cama mexer-se. Abri os olhos para ver não só ela, mas também Mason. Os comprimidos que Anne James me dava não me ajudavam de todo a dormir, deixavam-me atordoada e dormente, não conseguia pensar muito e detestava sentir-me assim, fazia-me lembrar de como a minha mãe ficava com os antidepressivos, mas ela dormia, eu não.

-Sim? - perguntei olhando-os com os olhos novamente meio fechados.

-A minha mãe está a chamar-nos para tomar o pequeno-almoço, tu não vais à escola pois não? - perguntou-me Mason baixinho porque pensava que eu estava quase a adormecer outra vez, coisa que não ia acontecer.

-Claro que vou - disse sentando-me e passei as mãos pelos olhos e cabelos puxando-os para trás - Tenho-me que ocupar - eu não podia ir a baixo porque se fosse, acabava como ela, ela já andava mais morta do que viva. A verdade, é que preferia matar a pessoa que tinha feito tudo isto a ir a baixo, mas primeiro tinha que saber porquê. Aos jantares, Garrison tinha falado um pouco sobre o caso, ele acreditava que havia uma interligação e que não tinha sido apenas um mero assalto. Não tinham levado nada, apenas a tinha morto, por isso sim, eu acreditava.

-Estás bem? - Marie voltou a fazer a mesma pergunta de sempre e eu já estava pelos cabelos com isso. Já antes tinha sido a mesma coisa, todos os dias a mesma pergunta.

-Parem de me perguntar isso, não tenho motivos para estar, claro que não estou bem! - engoli em seco quando a vi baixar o olhar e Mason a suspirar. Não os queria magoar e sentia que quanto mais abria a boca pior fazia.

-Pronto, vem tomar o pequeno-almoço connosco- disse ele levantando-se e indo até à porta. O telemóvel de Marie tocou e ela atendeu saindo do quarto. Fui até à casa de banho e vesti uma roupa de Marie, por acaso isso agradava-me, eu gostava da minha roupa, mas tinha perdido o apetite de ir às compras. Vestir roupa que usualmente não vestia agradava-me.

Quando estava pronta Mason deu-me a mão e descemos juntos até à sala de jantar, onde estava a sua família, menos Margaret a irmãzinha mais nova, que estava doente e provavelmente dormia no seu quarto.  A empregada colocou um prato a mais para mim e serviu-me.

-Eu não sou incapaz, obrigada - sorri-lhe tentando não ser mal-educada, ela pareceu perceber-me e afastou-se. Comecei a servir-me com leite e cereais comendo um pouco enquanto sentia todos os olhares presos em mim.

-Já descobriram alguma pista? – todos os dias perguntava isto a Garrison, Anne teve que se levantar pedindo desculpas visto que tinha uma emergência no hospital.

-Não – suspirou – a polícia não acredita que haja ligação entre as duas mortes e não nos deixa vasculhar a casa. E como tu és menor, não te posso pedir isso, eles iam desprezar uma assinatura de uma menor.

-Até a da órfã? – perguntei mordendo o lábio, detestava dizer aquilo, mas era verdade, eu estava órfã.

-Sim, lamento Rebecca – abanei a cabeça com um suspiro.

Marie, que entretanto já estava na mesa ouviu a porta e desatou a correr para ela, aparecendo mais tarde com Jackson. Uau.. ele já ia a casa e tudo. Talvez Marie estivesse errada e ele gostasse mesmo dela, era um sentimento horrível porque ela era a minha melhor amiga, mas eu detestava vê-los juntos, tinha um inveja enorme.

-Também vais? - perguntou meio admirado por me ver ali. Marie olhou para o pai que analisava o rapaz.

-Este é o Jack – disse mordendo o lábio apertando o braço dele. Olhei para os cereais que ainda tinha na taça.

-Bom dia – disse ele, Garrinson levantou o queixo como se o cumprimentasse e recomeçou a comer com um olhar crítico sobre ele.

-Vou - disse apenas quando todos se calaram. Levantei-me indo ao quarto de Marie buscar umas folhas e uma mala dela, já que tinha as minhas coisas em casa e ainda não tinha lá ido. Coloquei a mala ao ombro e fui ter com eles, que já estavam todos à minha espera.

Não consegui evitar um suspiro quando lá cheguei, não tinha muita paciência para aturar certos comentários que já tinha deixado de ouvir há pouco tempo. Quando o escândalo da morte de meu pai cessou tinha sido um alívio.  Senti um braço por cima dos meus ombros e não me afastei por saber que era Mason, pelo contrário até sorri um bocado dando-lhe um beijo na bochecha.

A coisa boa na casa dos irmãos era que podíamos ir a pé para a escola, eu gostava, detestava andar de metro em New York, preferia gastar balúrdios em táxis para ir só para a escola. O meu pai é que me tinha habituado mal, ele ia sempre levar-me e quando não conseguia chamava um táxi, porque tinha medo que me acontecesse alguma coisa.
O liceu onde eu andava era o melhor, mas apenas em qualidade de professores e instalações, porque as pessoas eram mesquinhas, adoravam criar problemas a outros para serem conhecidas, ou para ficarem bem vistas no meio da sujidade delas. Mason tinha tido vários problemas no primeiro ano dele, ele e Marie não eram muito conhecidos na zona e tudo levava a olhares maldosos. Comigo nunca ninguém se tinha metido, todos sabiam que não valia a pena, eu acho que eles até tinham pena. Eu não sou uma pessoa mesquinha, mas sou conhecida, talvez mais do que gostaria ser. Não é que não gostasse, pelo contrário, é giro andar pela escola e saber que todas as pessoas me conhecem. Mas, por outro lado, toda a gente sabe da minha vida, às vezes até sabem de coisas sobre mim que nem eu própria sei. 

Ao entrar no edifício principal não baixei o olhar como tinha feito quando entrei pela primeira vez depois do meu pai ter morrido. Senti todos a olharem para mim e algumas pessoas comentavam coisas, eu conseguia ouvir e perceber, era como se já tivesse prática.

-Que aula vais ter? - perguntou Mason tocando nas minhas bochechas, ele sempre tinha gostado de fazer aquilo, eu sempre tive bochechas ‘fofinhas’ como ele dizia.

-Vai ter Inglês comigo - disse Jack antes que eu respondesse. Mason ficou a olhar para ele e  Marie foi ao cacifo, fui atrás dela buscar as minhas coisas que eu deixava sempre lá. Quando tocou, Mason foi para o lado contrário mais a irmã e Jack foi ao meu lado sorrindo-me, quando o olhei, forcei-me a fazer o mesmo. Apesar de não estar no meu melhor, ainda conseguia sentir o meu coração bater muito rápido fazendo-me respirar irregularmente. Ele conseguia mesmo mexer comigo, só por causa disso apetecia-me bater-lhe.

-Porque é que de ti recebo só sorrisos forçados? - fez uma cara rabugenta juntamente com um olhar desiludido a fingir, o que me fez revirar os olhos com um sorriso mais genuíno. - Assim gosto - riu-se - como é que estás? - perguntou-me. Tinha a voz entalada na minha garganta, nunca pensei em voltar a falar com ele depois de cinco anos. Mordi a parte de dentro do lábio, pelo menos a pergunta dele tinha sido diferente, ele sabia que eu não estava bem. Apenas encolhi os ombros e ao entrar na sala de aula ele passou as mãos pelos mesmos. Fui sentar-me na minha mesa e para meu espanto ele veio para o meu lado.
As pessoas começaram a chegar e a olhar-me.

-Coitada, mais valia não aparecer. Se eu fosse a ela não saia de casa, aposto que a família está amaldiçoada ou coisa do género – estava a olhar para Jack quando ouvi o comentário e vi-o a revirar os olhos, percebendo que ele também tinha ouvido. Tinha sido Drew, era um parvo que tinha vindo apenas à um ano para New York, vinha de uma terra Longínqua que nem eu sabia bem onde era e acreditava em tudo o que era fantasmas e suprestições, mas isso não queria dizer que não fosse giro. Era entroncado e tinha uns olhos fenomenais.

Olhei para os meus livros e abri-o sentindo depois um toque na minha bochecha. Toda a gente as adorava, só podia.

-Sabias que os ruivos estão em vias de extinção? – ouvi Jack a falar baixinho na minha direcção quando todos se calaram por causa do professor. Olhei-o com uma expressão curiosa. – Sorri, és uma espécie procurada – riu-se tocando-me no cabelo ruivo.




Este não é dos melhores capítulos, veio mais cedo porque hoje, felizmente houve greve geral.

Acho que já decidi, não vou usar sobrenatural e se por acaso isso acontecer, foi porque tive uma panca qualquer. 


Obrigada pelos comentários, estão a ser todos muito bons ^^ e sinceramente pensava que ia demorar até atingir mais do que dois ou três.

Não sei quando vou fazer o próximo capítulo, mas ele aparece para esta ou para a próxima semana.

 

Beijinhos e obrigada.


Ah! e vão continuando a dizer as vossas teams aahahhahaha 

Autoria e outros dados (tags, etc)

Tags:

por Cate J. às 10:03

21 comentários

De Liza a 14.11.2012 às 21:16

querida, peço desculpa mas essa reserva já foi reservada e como tal não poderá ser reservada novamente :\

Comentar post



Comentários recentes

  • Helena Pinto

    Olá :)

  • Andrusca ღ

    omg será que é esta que eu vou conseguir seguir do...

  • i.

    devo dizer que com o frio que estou consigo imagin...

  • twilight_pr

    Gostei imenso! Aliás adorei!Devo dizer que fiquei ...

  • Joanna

    ahahahahhahahaAHAHAHHAAHHAHAHAHAHAHAH ele é tão se...



Posts mais comentados